A importância da Igualdade de Oportunidades entre Homens e Mulheres

Filomena Rosa é a atual Presidente do Conselho Diretivo do IRN - Instituto dos Registos e do Notariado e, em entrevista à Revista Pontos de Vista, abordou como é liderar esta instituição e a sua visão sobre os desafios que existem diariamente pelo facto de ser Mulher, assegurando que atualmente a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres ainda não é uma realidade em Portugal.

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Como já mencionado, a Filomena Rosa é a atual Presidente do IRN. Tendo um percurso vasto e um portefólio ainda maior de conhecimento, que mais-valias este cargo de extrema importância trouxe à sua vida profissional?
A função de Presidente do Conselho Diretivo do IRN proporciona uma maior partilha de conhecimentos entre entidades, dentro e fora de Portugal, partilha essa, promotora de um enriquecimento pessoal e, consequentemente, de um fortalecimento profissional, que se afigura crucial num cargo com responsabilidades ao nível do desenho e desenvolvimento de Políticas Públicas. Por outro lado, é de salientar o impacto que a situação social e de saúde pública vivida em Portugal nos últimos anos surtiu na procura e criação de soluções inovadoras para os serviços prestados ao cidadão e às empresas, na área dos registos. Com a entrada e execução do PRR, outro marco histórico na nossa sociedade, daremos continuidade ao avanço tecnológico já alcançado e consolidaremos o crescimento tão almejado. Espero assim que o IRN possa continuar a contribuir fortemente para a realização da Justiça e para a construção da Sociedade que todos queremos: mais humana, mais inclusiva e com maior igualdade entre todos os cidadãos.

Fazendo uma retrospetiva ao caminho imenso que já traçou, considera que a liderança que hoje desenvolve com agilidade, é algo com que sempre ambicionou e inerente à sua personalidade?
Este cargo, que exerço com muito orgulho, foi um desafio que abracei com espírito de missão. Sendo conservadora, a possibilidade de influir no futuro dos registos foi a motivação que me moveu desde o primeiro momento, acreditando que posso beneficiar da minha experiência pessoal da prática das conservatórias. Não considero que seja inerente à minha personalidade. Entendo que a capacidade de liderança, atenta a complexidade e responsabilidade inerentes ao cargo que ocupo, tem sido uma aprendizagem desenvolvida diariamente na relação com os outros.

Gostaríamos de a conhecer melhor. Como se descreve enquanto pessoa, mulher e profissional e que meta/marca, nestas três vertentes, ainda espera cumprir/deixar?
Considero-me uma pessoa íntegra, uma mulher que defende a flexibilidade e o equilíbrio na conciliação entre a vida pessoal, familiar e profissional e que pontua a sua prática profissional com tolerância, resiliência e transparência. Enquanto cidadã, mulher e profissional tenho como desiderato contribuir para o desenvolvimento de uma sociedade assente nos valores da vida, justiça, liberdade e segurança.

A Filomena Rosa é um exemplo de que a liderança nada tem a ver com género, mas sim com profissionalismo. Neste sentido, durante o seu percurso, considera que surgiram desafios maiores pelo facto de ser mulher? Acredita que a igualdade de géneros/oportunidades ainda não é uma realidade?
Sim, surgiram desafios maiores pelo facto de ser mulher, sobretudo atendendo à particularidade de a área jurídica ser historicamente marcada pelo masculino e só recentemente terem sido incluídas na gestão de recursos humanos medidas que favorecem a conciliação da vida pessoal, familiar e profissional, indispensáveis para a participação das mulheres de forma mais equilibrada em todas as esferas das suas vidas. Por outro lado, a igualdade no mundo do trabalho depende muito do equilíbrio na vida familiar. Neste campo considero que tive a sorte de encontrar alguém que compreende essa necessidade, permitindo-me encarar este desafio profissional sem ter de assumir, ao mesmo tempo, como muitas mulheres, uma maior responsabilidade na família. A igualdade de oportunidades entre homens e mulheres ainda não é uma realidade em Portugal, o que se expressa na baixa representatividade das mulheres em lugares de gestão ou liderança e, por exemplo, na necessidade de definir um dispositivo legal como é o caso das quotas na Assembleia da República ou nos Conselhos de Administração que, através da discriminação positiva, procura reestabelecer a longo prazo uma paridade, até agora inexistente. O IRN é um organismo marcado pela ação no feminino; 80% dos nossos trabalhadores são mulheres e 60% destas têm habilitações académicas iguais ou superiores ao 12º ano de escolaridade.

Para terminar, que mensagem gostaria de deixar a todas as mulheres que, tal como a Filomena Rosa pretendem traçar um caminho de sucesso?
A tomada de decisão, que se reflete em escolhas efetuadas ao longo da nossa vida, deve ser efetuada com seriedade, consciência e empenho, tendo por base a premissa de que é sempre possível recomeçar e fazer melhor. E esta mensagem é válida tanto para mulheres como para homens.

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Revista Pontos de Vista Edição 129

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