O Supremo Tribunal dos Estados Unidos revogou a decisão histórica que há 50 anos legalizou a interrupção voluntária da gravidez. Como analisa esta alteração?
Esta decisão sobre a interrupção voluntária da gravidez é claramente um retrocesso no direito das mulheres e uma afronta ao seu direito de decisão sobre o seu próprio corpo e vida. Os EUA sempre foram um país controverso e dividido em diversas temáticas, maioritariamente políticas e religiosas ou militares, no entanto, penso que esta decisão não pode deixar ninguém indiferente por se tratar de uma questão humanitária. É importante perceber que não está apenas uma vida em “jogo” quando se revoga esta decisão com mais de 50 anos, e que esta batalha por um direito imprescindível tem de ser do mundo e não apenas das mulheres dos EUA.
Acredita que esta restrição ao aborto terá impacto no mundo? De que forma?
Sim, penso que vai ter um impacto no mundo. Infelizmente os EUA têm a vertente de se tornarem um mau exemplo para outros países, não só no que toca a decisões políticas, mas também na vertente do aumento do ódio contra forças de segurança ou até mesmo racismo. É importante haver uma sensibilização para a temática do aborto, não só para que esta decisão não se espalhe para outros países, mas também para que se possa alterar o rumo dos EUA relativamente a este tema.