“Cada vez mais temos de nos adaptar à Mudança”

Em conversa com a Revista Pontos de vista esteve Paula Rocha, CEO e Partner da Global Eco – uma marca que, em tudo o que desenvolve, coloca a sustentabilidade no topo das suas prioridades. É precisamente sobre este tema que, segundo a nossa entrevistada, deveria “ser inquietação de muitos e interesse de todos”, e sobre a pessoa, mulher e profissional que é, que se seguem as próximas linhas.

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Edificada em 2020, a Global Eco é uma empresa onde a sustentabilidade impera. Sendo CEO e Partner da mesma, com que missão nasceu esta marca no mercado? Que lacunas pretendia, à época, colmatar?
A Global Eco é uma marca da Naturauta, uma empesa que conta já com 20 anos de existência e que desenvolve a sua ação na área do ambiente e do ordenamento do território. Com a Agenda 2030 e a definição dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, sentimos a necessidade de fornecer uma resposta mais direcionada para as questões da sustentabilidade, apoiando as Organizações a integrar estes critérios no seu ADN, de forma a contribuírem para um futuro ambiental, social e economicamente mais sustentável

A Global Eco afirma que o processo pode parecer complexo, mas em colaboração com os seus parceiros, ajuda os clientes a colocarem a sustentabilidade no centro dos seus negócios. Para melhor entender, de que forma o faz?
A sustentabilidade de qualquer organização não deverá ser uma meta em si mesma, mas sim um processo contínuo e evolutivo que permita obter mais-valias ambientais, económicas e sociais, impactando positivamente, não só a própria Organização, mas toda a comunidade onde a mesma se insere e opera. Na Global Eco, preocupamo-nos mais com o percurso do que propriamente com a meta. Integrar os processos e procedimentos na cultura e operação de uma Organização, com vista à obtenção destas mais-valias, requer um conhecimento dos seus ativos e da forma de atuação no mercado, para melhor perceção das áreas onde podemos intervir e apoiar. O nosso objetivo é que os nossos parceiros consigam medir o resultado da incorporação de medidas e procedimentos que conduzam a uma ação mais sustentável e de menor impacte ambiental. Por esta razão lhes chamamos parceiros e não clientes, já que este é um trabalho conjunto, em que caminhamos lado a lado, e com um objetivo comum.

Além disso, acredita que a transformação deve ser feita dentro de cada organização, começando pelo reforço de consciencialização de cada um dos seus colaboradores. Quais as vantagens da incorporação dos valores da sustentabilidade nas empresas, bem como a agregação dos critérios ESG nas suas práticas?
Sem dúvida nenhuma! Se os colaboradores não estiverem conscientes destes critérios nem se reverem nos mesmos, integrando-os individual e coletivamente, dificilmente uma Organização consegue avançar neste processo de forma coerente, inclusiva e responsável.

A questão ambiental sempre esteve presente na vida da Paula Rocha, nomeadamente na fase de licenciatura e mestrado. Quais os motivos que alavancaram este interesse e, no fundo, inquietação, com o meio ambiente?
As questões em matéria de ambiente e sustentabilidade, num planeta tal como o vivemos hoje, quando ocorrem catástrofes ambientais cada vez mais drásticas e mais frequentes e onde os problemas sociais são cada vez mais evidentes numa economia também ela mais volátil, deveria ser inquietação de muitos e interesse de todos!

É legítimo afirmar que, observando a sua história, é uma pessoa, mulher e profissional com propósitos, na sociedade e no mundo. Nestas três vertentes, qual acredita que é a sua missão?
Nas três! Como pessoa, mulher e profissional, a minha missão é a mesma: fazer o melhor que está ao meu alcance, de forma a deixar uma marca positiva ao longo do meu percurso.

De uma forma direta, é também um exemplo de liderança feminina, num universo onde o tema da desigualdade de oportunidades ainda é uma questão. Tendo a sua posição determinada enquanto mulher líder e responsável pela Global Eco, como encara esta problemática atualmente?
Eu creio que, hoje em dia, estas desigualdades já não são tão expressivas. De facto, cada vez mais assistimos, não só a organizações lideradas por mulheres, mas também um aumento de profissionais do sexo feminino nos cargos de chefia intermédios. No entanto, preocupa-me mais que estas desigualdades de oportunidades ainda sejam encaradas em termos de género, ao invés de analisadas em termos de mérito. Os cargos são pessoas, e as pessoas que os ocupam deverão fazê-lo pelas suas capacidades profissionais (e pessoais) e não pelo género.

Perspetivas e experiências distintas servem para formar um reportório amplo, plural e rico, preparado para responder melhor a questões, das mais simples às mais complexas. Será a diversidade, hoje em dia, encarada como uma vantagem competitiva? Qual a sua perspetiva?
Sem dúvida nenhuma, e esse é um critério muito presente na minha atividade profissional. Da maior diversidade de opiniões, experiências, vivências, maior a capacidade de dar resposta a uma sociedade cada vez mais exigente, plural e diversa. Cada vez mais temos de nos adaptar à mudança, sermos flexíveis e resilientes de forma a nos adaptarmos facilmente às rápidas transformações à nossa volta.

Para terminar, tendo um testemunho importante, que mensagem gostaria de deixar às (muitas) mulheres que, tal como a Paula Rocha, ambicionam uma carreira de sucesso?
Na verdade, não sei qual o significado de uma carreira de sucesso, mas a mensagem que posso deixar é a que sempre me inspira a mim: trabalhem com paixão, aprendam todos os dias e desfrutem da viagem.