A Visão de uma Mulher Notária

“Desde que percebi que o meu caminho passaria pelo Notariado, ter um projeto meu sempre foi um dos grandes objetivos”, revela Débora Torres, Notária do Cartório Notarial de Matosinhos, em entrevista à Revista Pontos de Vista, onde ficamos a conhecer a Profissional e a Mulher e como a mesma vê a profissão de Notária por um olhar feminino.

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Gostaríamos de começar por conhecer um pouco da sua história enquanto pessoa, mulher e profissional. Nestas três vertentes, quem é Débora Torres?
Débora Torres é uma pessoa extremamente focada, determinada e que busca atingir todas as metas a que se propõe, não medindo esforços para tal. Que demonstra empatia, fé e amor em tudo o que faz. E estas características são transversais à Débora pessoa, mulher e profissional.

Sendo licenciada em Direito, atualmente ocupa a posição de Notária no Cartório Notarial de Matosinhos, do qual é fundadora. No que difere esta marca no mercado?
Não posso dizer do que a minha marca difere das outras no mercado, mas posso referir quais os pilares basilares em que assenta: Profissionalismo, Seriedade, Idoneidade e Imparcialidade.

A verdade é que a Débora Torres é hoje uma mulher líder e, por isso, um exemplo na sociedade. Ter um projeto seu foi desde sempre uma ambição? O que é que o Cartório Notarial de Matosinhos representa?
Desde que percebi que o meu caminho passaria pelo Notariado, ter um projeto meu sempre foi um dos grandes objetivos.
O Cartório Notarial de Matosinhos representa a concretização de um sonho. É o resultado materializável do esforço de anos, de muitas concessões em prol de horas de estudo e trabalho árduo.
Da busca constante entre um equilíbrio, muitas vezes difícil de alcançar, entre a vida profissional, pessoal e social.

Apesar de ainda vivermos numa época onde se questiona a igualdade de oportunidades, são cada vez mais as mulheres em cargos de liderança. No que diz respeito à sua profissão, sabemos que no passado a maioria era ocupada pelo setor masculino. Considera que atualmente esta área começa a ganhar mais ênfase no seio das mulheres em Portugal?
Sem dúvida! Não tivesse sido a primeira Notária na Europa, uma portuguesa e a realidade é que, neste momento, apenas cerca de um quarto das licenças para instalação de cartório notarial existentes, a nível nacional, estão ocupadas por homens como Notários. Para tal, penso que tem contribuído, haver cada vez menos homens, a enveredar pela licenciatura de Direito, sendo este um requisito essencial para uma pessoa se tornar Notária.

As mulheres modernas – e, neste caso, que atuam no setor Notarial – inspiram outras a progredirem na carreira e acreditarem nas suas capacidades, ao mesmo tempo que contribuem para que as jovens escolham o seu caminho profissional sem impedimentos. Acredita que é exatamente por isso que o setor tem vindo a crescer? Fruto da preponderância das mulheres da área?
Acredito que, independentemente do género, a todos os projetos que abraçamos na vida, nos devemos entregar por inteiro, com garra e não querendo “romantizar” a questão, com paixão.
E a bravura, a destreza, a seriedade, a coragem, o espírito de abnegação em prol do interesse público, que tantas vezes este trabalho nos exige, bem como o esforço mental, tem, certamente, servido de inspiração a tantas outras mulheres que decidiram abraçar a profissão e almejam fazer a diferença na nossa sociedade.

Neste sentido, que mensagem/conselho daria a todas as mulheres que se estão a iniciar no mercado e, em particular neste setor?
Primeiro, o caminho não será fácil. Exigirá muita dedicação, disciplina, trabalho árduo, paciência e um comprometimento profundo da nossa parte.
A ansiedade baterá à porta mais vezes do que gostaríamos, mas também faz parte e para lidar com esta é importante que nos esforcemos a ver o lado positivo das situações, a ver o “copo meio cheio”.
No entanto, mesmo que pareça difícil e desafiante, o segredo é manter os “olhos fixos no prémio” e se a mais leve dúvida assombrar a transparência da nossa atuação, abstermo-nos!

Para terminar, o que é que para a Débora Torres, a nível pessoal e profissional, falta concretizar? Que marca gostaria de deixar no mundo?
Profissionalmente, o que pretendo alcançar, a curto prazo, é ser titular de uma licença de cartório notarial, a título definitivo, o que ainda não aconteceu, visto que estou a exercer em Matosinhos, em regime de substituição.
Além disso, os meus objetivos passavam por lecionar cadeiras relacionadas com o Notariado, o que já faço no Instituto Superior de Ciências Empresariais e do Turismo, no Porto, há cerca de cinco anos. Talvez só me falte mesmo poder fazê-lo na faculdade que me viu “nascer” como jurista, a FDUP.
Pessoalmente, continuar a dedicar-me com o mesmo fervor a serviço voluntário que me permita ajudar o próximo. Que sem dúvida, é o “trabalho” que mais prazer me dá.
A marca que gostaria de deixar no mundo… a de que as minhas ações sempre falaram mais alto que as minhas palavras.
E que se referissem a mim como uma pessoa pacificadora, pois tal como consta do décimo mandamento do Decálogo do Notário, devemos sempre recordar que a nossa “missão é evitar a disputa entre os homens”. E que este modo de vida seja perpetuado com distinção pela minha prole, é o que espero!