“O Planeamento é crucial na Gestão dos Recursos Financeiros”

À conversa com a Revista Pontos de Vista esteve Ricardo Costa Oliveira. Enquanto Intermediário de Crédito, abordou o facto de Portugal ser o país da Zona Euro onde a Literacia Financeira é mais reduzida. Neste sentido, e face à sua experiência consolidada no setor da Intermediação de Crédito, o nosso entrevistado salientou, entre outras questões relacionadas, as lacunas que urgem colmatar para que a Literacia Financeira assuma uma posição favorável no país.

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Pedir um crédito é um processo que exige tempo e paciência. Os bancos e instituições de crédito exigem vários documentos para analisar a situação financeira dos clientes e decidirem se estes são ou não elegíveis para o financiamento. Enquanto intermediário de crédito, como analisa a evolução deste setor em Portugal até ao momento?
A Banca no seu geral tem evoluído de uma forma muito positiva e numa direção em que o foco é o serviço do cliente.
Com esta visão, o processo de crédito tem vindo a tornar-se cada vez mais célere, tanto no que diz respeito à recolha, validação, análise e decisão do processo.
Muitas entidades possuem já processos que, para nós, Intermediários de crédito, são bastante úteis no que respeita à obtenção de condições para apresentar ao cliente e tambem na decisão e contratação dos mesmos.
Esses processos tendem, no entanto, a ser cada vez menos pessoais e personalizados para os clientes que se veem confrontados com uma enorme quantidade de informação, que muitas das vezes se transforma em desinformação.

Em Portugal, existem mais de quatro mil entidades de intermediação de crédito, que trabalham para facilitar a vida aos consumidores, sobretudo nos pedidos de empréstimo, quando estes pretendem conhecer as várias soluções do mercado consoante o seu perfil. Neste sentido, qual diria que é o papel deste setor na sociedade?
O papel do Intermediário de Crédito é ainda algo desconhecido na sociedade portuguesa, apesar do número de entidades a trabalhar como tal.
Segundo a consulta do Portal do Cliente Bancário, existem cerca de 5619 entidades registadas, sendo que os Intermediários dividem-se em três tipos:
Intermediário de crédito vinculado – É uma pessoa singular ou coletiva que atua como intermediário de crédito em nome e sob a responsabilidade total e incondicional do mutuante ou de vários mutuantes com quem tenha celebrado contrato de vinculação.
Intermediário de crédito a título acessório – É uma pessoa singular ou coletiva que fornece bens ou serviços e que, em nome e sob responsabilidade total e incondicional do mutuante ou de vários mutuantes, atua como intermediário de crédito, tendo em vista a venda dos bens ou serviços por si oferecidos.
Intermediário de crédito não vinculado – É uma pessoa coletiva que atua como intermediário de crédito sem que tenha celebrado contrato de vinculação com qualquer mutuante e celebra um contrato de intermediação com o consumidor, no qual são estabelecidos os termos e as condições da prestação de serviços de intermediação de crédito.
A grande maioria dos Intermediários/entidades registadas são registados a título acessório, ou seja, são praticamente invisíveis ao cliente, pois “apenas” complementam uma venda de produto próprio como já vinham a fazer até à criação da atual configuração.
O Intermediário de Crédito deve ser considerado como um especialista na sua atividade, sendo capaz de estabelecer um plano não só de uma operação, mas tornar-se num parceiro de vida financeira do cliente e a sua intervenção na sociedade deveria ser necessária, se não mesmo obrigatória, na obtenção de determinados serviços e produtos oferecidos pelo mundo financeiro.

No que diz respeito à literacia financeira, Portugal foi classificado como o país da Zona Euro onde a mesma é mais baixa. De que forma observa este facto e quais os motivos que considera cruciais para que seja uma realidade?
No que diz respeito à literacia financeira verifica-se, efetivamente, que a mesma é reduzida em Portugal.
A sociedade tem por base uma cultura de consumo desenfreado baseando-se numa oferta muito alargada para que esse consumo também seja algo facilitado e quase sempre com recurso a financiamento.
Isto não deve ser visto de uma forma negativa, no entanto como não há uma cultura de poupança e gestão de rendimentos, a população, na sua generalidade, gasta os recursos que tem e recorre a financiamento para incrementar as suas capacidades de consumir, sem se preocupar com a sua capacidade de cumprir com as mesmas.
O planeamento é crucial na gestão dos recursos financeiros, na gestão e criação de suporte/poupança para investimentos (aquisição de produtos, serviços e outros) e muitas das vezes verificamos que muitas das pessoas não têm um simples plano orçamental mensal e muito menos um plano a médio e/ou longo prazo que permita ter um plano para atingir um determinado objetivo.

Na sua perspetiva, que lacunas urge colmatar para que a literacia financeira assuma uma posição mais favorável? Que iniciativas seriam importantes incrementar na literacia financeira em Portugal?
No que respeita à Literacia Financeira e para aumentar a mesma junto da população, deveriam ser implementados e incrementados recursos educativos desde cedo, nas escolas básicas e tendo continuação durante a vida escolar para que a população mais jovem absorva desde cedo esta cultura não só de consumo, mas também de poupança e gestão dos seus recursos.
Se observarmos com atenção verificamos que na sociedade e nos mais diversos setores, especialmente no Financeiro e Educação, os recursos educativos e informativos existem, no entanto não estão evidenciados nem divulgados da melhor forma para que a população na sua generalidade possa aceder aos mesmos e utilizá-los com facilidade.
Temos de criar uma cultura assente em três pilares, rendimento atual, património e criação de poupança/recursos.
Uma cultura financeira gerada no lado da poupança e rendimento, colocando o gasto como investimento e não apenas consumo desenfreado pode trazer e criar um futuro sustentável.
Existem já algumas entidades que de uma forma proativa passam esse conhecimento, mas o caminho ainda é longo até atingir um grau de penetração considerável.

Face à sua experiência consolidada, de que forma o setor da Intermediação de Crédito é um pilar fundamental na promoção da literacia financeira e tem vindo a contribuir para um mercado transparente, rigoroso e de excelência?
A intermediação de crédito tem como sua missão moldar a sociedade para conseguir passar a mensagem que o acesso a determinados produtos e serviços, traduzindo as mensagens mais técnicas em factos mais acessíveis para leitura e compreensão.
Esta postura transforma o mercado e torna-o, de uma forma efetiva, num mercado com mensagem mais transparente, obrigando as entidades a serem rigorosas nas mensagens emitidas.
Tudo isto eleva a experiência do cliente e usuário do serviço, tornando a excelência num patamar tradicional e acessível a todos.

A verdade é que, os intermediários de crédito assumem um papel de relevo na sociedade. Por este motivo, é vital fomentar maior fiscalização em prol da transparência deste setor, promovendo um domínio sério, digno e rigoroso? O que é premente estabelecer?
Com o estabelecer dos Intermediários de crédito numa posição de relevo é necessário a fiscalização e seguimento para que o setor seja transparente, digno e rigoroso no comportamento e relação com o cliente e com os Parceiros financeiros intervenientes no processo.
O Regulador tem vindo a atuar e a fazer um seguimento muito eficaz no setor.
No meu ponto de vista, o setor e função, carece ainda de alguma afinação sobre as competências necessárias para acesso e desempenho da mesma junto do mercado, no entanto considero que o caminho está a ser percorrido e temos excelentes profissionais no mercado e que atuam com seriedade, rigor e transparência.

Tendo em conta o momento atual da Intermediação de Crédito em Portugal e todos os desafios mencionados anteriormente, de que forma a marca Ricardo Costa Oliveira Unipessoal, irá de tudo fazer para acompanhar e apoiar os consumidores e, ainda, promover um setor sério e transparente?
Como já referi, a Intermediação de Crédito em Portugal é um setor criado recentemente, cuja finalidade é desmistificar o jargão utilizado no mercado financeiro, nomeadamente na área de crédito habitação e consumo, tornando-o e transformando-o num setor sem letras pequenas e condições menos transparentes e percetíveis ao cidadão comum.
Na ação que temos desenvolvido desde a nossa fundação e fruto da experiência na área financeira, temos vindo a estimular a educação e acesso a informação de uma forma holística, promovendo uma cultura de educação ao cliente cujo feedback e informação tem sido bastante satisfatória, tida como séria e transparente.
O nosso serviço pessoal e adaptado a cada cliente e suas particularidades torna o mesmo praticamente Tailor Made/à medida para cada um dos nossos clientes.
Temos o compromisso de atingir um patamar de excelência no serviço prestado ao cliente, e inclusive na relação com os parceiros financeiros, com uma base de confiança, seriedade, fiabilidade e transparência na apresentação de propostas e negociação de condições para que ambas as partes fiquem servidas da melhor forma possível na altura em que a mesma é elaborada.