“O grande fator de Sucesso tem sido ter as Pessoas certas ao nosso lado”

“Acredito que vivemos numa geração de incertezas, o que torna mais complicado captar o talento mais adequado às necessidades das organizações”. Quem o afirma é Nídia Costa, Board Member & Chief Of People do Grupo Naval – um conjunto de empresas de capitais estrangeiros, que aposta e desenvolve a sua atividade em Angola. Sendo esta organização uma referência no mercado pela qualidade com que atua, também o é devido à liderança e equipas motivadas que nela trabalham. Em entrevista, Nídia Costa, um dos rostos mais importantes da marca Naval, dá a conhecer a sua perspetiva enquanto líder.

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O Grupo Naval é um conjunto de empresas de capitais estrangeiros, de cariz familiar, que aposta e desenvolve a sua atividade em Angola, desde 2007. Olhando para estes 15 anos de atividade, como nos pode descrever a evolução da área de RH do Grupo e das suas mais-valias?
O Grupo Naval tem crescido no mercado, movendo o seu core business de Trading/Comércio para o setor industrial, o que significa uma aposta e investimento local significativos. Significa também um crescimento em termos de capital humano, a área de Recursos Humanos teve obrigatoriamente de se adequar às necessidades do Grupo. Contamos atualmente com cerca de 1500 colaboradores, o que significa que tivemos que adequar as nossas respostas enquanto RH às necessidades de uma organização num fast growing movement.
Nestes últimos dois anos o Grupo Naval reestruturou a Direção de RH por área (indústria e restantes setores). Através desta especialização esperamos responder de forma mais imediata às necessidades de cada negócio dentro do Grupo.
Focamos em organizar políticas e processos, reavaliamos a estrutura interna e posição de cada função na organização clarificando o papel que cada uma representa.
Além da qualidade da atuação do Grupo Naval, uma das suas maiores vantagens é a multiplicidade de culturas e a oportunidade de partilhar ideias com visões distintas. De que forma este fator permite estar um passo à frente em relação a possíveis concorrentes?
No Grupo Naval vivemos numa realidade com cerca de 12 nacionalidades diferentes, com o mesmo número de culturas e visões próprias e pessoais. Na verdade, acredito que a nossa forma de estar pessoal e tão distinta contribuem para que cada um entregue o melhor de si, combinando esforço para um bem comum: o sucesso da organização. Tem sido fantástico perceber como cada um tenta compreender a cultura do outro, acolher esta cultura e ajustá-la no seu dia a dia. tentamos encontrar-nos nas nossas diferenças e partilhar uma visão comum que nos une.

Certo é, hoje vivemos tempos diferentes, em que o paradigma do trabalho, das pessoas e das entidades mudou completamente. Sendo Board Member & Chief Of People, quais diria que são os grandes desafios em liderar e motivar pessoas, em tempos de mudança?
Os avanços tecnológicos provocaram mudanças radicais na época em que vivemos. Recentramos as nossas atenções e preocupações diárias para a imensidão de informação que nos chega através dos mais variados canais. Esta mudança de paradigma alterou a nossa forma de agirmos nas empresas, a nossa extensão de dia de trabalho chega até às nossas casas porque estamos constantemente ligados através dos telemóveis, o que por vezes confunde as organizações acerca da disponibilidade de cada um. O respeito que temos pelo outro deve ser na medida daquilo que ele tem de entregar enquanto colaborador para as organizações, não abusando da boa vontade de cada um e do seu tempo livre.
Por outro lado, vemos também que a extensão tecnológica chega até aos locais de trabalho e o colaborador também fica ligado constantemente ao mundo exterior, o que pode provocar um desfoque da sua atenção para as suas tarefas e responsabilidades.
Resumidamente, eu diria que é necessário bom senso de ambas as partes, quer da parte das organizações, através das suas lideranças no que concerne ao respeito pelos tempos de descanso de cada colaborador, quer por parte do colaborador no período de trabalho no que diz respeito à sua capacidade de se manter focado.
O ser humano é por natureza insatisfeito e procura sempre mais e melhor. o acesso livre da informação facilitou que cada um possa compreender melhor os seus objetivos e o que o satisfaz enquanto colaborador. diria que maior desafio da atualidade talvez seja esse mesmo, o de manter os nossos colaboradores motivados continuamente.

Um dos desafios que muitos afirmam existir em vários setores de atividade é a falta de capital humano. Considera que esta lacuna também se sente no Grupo Naval? Como tem atraído e retido as pessoas que hoje integram esta equipa?
Acredito que vivemos numa geração de incertezas, o que torna mais complicado captar o Talento mais adequado às necessidades das Organizações. Existem áreas que, em Angola, encontramos lacunas a nível do conhecimento, mas que pode ser compensado com formação, essencialmente interna, ajustada às necessidades de cada negócio. Por vezes caímos na tendência, porque é mais fácil e mais imediato, de procurar um recurso com o pleno conhecimento, a “bagagem” certa e experiência e nem sempre é possível, muitas vezes, encontrarmos o Potencial em alguém e isso pode ser suficiente, desde que a Organização corresponda na mesma medida em termos de integração e formação. Ou seja, um recurso com menos know-how ou experiência, mas com o potencial de crescimento e aprendizagem poderá muitas vezes ser a solução adequada à nossa necessidade.

Existindo esta lacuna, ou não, o que é certo é que o Grupo Naval conta com uma equipa de profissionais coesa e dedicada. Em que medida o Capital Humano tem sido a fórmula desta história de sucesso? Quais são os valores humanos e as competências profissionais que os Recursos Humanos do Grupo possuem?
Apesar do crescimento do Grupo Naval ter sido substancial nos últimos dois anos, eu diria que existe uma equipa que sustenta o negócio e que tem sido coesa na entrega e empenho para com a organização desde os últimos nove anos. São estes elementos que sustentam o crescimento da organização, são a base de passagem de conhecimento e também de integração cultural naquilo que são os nossos valores e cultura do Grupo. Os valores que nos guiam, são a nossa bússola moral e que nos definem enquanto um só. Os valores que pautam as nossas decisões são Família, Confiança, Paixão e Propósito. Estes são vividos claramente no Grupo, a forma de estar da própria organização desde sempre.

O Grupo Naval tem um conjunto de elementos necessários para o seu sucesso – uma equipa determinada, uma mentalidade dedicada e um posicionamento importante, já que é um dos maiores operadores económicos em Angola. Assim, a que patamar gostaria de elevar o Grupo e, em particular, ao nível do Capital Humano?
As pessoas são o principal ativo das organizações e são a resposta para o sucesso das mesmas. O desenvolvimento das nossas pessoas orientadas para a estratégia do negócio e focadas na obtenção de resultado tem sido o nosso propósito ao longo dos anos. Tendo em consideração este cenário, a gestão do nosso capital humano é de extrema importância e estará voltada para as competências de cada uma das nossas pessoas, desenvolvendo-os através de planos de formação ajustados às necessidades de cada um. Ao nível do Capital Humano gostaria de projetar para 2023 um ano com uma aposta mais acentuada em Planos de Formação Internos, utilizando o nosso próprio Know-How como ferramenta base para desenvolver as competências dos nossos colaboradores, e também na implementação de um projeto cultural para sedimentarmos ainda mais o nosso alinhamento. Um dos grandes projetos para o próximo ano será a implementação de um novo sistema de avaliação de desempenho, que nos permita olhar para o nosso capital humano com clareza. No entanto, lembrar que o capital humano é muito mais do que pessoas, é também o alinhamento da nossa cultura, a clarificação dos nossos valores e da filosofia que guia a nossa organização

O ano de 2022 está agora a terminar e é, por isso, tempo de grande reflexão, emoção e nostalgia. Por este motivo, o que tem significado, na sua verdadeira essência, o Grupo Naval na sua vida de todos os que nele trabalham?
Viver Naval é um trabalho de equipa diário, vivemos um ambiente de União e Família que se sente desde o primeiro momento. Há claramente um trabalho de equipa e entreajuda, uma cordialidade e respeito entre todos, posso dizer que sou verdadeiramente Feliz nesta Organização, a preocupação de cada um não é NÓS e não o EU, os objetivos que alcançamos enquanto equipa e enquanto Grupo, as celebrações das vitórias, as conquistas diárias e a gratidão que sentimos por fazermos parte duma organização que se foca em contribuir para o crescimento da sociedade Angola, apesar de sermos um dos grandes players dos mercado e a referência dos setores onde atuamos, a nossa grande preocupação é o que podemos acrescentar valor para o desenvolvimento do país. Individualmente cada um de nós sente que fazemos parte de algo que nos transcende.
O grande fator de sucesso tem sido ter as pessoas certas ao nosso lado. Tenho muito orgulho na minha equipa, temos crescido juntos, há uma entreajuda sincera e uma partilha de conhecimento espontânea. São, sem dúvida, a minha maior conquista e estou muito grata por ter cada um ao meu lado.