“A Eficiência está no ADN do SUCH”

Paulo Sousa, Presidente do Conselho de Administração do SUCH, em conversa com a Revista Pontos de Vista, garantiu que a organização, ano após ano, aposta nas “vertentes da eficácia e da eficiência”, de modo a “conseguir dar uma resposta cabal, técnica e rápida às diferentes instituições”. Além disso, destacou que a inovação é um «chavão» essencial para a contínua promoção da eficiência e da qualidade no ramo da saúde.

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O SUCH – Serviço de Utilização Comum dos Hospitais, é, cada vez mais, uma entidade de prestígio e reconhecimento pelo serviço público que tem vindo a promover ao longo de mais de meio século, mais concretamente 57 anos. Desta forma, como é que o SUCH tem vindo a fomentar essa aposta clara na qualidade e eficiência?
A eficiência está no ADN do SUCH. Há 57 anos, com o Decreto-Lei n.º 46 668, passou a ser possível a criação de serviços complementares da organização hospitalar, para a realização de fins de interesse – ou de utilização – comum aos estabelecimentos e serviços da mesma organização. O Prof. Coriolano Ferreira, primeiro Presidente do SUCH, e ainda hoje reconhecido como uma das individualidades da Saúde em Portugal, anteviu, em 1965, que as instituições prestadoras de cuidados de saúde, deveriam libertar-se da gestão de atividades que não constituíssem a sua função principal e, antes, centrarem-se naquela que era – e é – a sua missão: a prestação de cuidados de saúde.
A motivação, de caráter cooperativo, levou à criação do SUCH enquanto entidade que resolveria problemas de exploração económica e de organização, que já excediam, à época, a capacidade de cada um dos estabelecimentos de saúde. Daí que, desde a sua criação, o SUCH tenha continuamente de apostar nas vertentes da eficácia e da eficiência para conseguir dar uma resposta cabal, técnica e rápida às diferentes instituições que, por seu turno, também têm exigências e desafios diferenciados.

Sendo a Saúde um pilar evidente dos denominados países desenvolvidos, de que forma é que, em Portugal, é vital continuar a promover os serviços de saúde e a eficiência dos mesmos em prol do cidadão comum?
Claramente. Hoje, a experiência do SUCH torna evidente que a promoção dos serviços de saúde – mormente do SNS, cuja existência e valia nunca é demais reconhecer – tem de ser perspetivada na ótica do utente, sendo que, esta perspetiva tem de ser transversal a toda a prestação de cuidados de saúde. Veja-se a arquitetura hospitalar! Desde a génese das infraestruturas de saúde, o utente tem de ser o foco do projeto, seja no que se refere à acessibilidade física, ao conforto, ao acolhimento, etc. Também a alimentação hospitalar, a qual, sendo uma vertente da recuperação do doente, deve refletir a preocupação na humanização, com uma dieta vocacionada para a sua condição, mas ao mesmo tempo, de qualidade, na apresentação, na diversificação, na temperatura a que é servida, enquanto fatores que proporcionam melhores condições hoteleiras e de conforto aos doentes. São muitos os exemplos de como as prestações acessórias aos cuidados de saúde constituem um meio essencial para uma boa prestação de cuidados de saúde, nos quais o SUCH se tem especializado

Sente que Portugal, neste momento, está no bom caminho no que concerne à qualidade e eficiência na resposta integrada de serviços partilhados em saúde?
A resposta integrada de serviços partilhados dada pelo SUCH é caso único na Europa. Em alguns países existem serviços partilhados, mas segmentados a áreas específicas. Uma resposta tão diversificada e integrada, como o SUCH garante, torna-nos um exemplo. O que, para nós, é motivo de orgulho. O mesmo orgulho que sentimos quando vemos o SNS ser sempre referenciado como um exemplo a seguir. Estamos no bom caminho.

Que lacunas ainda existem e de que forma é que entidades como o SUCH, podem ser um apoio essencial para colmatar essas lacunas e obstáculos?
Embora no bom caminho, ainda há muito a fazer. Há mesmo setores em que já deveriam ter sido dados passos mais assertivos. Por exemplo, na gestão e tratamento de dispositivos médicos de uso múltiplo ou a esterilização. Esta é uma atividade em que Portugal ainda está longe de alcançar a exigência praticada nos países vizinhos.
É de lamentar que, uma área tão técnica e rigorosa e que está diretamente relacionada com a prevenção das infeções associadas aos cuidados de saúde, não tenha a atenção devida, nomeadamente na avaliação dos riscos inerentes ao incumprimento dos requisitos aplicáveis.
Em 2016, o SUCH teve oportunidade de fazer um diagnóstico a alguns serviços de esterilização e ficámos com a certeza de que era iminente avançar neste setor. Hoje, é com orgulho que detemos uma das melhores instalações, que se dedica à prestação de serviços de esterilização centralizada: a primeira unidade do SECH – Serviço de Esterilização Comum dos Hospitais, a qual está certificada pela Norma ISO 13485 e cumpre todos os requisitos regulamentares, para reprocessar os dispositivos médicos dos nossos associados, com a segurança e qualidade exigidas.
Um outro exemplo, é a gestão de estacionamentos nos perímetros e redondezas hospitalares como forma de permitir a mobilidade dos profissionais de saúde, mas em especial para garantir e facilitar acesso aos doentes a consultas e tratamentos médicos, reduzindo tempos de desperdício (custos) a quem tem de cuidar deste aspeto (doente, familiar ou ambulâncias).

Hoje a inovação é uma «marca» essencial em qualquer setor de atividade, sendo que o da saúde não «foge» a esse desígnio. Desta forma, qual tem sido o papel da Inovação nesta dinâmica de promoção da eficiência da saúde e de que forma é que esta aposta tornou mais simples comprovar e solidificar a qualidade em saúde?
Mais um exemplo… A roupa hospitalar circula diariamente e em grandes quantidades nos serviços de cada hospital. A par do processo de tratamento da roupa hospitalar, realizado em lavandarias industriais, há que assegurar um eficiente sistema de distribuição e controlo das quantidades das diferentes tipologias em circulação entre a lavandaria e a rouparia hospitalar.
Hoje, os sistemas avançados de rastreabilidade têxtil, com recurso à tecnologia RFID, permitem monitorizar em tempo real todo o percurso de cada peça de roupa, através de um TAG (chip). Este dispositivo contém toda a informação necessária à identificação da peça no circuito, e através do software de gestão, garante todo histórico de tratamento e de utilizações, ao mesmo tempo que assegura uma eficiente gestão de stock, o que resulta num profundo conhecimento do perfil de consumo por parte do gestor hoteleiro, mitiga o risco de extravio de roupa da instituição e potencia um eficiente controlo dos custos e planeamento dos recursos disponíveis.
O SUCH, na senda da inovação e da eficiência, disponibiliza esta solução integrada de tratamento e rastreabilidade de roupa hospitalar, através das suas lavandarias industriais distribuídas a nível nacional.

Se a inovação é primordial, o Capital Humano não fica atrás. Como é que o SUCH tem sido um elemento promotor de equipas especializadas e qualificadas para dar foco à promoção de uma capitalização do conhecimento, de competência e de Pessoas/Profissionais preparados para dar resposta às maiores dificuldades no domínio da saúde?
O capital humano está sempre no centro da decisão do SUCH e o reconhecimento e a valorização dos nossos profissionais são uma aposta clara na gestão quotidiana. Nesse sentido, promovemos o acesso permanente a formações técnicas específicas de cada área, o que tem tornado o SUCH numa incubadora de talentos especializados na área hospitalar. Hoje damos atenção e preocupação essencialmente ao recrutamento dos melhores e à retenção dos que prestaram provas. Não é tarefa fácil, pois estamos circunscritos às regras do universo hospitalar público dos nossos associados e a competitividade é muita.

Do seu ponto de vista, e pela enorme experiência que tem neste setor, que caminho deveria tomar a saúde em Portugal? Olhando para as críticas que diariamente ouvimos e lemos por parte do cidadão comum, sente que é necessária uma espécie de reforma do sistema de saúde luso?
Perdoe-me não ajudar muito nesta questão, mas não diria que é preciso uma reforma, mas sim uma reforçada e contínua aposta no SNS e sua adaptação ou atualização aos tempos atuais.

A Sustentabilidade é também um desiderato primordial da vossa orgânica. De que forma promovem essa dinâmica de sustentabilidade e como é essencial que o sistema de saúde e os seus players estejam alinhados com a promoção da sustentabilidade em Portugal? Essa aposta tem impacto, por exemplo, no aumento da eficácia e eficiência do Serviço Nacional de Saúde?
A aposta na sustentabilidade tem impacto em todos os setores de atividade, incluindo o da saúde. No SUCH, a prossecução da sustentabilidade não é nova, embora, desde 2020 tenha sido mais consolidada, nomeadamente com a sua “fixação” enquanto pilar estratégico de atuação e com a recente criação do Plano de Desenvolvimento e Sustentabilidade que o SUCH tem em marcha.

O que podemos continuar a esperar por parte do SUCH – Serviço de Utilização Comum dos Hospitais para 2023 e de que forma é que pretendem garantir a autossatisfação das necessidades dos vossos associados?
Os nossos associados podem continuar a confiar no SUCH enquanto parceiro estratégico e como um instrumento ao seu serviço, promovendo soluções a cada um dos seus problemas, nas áreas instrumentais à prestação de cuidados de saúde que prosseguem em primeira linha, mantendo e reforçando a nossa disponibilidade e capacidade, e garantindo a fiabilidade na procura de soluções económicas, eficientes e eficazes.

Qualidade, Inovação, Eficiência e Sustentabilidade. Podemos afirmar, sem qualquer dúvida, que estes serão os pilares evolutivos do SUCH para o vindouro?
Sempre foram esses os pilares de atuação do SUCH e continuarão a ser no futuro!