“A expansão além-fronteiras representa mais um passo e mais uma aprendizagem”

Foi com coragem, determinação e alguns tropeços no caminho que Marisa Dias levou a sua marca Jardins de Adónis ao reconhecimento em Portugal e, agora, o leva além-fronteiras. Em momento de reestruturação interna, a promessa que fica é que o seu sucessor, João Adónis, que está responsável pela gestão da empresa, fará de tudo para cumprir o legado enquanto que, a Owner Marisa Dias, permite que mercados externos também possam desfrutar destes jardins.

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A Marisa Dias, criadora do projeto Jardins de Adónis, Paisagista e Gestora, está a passar a “pasta” a João Adónis, em momento de reestruturação da empresa. Para melhor entender, o que mudou?
Mudou o mercado, mudou a consciência do cliente e nos 20 anos que se passaram, a Jardins de Adónis cresceu e acompanhou essas mudanças. Felizmente, a construção de áreas verdes foi tomando importância no nosso país. A nossa evolução foi influenciada pelo Cliente, mais exigente e que agora valoriza mais as áreas externas. O core business da empresa são os jardins verticais, naturais ou artificiais, e a construção de jardins de cobertura. O crescimento consolidado da empresa implicou rodear-me de pessoas que partilhassem da mesma Missão, sentido de Valor e Visão. Dando seguimento ao que projetei, passou a fazer parte da empresa, João Adónis, em 2014. Líder nato, encarou o desafio de “peito aberto” e foi aprendendo o “ofício” em cada uma das áreas da Jardins de Adónis. Presentemente, está responsável pela gestão da empresa, pelo contacto com o Cliente, orçamentação, seleção criteriosa dos colaboradores e controlo operacional. Estou segura de que o João Adónis dará continuidade ao que criei e que continuaremos a crescer, e a evoluir, mantendo-nos fiéis à nossa Missão e Serviço ao Cliente.

Desde a sua fundação, esta marca está em constante evolução. Sabendo que a Marisa Dias está agora mais dedicada a projetos internacionais, qual a importância da expansão além-fronteiras?
Sempre me preocupei em servir bem cada Cliente. A carteira de clientes foi construída um por um, e com cada novo cliente granjeámos não só o seu reconhecimento pelo nosso serviço, mas também a aprendizagem, e isso impactou os mercados externos. Confio na equipa, sei do que somos e sempre fomos capazes de executar, pelo que os mercados internacionais são uma consequência natural de um trabalho bem feito. À data de hoje, estamos apenas a começar. Contamos com alguns projetos para Moçambique, o meu país de origem, e onde gostaria de “plantar” algumas sementes e marcar a diferença. A entrada nestes mercados acontece na sequência de vários acontecimentos: João Adónis como gestor da empresa, empresas internacionais que tinham ficado “em gaveta” e que voltam a procurar-nos e eu estar mais liberta para dar seguimento ao Cliente internacional. A expansão além-fronteiras representa mais um passo e mais uma aprendizagem. Temos oportunidade para estender a nossa visão a mais um pedaço deste planeta e a todas as gentes que possam vir a beneficiar dos nossos jardins.

Estes projetos internacionais da empresa traduzem-se num salto qualitativo e quantitativo na sua sustentabilidade e crescimento. Quais os planos para se destacar no exterior?
Sim, certamente! Este é um “salto” benéfico, mas com desafios. No caso do projeto em Moçambique, há muito para se implementar e contamos com algumas parcerias. É um país jovem, cheio de oportunidades para quem quer trabalhar, em desenvolvimento e com necessidade de otimizar as coberturas dos edifícios, ao nível do desempenho térmico e acústico, pela economia a longo prazo, e por ser uma solução ecológica. O nosso projeto permite maior retenção da água das chuvas, controlando e evitando cheias devido à impermeabilização dos solos. Plantar jardins em telhados é uma das inovações mais desenvolvidas no mundo da arquitetura e da engenharia, os Green Rooftop, pese embora seja tradição escandinava desde a Idade Média. E nós devemos acompanhar estas tendências, ao nosso ritmo, dentro de parâmetros que nos permitam assegurar um elevado nível de Serviço ao Cliente. Há que inovar na construção, na renovação e na manutenção, pois esse é um caminho para uma maior eficiência e uma dinâmica na biodiversidade urbana.

Apesar desta expansão, é certo que a Jardins de Adónis não irá descurar a sua atividade em Portugal, agora a cargo de João Adónis. Que novidades podemos esperar quanto à atividade no mercado nacional?
Portugal é a “casa” da Jardins de Adónis e a abertura a mercados externos não periga o suporte e acompanhamento ao Cliente nacional. Conto com João Adónis, que agirá com o rigor, o profissionalismo e a consciência que nos caracteriza. Formação contínua e visita a feiras nacionais e internacionais na busca de novos fornecedores e materiais inovadores, permitir-nos-á oferecer sempre as melhores novidades do mercado. Temos uma equipa coesa, que recebe formação contínua e que se sente motivada, o que melhora substancialmente a produtividade de uma empresa. Apoiamos, promovemos e desenvolvemos projetos ambientalmente responsáveis e a equipa contribui para a sustentabilidade do ambiente que nos rodeia. Não há nada a recear. Celebremos, pois, esta nova etapa, uma vez que é também uma oportunidade para melhorar o Serviço em território português.

Não nos podemos esquecer que o sucesso da Jardins de Adónis muito se deve à Marisa Dias que, desde cedo, criou possibilidades de interação do humano com a natureza. Quão gratificante é observar o sucesso alcançado até então?
Estou muito orgulhosa! Comecei sozinha, em 2001, num momento em que o verde era assunto supérfluo nas cidades e observo que o conceito de Cidade Verde é parte da sociedade. Foi com muito empenho, alguns tropeços e muitas portas fechadas que cheguei aqui, mas eu vinha de uma cidade do Brasil onde havia uma árvore por cada habitante e onde fiz a minha formação em Paisagismo, logo, não poderia desistir. A visão é o que me guia e motiva, mas enquanto gestora meço com critério todas as minhas decisões. Já o fazia enquanto equipa de uma só pessoa, e muito mais o faço no presente, pois as minhas decisões, e agora também as de João Adónis, têm impacto nas vidas de todos os nossos colaboradores. Felizmente soube rodear-me de bons profissionais que me ajudaram a transpor as barreiras e a crescer, para sermos o que somos.

Ser mulher é, aos olhos de muitos, um desafio acrescido. Sendo um exemplo de uma mulher que conseguiu “rasgar” mentalidades e ser líder do seu próprio negócio, como analisa esta questão atualmente? Como é que as mulheres devem encarar esta realidade?
Em pleno século XXI, o mundo divide-se em: ocidente, onde ser-se mulher no meio profissional ainda representa uma diferença salarial na mesma função; oriente, onde demasiadas mulheres ainda estão circunscritas ao trabalho doméstico, sendo-lhes vedado um emprego, ganharem o seu sustento e educação. Penso que se não somos capazes de mudar o mundo, pelo menos não permitamos que o mundo nos mude a nós. Devemos agir em consciência e respeito pelo que ambicionamos, e assim inspirar e encorajar a mudança. O estigma da mulher líder do seu próprio negócio tem raízes culturais, derivadas de sociedades patriarcais. Mas a mentalidade geral almeja a igualdade, e cada vez mais mulheres são líderes dos seus próprios negócios, a partir dos seus lares, através do e-commerce. A Mulher está a ajustar-se aos tempos atuais. Não luta contra o homem, mas ergue-se em defesa de si própria.

Considera que o dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, é uma oportunidade para relembrar as conquistas das mulheres e um impulso para continuar a lutar pelos seus direitos? Neste sentido, que iniciativas poderiam ocorrer?
Neste dia penso no sofrimento e ofensa por que tantas mulheres passaram, para que eu e tantas de nós, tenhamos hoje a existência que temos. Quanto a ações, a primeira, que associações de empresárias atuem proactivamente na identificação de mulheres com ideias de negócio e as acompanhem até à concretização, em prazos de 3-6 meses; e a segunda, que particulares com capital para investir, apoiem mulheres promotoras, nos mesmos prazos. E assim se conseguem Mudar Vidas de Outras Pessoas.

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