A igualdade de género, além de ser um direito humano fundamental, é essencial para alcançar sociedades pacíficas e com pleno potencial humano. Na qualidade de Advogada e fundadora do Escritório Vilarinho Advogados, qual é o papel que a mulher assume, atualmente, na advocacia?
A Advocacia, tal como muitas outras áreas, esteve restrita às mulheres durante longos anos. Só em 1918 é que nós, mulheres, vimos assegurado o direito de acesso a esta profissão.
Desde essa data, a evolução foi de tal ordem que em 2021, dos 33937 inscritos na Ordem dos Advogados, 15135 eram homens e 18802 eram mulheres.
Ora, a presença da mulher, hoje, na advocacia é irrefutável. No entanto, ainda que em número superior ao masculino, não traduz uma garantia de igualdade entre géneros.
O que é que considera ser necessário mudar?
Efetivamente, a equidade entre géneros não se cinge ao acesso ou ao próprio exercício da profissão. Essa garantia passa, também, pela paridade no desempenho de lugares de topo, de gestão e de liderança nas sociedades de advogados – o que, infelizmente, hoje ainda não acontece.
No fundo, o que está na base desta questão é a mentalidade da sociedade em que vivemos, que está estruturada sobre diferenças demarcadas no passado e que ainda hoje dão origem a situações de injustiça.
Esta desigualdade sente-se, também, aquando da escolha, por parte do cliente, do advogado a quem entrega a responsabilidade do seu problema/processo – vislumbrando-se, claramente, uma predominância masculina nessa escolha.
No entanto, para o sucesso do advogado nada interfere ser homem ou mulher. Esse sucesso prende-se com a capacidade técnica, com a capacidade de trabalho, com as suas soft skills e sensibilidade para a própria gestão dos processos.
A competência, o rigor e o profissionalismo devem ser reconhecidos independentemente do género. E nesse sentido, é fundamental continuar a trabalhar para uma evolução de mentalidades.
Quais são as suas perspetivas para o futuro das mulheres na advocacia?
O caminho a percorrer para que as mulheres possam assumir, em plena igualdade de oportunidades, responsabilidades acrescidas a nível profissional é longo, e há que avançar, com total foco, dia após dia, nesse mesmo sentido.
Assim, espero que possamos assistir a uma presença da mulher na justiça, desprovida de preconceitos e estereótipos, com um lugar próprio igual ao do homem. De igual modo, espero que vejamos um maior apoio a todos os advogados nas oportunidades de crescimento profissional, na ajuda na doença e na criação de estruturas de apoio à constituição de família.