“É necessário identificar e transformar as desigualdades de direitos entre o homem e a Mulher”

Para Estela Justino, Founder e CEO da Star Accounting Portugal, um bom líder deve ter atitude, atuar com transparência e possuir inteligência emocional. Estes são alguns dos «ingredientes» que, na opinião da nossa interlocutora, perpetuam o segredo para uma liderança focada em tarefas da organização e relacionamentos com os colaboradores. Saiba mais de uma Mulher que diariamente procura vencer os seus desafios.

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Dando a conhecer mais profundamente a Star Accounting Portugal, começo por lhe perguntar quais foram as motivações que a levaram a enveredar pela edificação deste projeto/desafio e que balanço pode perpetuar da atividade da mesma?
Trabalhei durante 17 anos em contexto multinacional. Neste percurso aprendi muito a nível profissional e em termos de relações humanas, no contacto com os diversos stakeholders da organização.
Considero-me um líder e por isso a liderança sempre fez parte do meu percurso profissional, e o fato de ter sido mãe, contribui-o para dar o passo. Queria acompanhá-los de perto e para isso precisava de mais liberdade para gerir o meu tempo. Com a experiência profissional que tinha, aliado a ser uma pessoa independente, responsável e criativa contribuiu para fazer o sonho acontecer. E o sonho passaria por constituir a minha própria empresa, com a minha identidade, com autonomia para implementar as minhas ideias de negócio.
E neste sentido, nasceu a Star Accounting Portugal, uma empresa que presta serviços na área da contabilidade, recursos humanos, consultoria fiscal e de gestão.
Contamos com seis anos de existência, e o nosso caminho tem sido de desafios constantes, iniciando com o desafio de colocar a nossa marca no mercado, o fazer acreditar que não somos só mais uma empresa de contabilidade, consultoria fiscal e de gestão, que geramos valor para todos os que cruzam o nosso caminho, sendo a fidelização dos clientes a longo prazo o nosso foco. A contratação de pessoal qualificado também tem sido uma das nossas preocupações, sentimos, que a área contabilística e fiscal está cada vez mais longe da preferência das pessoas que procuram fazer da contabilidade a sua carreira profissional, o que leva a que a concorrência entre empresas seja crescente.
Existe um provérbio chinês que diz: “Levamos 20 anos para aprender, 20 anos para lutar e 20 anos para nos tornar sábios”. Este provérbio aplica-se ao crescimento e desenvolvimento das pessoas, no entanto, as empresas também traçam um paralelo com o estágio de maturidade e desenvolvimento. Na Star Accounting Portugal não é diferente e por isso ambicionamos ser o parceiro ideal e ser reconhecidos pelos nossos Clientes pela qualidade do serviço prestado como empresa modelo no segmento, nesse sentido, continuamos a crescer e a desenvolver competências para um serviço de excelência.

A marca dedica-se à dedica à Contabilidade, Consultoria Fiscal e de Gestão, especialmente em micro, pequenas e médias empresas. Num momento de maior dificuldade económica, de que forma é que os vossos serviços são anda mais essenciais na dinâmica do universo empresarial que vos escolhe?
O papel do consultor no acompanhamento do gestor na tomada de decisões é de extrema importância. A comunicação atempada dos resultados, além de, prever falhas, evita prejuízos, auxiliando deste modo na obtenção de dados que auxiliam as empresas no processo decisório.
As informações obtidas evidenciam que, independente do tamanho das empresas existe uma necessidade de controle do património para que o crescimento e o bem-estar financeiro sejam alcançados, e assim suas obrigações estejam em dia, tornando cada vez mais eficaz a identificação de possíveis falhas e a identificação dos resultados do exercício.
Observamos que diante de todas essas informações, é notório que o papel do consultor é indispensável para que as empresas alcancem um bom relacionamento com o seu negócio, oferecendo assim maior controle financeiro e económico, no que respeita á gestão do seu negócio.

Quais são as valias e vantagens que conseguem aportar ao vosso cliente/parceiro e que tem feito da Star Accounting Portugal um player de relevância e confiança?
O nosso propósito é transformar o mundo dos negócios através do aconselhamento de gestão.
Pretendemos a criação de valor para os nossos clientes, através da realização dos objetivos financeiros, atendendo às necessidades dos mesmos, na obtenção das soluções, com o acompanhamento necessário ao crescimento e consolidação dos seus negócios, assessorando tecnicamente, com vantagens competitivas a prestação de serviços com qualidade e competência.
Valor, rigor e confiança é o que nos define.
Neste sentido, criámos uma estrutura que assenta no atendimento personalizado. Ter uma equipa altamente qualificada, é essencial no sentido, de podermos estar disponíveis para colaborar com cada cliente, a fim de desenvolver uma compreensão dos seus objetivos de negócio e alinhar as suas necessidades com os recursos necessários.
Comodidade, rapidez e eficiência são os principais objetivos de comunicação direta entre a Star Accounting Portugal e os nossos clientes.

Mudando a agulha da nossa conversa, no dia 8 de março comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Primeiramente, gostava de lhe perguntar que significado tem para si esta efeméride e de que forma é importante continuar a relembrar o mesmo em prol da igualdade de oportunidades?
O Dia Internacional da Mulher celebra as conquistas das mulheres provenientes dos mais diversos contextos étnicos, culturais, socioeconómicos e políticos.
É um dia em que todos devemos refletir acerca do progresso a nível de direitos humanos, e honrar a coragem e determinação das mulheres que ajudaram e continuam a ajudar a redefinir a história, local e globalmente.
Como mulher, considero que é importante continuar a relembrar que o futuro no feminino passa pela participação ativa e contínua da mulher na construção, avaliação e monitorização da paz e de conflitos. Para isto, é necessário identificar e transformar as desigualdades de direitos entre o homem e a mulher, bem como as disparidades de poder nas relações entre o homem e a mulher.

Como é que carateriza o género de liderança que tem vindo a impor ao longo dos anos na marca e, consequentemente, na sua equipa? Que impacto é que essa mesma liderança tem tido no relacionamento com o mercado e no seio da marca?
Muito do descrédito da sociedade em relação às mulheres empreendedoras vem da ideia de que as mulheres não têm as características necessárias para gerir bem um negócio, características como liderança, estratégia e segurança. Acredita-se que os homens, por serem seres mais racionais, são melhores empreendedores do que as mulheres, que agem mais pela emoção.
Entendo que a racionalidade se encontra igualmente marcada na liderança feminina. Por outro lado, características geralmente atribuídas às mulheres, como sensibilidade, empatia e facilidade em se relacionar, podem ser muito úteis quando falamos de mulheres em cargos de liderança.
A minha liderança na Star Accounting Portugal passa por uma liderança integrada, focada em tarefas da organização e relacionamentos com os colaboradores. Um bom líder tem de ter atitude, agir com transparência e possuir inteligência emocional. Ter a capacidade de identificar e lidar com as emoções e sentimentos pessoais de outros indivíduos é fundamental para termos equipas integradas e motivadas. Esta tem sido a liderança que tem feito a empresa crescer e ser reconhecida como parceiros pelos nossos stakeholders.

Em algum momento da sua jornada sentiu algum género de obstáculo pelo facto de ser Mulher? Se sim, de que forma é que os contornou e ultrapassou?
Felizmente, em momento algum senti obstáculo ao longo da minha carreira por ser mulher.

O cenário atual é mais positivo no que concerne ao percurso das Mulheres rumo ao topo. Contudo, ainda existe um longo caminho a percorrer para chegarmos a um estado de maior igualdade. Como analisa este panorama e o que podem as Mulheres perpetuar para singrar e para diminuir o espaço de oportunidades dadas a Mulheres e Homens?
A questão monetária é, sem dúvida, uma das principais questões quando falamos de desigualdade de género no mercado de trabalho.
As mulheres têm uma escolaridade média superior à dos homens, mas entram no mercado de trabalho em condições piores do que os últimos. Esta é uma das conclusões de um estudo “Igualdade de Género ao longo da Vida”.
Os salários inferiores ao dos homens prolongam-se pela vida fora, registando-se ainda saídas precoces do mercado de trabalho, pensões baixas e um maior risco de pobreza.
A par e passo com a desigualdade monetária, temos ainda que as mulheres gastam mais do dobro do tempo do que os homens em trabalho não pago, sobretudo com as questões familiares, quer seja na maternidade ou na organização doméstica.
Ainda que ser mulher no mundo do empreendedorismo seja uma barreira, vivemos tempos em que a tomada de consciência para as diferenças e discriminações ainda existentes é muito maior. E, com essa consciencialização, têm surgido mudanças de mentalidades, inevitáveis em alguns casos, com medidas governamentais no sentido de promover uma maior igualdade.
A liderança no feminino é essencial para melhorar a distribuição de rendimento, combater o preconceito e atingir a justiça social.

Na sua opinião a liderança não tem e não deve ter género? De que forma é que analisa e avalia o crescimento do papel da Mulher em posições de liderança?
A liderança tem e não deveria ter género. Os processos de mudança de mentalidades são muito difíceis quando em causa estão crenças culturalmente tão enraizadas que tem por base a imagem clássica do empreendedor que é uma figura masculina, determinada, persistente e de perfil muito competitivo.
Tão associado à inovação e às novas gerações, o empreendedorismo replica, ainda, a realidade do mundo de negócios dito mais tradicional. Se olharmos para a Europa, por exemplo, números de 2022 da Comissão Europeia revelam que, apesar de já existirem mais mulheres que homens no universo populacional, somente um terço do total de trabalhadores por conta própria são mulheres.
Em Portugal, estima-se que apenas um quinto das startups sejam cofundadas por mulheres.
Esta discrepância contrasta depois com os dados sobre o sucesso dos projetos. As estatísticas demonstram que as startups criadas por mulheres apresentam, em média, um desempenho superior às fundadas por homens, gerando um maior retorno do investimento.
De facto, as mulheres estão a ocupar cada vez mais espaços no empreendedorismo, que, durante muito tempo, foram reservados apenas aos homens, mas os desafios da mulher empreendedora ainda existem e é preciso encontrar maneiras de superá-los para se destacar no mercado e alcançar o sucesso.

Para 2023, quais serão os principais desafios e novidades que podemos esperar de si e da sua marca?
Após três anos de desafios constantes, desde a situação pandémica, ao contexto macroeconómico marcado pelo aumento da inflação e das taxas de juro, o nosso foco vai continuar centrado no nosso propósito, o atendimento personalizado junto dos nossos clientes, e a contínuo enfoque na sustentabilidade.
Estaremos disponíveis para auxiliar os nossos clientes, através da elaboração de cenários e cálculos de riscos de potenciais crises, bem como na definição da liquidez financeira necessária para fazer face a essas mesmas crises. Já no pós-crise, as organizações afetadas estarão financeiramente e operacionalmente mais fragilizadas, pelo que nesse contexto, estaremos igualmente presentes para reorganizar o negócio e efetuar um planeamento de recuperação.
Os temas relacionados com a sustentabilidade sempre estiveram presentes na nossa estratégia empresarial, ao longo das cadeias de valor e no relacionamento com clientes, fornecedores e parceiros de negócio, e neste ano continuarão a ter a nossa máxima atenção.
Pretendemos, igualmente, inspirar os colaboradores e preparar a empresa para crises e desafios, para que conheça e acompanhe as suas oportunidades e riscos e assim tenha a capacidade de definir a melhor estratégia. Ainda mais relevante agora, pois prevê-se uma recessão económica a nível mundial.
Ambicionamos ser o parceiro de excelência e ser reconhecidos pelos nossos Clientes pela qualidade do serviço prestado como empresa modelo no segmento.
Os maiores desafios para este ano, serão sem dúvidas as questões ambientais e sociais, que já vinham andando nas nossas agendas e que este ano ganham maior relevo na agenda pessoal da Star Accounting Portugal.

Que mensagem lhe aprazaria deixar a todas as Mulheres que diariamente lutam para singrar?
O meu exemplo mostra como é possível equilibrar os diferentes papéis sociais que a mulher escolhe exercer, tendo em mente que todas são seres em construção e que devem seguir aprendendo por toda a vida.
O segredo é buscar o autoconhecimento e identificar quais são as nossas qualidades, para usá-las a nosso favor. As mulheres não precisam de ser agressivas ou competitivas, só porque é isso que se espera de um empreendedor. Portanto, é importante que cada uma de nós aprenda a usar as suas próprias ferramentas.
Estamos a viver um momento de transformação na sociedade e os desafios da mulher empreendedora ainda são muitos. Mas não podem ser encarados como obstáculos intransponíveis, e sim como fontes de motivação para que nos empenhemos ainda mais na realização dos nossos objetivos de vida.