“Não há dúvida alguma de que a Madeira reúne condições ideais”

“Preparação, estudo, dedicação e assertividade”, são as características e as ferramentas que destacam Tânia Castro, em várias frentes. Madeirense de gema, a nossa entrevistada é, atualmente, Diretora Geral e Sócia da TPMC – International Management Solutions e uma das maiores promotoras da Ilha da Madeira, dos seus benefícios fiscais e da qualidade de vida que ali é possível ter.

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No Oceano Atlântico, a pouco mais de 90 minutos de Portugal Continental, a ilha da Madeira é conhecida por cativar o coração de todos aqueles que a visitam – e a TPMC faz parte desse processo. De que forma, ao longo dos anos, a marca tem promovido a Madeira e os benefícios fiscais portugueses e atraído investimento para esta região?
Promover a Madeira foi, desde o nosso início, e continua a ser a nossa prioridade. Acreditamos piamente que ao promover a Madeira como um todo, todo o ciclo económico direto e indireto beneficia. Além das várias colaborações regulares com revistas nacionais e internacionais, participo como oradora em conferências, eventos, websummits – dentro e fora de Portugal.
Todos os anos viajamos com a SDM – Sociedade de Desenvolvimento da Madeira para vários destinos Europeus e não Europeus a promover as condições únicas da Madeira. Adicionalmente somos membros Corporate em estreita colaboração com a Câmara de Comércio Luso-Britânica em Londres e com a Câmara de Comércio Luso-Francesa.
A TPMC também é Presidente da Mesa do Centro Internacional de Negócios (CINM) junto da ACIF – Associação comercial e Industrial do Funchal.
Adicionalmente dispomos de uma rede de contactos internacionais onde trocamos informação necessária para estruturação empresarial.

Em entrevista anterior, afirmou que diversificar o leque de serviços, formar as equipas para que possam continuar a prestar um serviço de qualidade acima da média e, acima de tudo, mantê-las ou até aumentá-las, era a prioridade da TPMC. Olhando para os meses que passaram, como tem vindo a ser o concretizar destes objetivos?
O setor de atividade onde estamos inseridos não é fácil, se já não o era antes da Covid-19 e da guerra, neste momento tornou-se ainda mais difícil. Tivemos de nos readaptar ao mundo como ele é agora, cheio de urgência. Os clientes querem as informações e respostas na hora e as decisões são tomadas rapidamente.
A Covid-19 trouxe uma nova perspetiva ao mercado, as pessoas dão mais importância ao local onde vivem e trabalham. Às condições da região onde decidem educar as famílias e também aos países onde querem investir. Nos últimos três anos passámos de uma quota de trabalho quase a 100% no Corporate internacional, para adicionar Corporate nacional, vistos, follow up legal no setor imobiliário, family office e muito trabalho de cariz individual.
Os próprios negócios mudaram, assiste-se a um Boom na área dos IT, NFT´+s, virtual currency e e-business. A velocidade com que as coisas mudam é impressionante e tentar acompanhar a mudança é uma necessidade para qualquer estrutura que se queira manter no mercado, evoluir e crescer. Sempre com as bases sólidas e assente numa estrutura de conceito ético e profissional, usando ferramentas como a formação, a melhoria das condições das equipas e a qualidade do serviço como alicerces essenciais para esta caminhada.

A equipa é, de facto, o ativo mais importante de qualquer organização e na TPMC não é exceção. Enquanto Diretora Geral desta marca, em que medida o Capital Humano tem sido a fórmula do seu sucesso?
A TPMC é na verdade o reflexo das pessoas que formam as nossas equipas e que ao longo dos anos têm estado sempre connosco a trabalhar, desenvolver e melhorar os serviços que prestamos. Todo o nosso sucesso e crescimento sustentado deve-se inteiramente às pessoas que trabalham connosco e que todos os dias nos dão o valor acrescentado que precisamos para continuar a crescer.
Outra das alterações que introduzimos ao melhorar as condições de trabalho das equipas foi o facto de as pessoas terminarem o trabalho semanal à sexta-feira às 13h, ficando com a parte da tarde livre, com fins de semana maiores, com mais tempo para a família e para os tempos livres. O equilíbrio é essencial para o desempenho das funções. Começámos com esta redução de horários semanal no ano de 2022 e tem sido um verdadeiro sucesso.

Além dos Recursos Humanos, também a sustentabilidade é – hoje mais do que nunca – um fator fulcral na prosperidade e solidez das empresas. Como analisa o «peso» que este fator tem nas organizações e de que forma a TPMC tem apostado em princípios sustentáveis?
Há vários anos que temos encarado este tema com a seriedade que merece. Desde os arquivos digitais que já implementámos em todos os setores, até à utilização de materiais reciclados.
Parte do nosso orçamento anual é reservado a estudar formas de nos tornarmos mais sustentáveis.
Outra das políticas alteradas foi o facto de viajarmos menos e explorarmos cada vez mais as ferramentas digitais para comunicar, como por exemplo o ZOOM, o TEAMS, entre outros. Além de nos permitir ser mais eficientes em termos de tempo dedicado aos assuntos importantes, deixamos de gastar muitos recursos essenciais ao planeta com as viagens, consumo, deslocações, hotéis, entre outros.

Se olharmos para «dentro» das empresas, percebemos que o sucesso advém não só dos fatores anteriormente mencionados, mas também da gestão, liderança positiva e motivação que se pratica e impulsiona a fazer mais e melhor. Tendo a Tânia Castro este papel na TPMC, como se define enquanto líder?
Há cerca de 18 anos comecei a liderar o projeto TPMC – que envolvia trabalhar e assistir investidores estrangeiros que quisessem investir, desenvolver negócio e/ou viver na Madeira. Mas também Portugueses que quisessem internacionalizar, mas que tinham dificuldades em analisar os melhores mercados. Ao longo destes anos fui construindo uma rede de contactos nacionais e internacionais que permitissem à TPMC prestar um serviço com cada vez mais qualidade e sapiência.
A minha função passa muito por promover, dar a conhecer, participar em conferências e reunir com possíveis clientes e investidores. Mas também inclui todo o trabalho normal de back-office, desde gerir os departamentos e equipas, analisar o mercado e comparar preços e serviços, e alterar procedimentos. Definir e redefinir estratégias e conseguir resultados todos os anuais que vão ao encontro do cliente, do mercado e dos objetivos de crescimento consolidado da nossa empresa.
Todos os dias são passados a pensar em estratégias de melhoramento das condições dos colegas que trabalham connosco, em melhorar o produto final que sai para os clientes e em criar serviço que confira valor acrescentado reconhecido no mercado.

Quão gratificante é, para si, ser um dos rostos fundamentais de uma marca que promove a Madeira, Portugal e a sua qualidade de vida? Enquanto madeirense, o que lhe faz brilhar os olhos nesta atividade?
Uma das características dos Madeirenses, no geral, é serem muito orgulhosos da sua terra. Eu não sou exceção. É um privilégio poder fazer parte deste grupo de promotores desta ilha magnífica.
Não há dúvida alguma de que a Madeira reúne condições ideais.
O facto de Portugal ter cerca de 80 Tratados de Dupla Tributação assinados, muitos dos quais com Países target em termos de investimento e recursos naturais, como caso de Moçambique, Angola, Peru, China, entre outros.
Adicionalmente a Madeira tem um regime de IRC de 14,7% para o regime geral, que permite concorrer com qualquer jurisdição internacional. Somando a todos estes aspetos a Madeira dispõe ainda do CINM, Centro Internacional de Negócios da Madeira, que a nível internacional permite chegar a uma taxa de IRC de 5%.
Se juntarmos todas estas condições fiscais, individuais, com a qualidade de vida então estamos perante um mercado que, sem sombra de dúvida, destoa pela positiva em relação aos restantes.
Temos um ambiente cosmopolita, com uma qualidade de vida que na Europa é muito difícil de encontrar, em que quase todas as pessoas falam pelo menos inglês. As nossas redes de comunicação funcionam muito bem, a Universidade da Madeira tem vários protocolos de colaboração com outras universidades e conseguimos formar profissionais de topo.
Além de que é realmente um prazer trabalhar na Madeira. Está quase sempre sol, as temperaturas são muito agradáveis, a comida é ótima, temos Mar para onde quer que olhemos e o ar é fantástico. Conseguimos ter um dia de trabalho de oito horas e ainda dar um mergulho no mar, jantar com amigos ou ir ao cinema – isto num dia de semana.
Ao fim de semana podemos aproveitar para escalar montanhas, fazer canyoning, padel ou simplesmente ir à praia.

Se falamos da Tânia Castro enquanto líder, temos de falar da desigualdade de género e de oportunidades que ainda é uma questão a ser debatida pelo mundo. Sendo um exemplo claro de liderança feminina, como observa esta questão? O que urge, na sua perspetiva, estabelecer?
Lembro-me perfeitamente quando entrei para o setor internacional de que, curiosamente, havia muitas mulheres no back-office e em cargos baixos e intermédios, mas muito poucas em lugares de chefia ou destaque.
Atualmente já conseguimos ver mais mulheres a assumir a liderança, mas tenho de reconhecer que continua a ser muito difícil para nós sermos reconhecidas pelo nosso trabalho. Temos de trabalhar muito mais, mostrar mais resultados, estarmos mais disponíveis – nada é garantido e, em termos de perfil, temos de ser muito robustas para continuarmos a aguentar o embate e não perdermos a energia e a capacidade de nos reinventarmos.

No da 8 de março celebra-se, anualmente, o Dia Internacional da Mulher – uma data que reforça a solidariedade feminina, na luta por objetivos comuns. Considera de extrema importância relembrar as conquistas pelos direitos das mulheres e, assim, continuar a desbravar caminho para o futuro das gerações?
Sem dúvida alguma. Ainda temos uma sociedade extremamente machista.  A nossa sociedade continua a achar normal que as mulheres sejam ótimas trabalhadoras, mães e esposas extremosas e donas de casa. É a própria sociedade Portuguesa que nos lembra isso todos os dias.
Qualquer feito neste campo é considerado normal para uma mulher, já para um homem é sempre extraordinário.
Continuamos a combater estereótipos. No local de trabalho, nas escolas dos nossos filhos e dentro do seio das nossas famílias. Continua a não ser fácil ser Mulher na nossa sociedade. Mais difícil ainda é ser uma Mulher com responsabilidades profissionais, já que a sociedade não se compadece de nos lembrar todos os outros sectores da nossa vida em que falhamos diariamente.

Que conselhos gostaria de deixar a todas as mulheres que gostariam de enveredar pelo setor onde a TMPC se situa?
Trabalho, persistência, racionalidade e paixão. Temos de gostar muito do que fazemos. Com a quantidade de obstáculos que enfrentamos diariamente é preciso uma dose de energia e paciência extra diariamente.
Errar, persistir, acertar, continuar. Nunca desistir.
É um trabalho difícil, com muito estudo envolvido, muitos sacrifícios pessoais, mas muito gratificante.
Não posso prometer que todas vão conseguir atingir os objetivos a que se propõem, mas posso garantir que vai ser uma viagem extraordinária. Conhecer pessoas, países, culturas, estratégias, perfis. Construir um projeto e vê-lo crescer, conseguir enfrentar obstáculos – é extremamente duro, mas atingível.
Preparação, estudo, dedicação e assertividade. Foram e continuam a ser estas as ferramentas que me definem e que tento transmitir a todas as pessoas que trabalham comigo.