
Como fez questão de frisar na sua intervenção de abertura, Nuno Silva, Presidente da APDCA – Associação Portuguesa do Comércio Automóvel, relembrou que “a última Convenção, em 2020, decorreu dias antes de entrarmos numa crise sem precedentes e que mergulhou as empresas do setor na incerteza. Mas, mais uma vez, os empresários mostraram a sua resiliência e capacidade de adaptação. Hoje, as incertezas que vivemos têm outra causa e os desafios são outros, mas há questões de fundo que, apesar dos esforços da APDCA, continuam por resolver. Nomeadamente a questão da carteira profissional, a luta contra a concorrência desleal do mercado paralelo e, mais recentemente, a polémica em torno da lei das garantias.”
O Presidente da Direção da APDCA agradeceu ainda a presença dos representantes da ARAN, na figura da sua Secretária-Geral a Dr.ª Nely Valkanova, e da ACAP, representada pelo seu Secretário-Geral Dr. Hélder Pedro, destacando a importância de criar pontes e de unir esforços nos temas comuns. “Há muito que temos na ARAN, mais do que um interlocutor, um verdadeiro parceiro. A união de esforços entre a ARAN e a APDCA já deu frutos no passado e, esperemos, volte a dar em breve. Em relação à ACAP, ficámos muito satisfeitos de terem aceite o convite e já tivemos oportunidade de trocar ideias e de agendar, para breve, uma reunião, sendo evidente para ambas as Associações que uma união de esforços face aos desafios que nos são comuns seria muito produtiva”.
O discurso de abertura da Convenção coube à Diretora-Geral das Atividades Económicas, Dr.ª Fernanda Ferreira Dias, que apelou ao espírito de união dos empresários do setor em torno da APDCA e desta com as associações congéneres. Para a Dr. Fernanda Ferreira Dias, “o associativismo é fundamental na articulação com as instituições públicas e com o próprio governo. Só assim, os empresários do setor, de forma coesa e organizada, nos podem fazer chegar as suas preocupações e sugestões para os desafios que enfrentam, contribuindo ativamente para a definição de políticas públicas”. A Diretora-Geral das Atividades Económicas apelou ainda à “combinação de esforços, à cooperação e parceria, entre as associações congéneres. Ganhando músculo, propondo medidas em conjunto e saindo reforçadas nas suas pretensões”.
Lei das Garantias, cada cabeça a sua sentença
Com vista ao eventual esclarecimento de dúvidas, a uma salutar troca de ideias e uma avaliação conjunta deste ano passado desde a entrada em vigor do Decreto-Lei 84/2021, vulgarmente conhecido pela Lei das Garantias, a APDCA convidou um painel de especialistas ligados às empresas de garantias. Para Miguel Le Coroller, da SNG, “mais do que a dilatação dos prazos de garantias dos usados para os 3 anos (18 meses por comum acordo), o grande problema desta lei é a sua ambiguidade e o caráter geral de muitas medidas. Parece-nos que, aqui, o legislador precisa urgentemente de esclarecer os pontos que mais dúvidas colocam, já que nem os empresários conseguem perceber qual é, realmente, o âmbito das suas obrigações, nem os consumidores ficam cientes dos seus direitos e deveres”.
Sofia Cruz, da NSA, complementa esta conclusão com a leitura da cláusula que prevê a dilatação do prazo por mais seis meses no caso de uma reparação. “A lei diz que o prolongamento se aplica ao bem. À peça reparada ou ao bem na totalidade? A questão é que um automóvel usado não é uma torradeira, é uma máquina complexa e com muitos componentes. A nossa preocupação é sempre para com os consumidores, mas esta lei, da maneira como está feita, torna a sua interpretação pouco clara”. Francesco Aqcuadro – RPM Garantie – com uma ampla experiência internacional, destaca que o “legislador português foi muito além da diretiva comunitária nos prazos previstos, que não tem paralelo em nenhum país europeu com exceção de Espanha, mas, mesmo aí, o prazo mínimo pode ser reduzido até aos 12 meses”. Francesco também vê como “inevitáveis o aumento de conflitos entre vendedores e clientes, destacando a importância de uma ficha de conformidade para proteger ambas as partes. Neste ponto, o Programa Usado Certificado como o que a APDCA oferece é uma mais valia inegável, atestando a conformidade do bem e promovendo a transparência que todos pretendemos para esta atividade”.
Re-renting e soluções à medida
Na mesa redonda promovida com as empresas financeiras para avaliar um mercado em inegável mutação e as soluções de financiamento que são previstas e que podem vir a surgir num futuro a breve trecho, Henrique Henriques – Credibom, Pedro Nuno Ferreira – Cetelem e Carla Silva do Santander Consumer Finance, explicaram aos presentes conceitos como o re-renting, uma forma de dar nova vida aos automóveis após o fim do período do contrato. Mas também da forma como o renting de usados continua a crescer e a ser uma ferramenta interessante “especialmente para as empresas”, explica Pedro Nuno Ferreira.
Já para Henrique Henriques, “a preocupação das empresas financeiras é a de propor alternativas de financiamento que simplifiquem a vida aos clientes. Os clientes, hoje em dia, já querem tratar de tudo online, de forma rápida, simples e eficaz e é aí que temos de focar os nossos esforços”. Pedro Nuno Ferreira reforça ainda a necessidade de harmonização no tratamento entre os diferentes canais de comercialização. “Um cliente que vai a um espaço físico não quer ser tratado de forma diferente de um cliente do canal digital. Não há clientes de primeira e de segunda”.
Pisca-Pisca Green, novidade em primeira mão
A APDCA é parceira desde a primeira hora do portal Pisca-Pisca, tendo estado na génese deste projeto disruptivo. Depois de ter dado a conhecer o portal Pisca-Pisca na 3ª Convenção, em 2020, ficámos a saber que esta plataforma online superou em muito as expetativas iniciais e que se prepara para alargar ainda mais os seus serviços e a oferta personalizada. Paulo Figueiredo, do Pisca-Pisca, aproveitou a ocasião e este palco privilegiado para anunciar o novo Pisca-Pisca Green. Como o nome deixa antever, esta novo portal dirige-se aos veículos amigos do ambiente, mas, sem querer levantar muito o véu, o responsável do portal esclarece que “não é só, já que o âmbito do Pisca-Pisca Green vai muito além disso”.
Programa Usado Certificado como fator diferenciador
O Programa Usado Certificado, tema que, aliás, deu o mote para a intervenção de Vítor Gouveia, membro da direção da APDCA e que pegou nas palavras dos oradores da mesa redonda das garantias, para realçar a importância do Usado Certificado da APDCA até como prova de conformidade da viatura. Destacando o facto de toda o processo de certificação ser feito por empresas independentes, assegurando a idoneidade do mesmo. Mais, só podem ser certificadas as viaturas aderentes ao programa de certificação e a decisão sobre a sua adesão ao mesmo estará sempre sob do escrutínio final da Associação. Este serviço está disponível em todo o território de Portugal continental, mas a APDCA está a trabalhar afincadamente no sentido de ampliar a capilaridade da rede de forma a cobrir ainda mais associados, nomeadamente no interior e nas ilhas. Para isso, estamos a promover novas parcerias com empresas que garantam essa acrescida proximidade.
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