“A Metalomecânica representa uma fatia importante na indústria em Portugal e na exportação”

Na entrevista com a Revista Pontos de Vista, Margarida Bento, Plant Manager e Sócia Gerente da Metalmab Engineering, falou da evolução desta empresa no mercado, que, aliás, celebra, este ano, seis anos de história. Para além disso, a entrevistada referiu ser fundamental reforçar a divulgação do trabalho que é desenvolvido na indústria Metalomecânica, para atrair os jovens e assim responder há falta de mão de obra, que reside no setor.

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A MetalMab Engineering é uma empresa que se dedica ao fabrico de peças de precisão e que celebra seis anos de história em 2023. Nesse sentido, como nos descreve a evolução da marca no mercado e que balanço faz do crescimento do setor da metalurgia e da metalomecânica, ao longo destes anos?
A Metalmab começou por ser uma empresa que se dedicava apenas há fabricação de peças, segundo desenho do cliente em fresagem apenas, rapidamente evoluímos para a fabricação de peças em tornearia e nestes últimos três anos expandimos a área de negócio para a fabricação de fachadas para edifícios, segundo projeto do cliente. Tem sido um trabalho árduo, mas muito gratificante. Penso que, a Metalomecânica representa uma fatia importante na indústria em Portugal e na exportação, mas que, muitas pessoas, ignoram esse contributo e o crescimento que a indústria metalomecânica tem tido nos últimos anos. Portugal, tem empresas e técnicos capazes de produzir ao nível de países do centro da Europa, que são conhecidos pelas suas capacidades técnicas e rigor.

A Margarida Bento é Plant Manager e Sócia Gerente da Metalmab Engineering. Tendo em conta o seu percurso profissional nesta «casa», quais são os fatores diferenciadores da empresa, que têm contribuído para o respetivo reconhecimento nacional e internacional?
Os fatores diferenciadores têm sido sobretudo a qualidade, o respeito pelos prazos e a parceria, que procuramos estabelecer com os nossos clientes, não sendo apenas clientes, mas muito mais que isso, procurando encontrar soluções ao nível técnico, que ajudem os clientes a levar os seus projetos a bom porto.

A empresa trabalha com diferentes tipos de materiais, como por exemplo, o aço, o alumínio, o cobre, entre outros. Face à exigência e às caraterísticas destes materiais, é fundamental apostar em equipamentos tecnológicos e inovadores, até para facilitar o vosso trabalho de produção? E de que modo a empresa transformou este processo de inovação mais fácil e bem acolhido no mercado?
A inovação e o investimento em tecnologia foram desde o início uma aposta que fizemos, procurando as últimas tecnologias e penso que é fundamental esse ponto no crescimento de qualquer empresa, só assim permite estarmos ao nível dos nossos concorrentes diretos e otimizar custos e processos. Isto, permite aos nossos clientes saberem que temos a capacidade tecnológica de realizar os seus projetos em menos tempo, com menos erros e sobretudo numa altura em que tudo aparece para “ontem”, e o que há alguns anos atrás tinha um planeamento detalhado e demorado, tornou-se cada vez menos detalhado devido à urgência, é mais exigente, portanto a vários níveis.

Direcionemos a conversa para uma outra questão. Nos dias de hoje, a sociedade e as organizações reúnem esforços para implementarem práticas sustentáveis. Nesta matéria, qual é que tem vindo a ser o papel da Metalmab Engineering? A empresa, por exemplo, tem procurado contribuir para a reciclagem dos materiais que utiliza nas peças que fabrica?
Nós fazemos reciclagem de materiais, estamos empenhados no uso da energia solar como uma fonte de energia limpa. Procuramos que os tratamentos e as empresas que trabalham connosco assumam uma responsabilidade ambiental clara e procuramos sensibilizar os nossos colaboradores para este tema ambiental, que, muitas vezes, ainda é visto como sendo um assunto dos Governos e instituições e muito pouco do indivíduo como ser individual.

Nos últimos tempos, há uma expressiva falta de mão de obra no setor da metalurgia e da metalomecânica. Considerando a sua experiência profissional no ramo, a que se deve esta dificuldade e o que deveria ser feito para atrair os jovens? Na Metalmab Engineering também tem sido um desafio captar Recursos Humanos? Se sim, como é que tem sido ultrapassado?
Há uma falta de mão de obra bastante grande e declarada, sobretudo ao nível técnico. Penso que, muito pouco dos nossos jovens têm conhecimento das várias profissões que se podem ter nesta área, não conhecem a área, continuam a achar que é uma área pesada e suja. E esta falta está sobretudo, do meu ponto de vista, da falta que há nas escolas até ao 9ºano de fazer as crianças perceber o que se faz nesta indústria exatamente, porque no dia a dia das pessoas há imensas coisas que precisam da indústria metalomecânica, mas as pessoas e neste caso as crianças não fazem ideia. E penso que, seria surpreendente para estes jovens perceber o nível de inovação e tecnologia que envolvem estas profissões e que eles tanto gostam e são “tanto o mundo destas novas gerações”. Nós, tentamos realizar protocolos com escolas e universidades, de modo a que tenham acesso ao mundo da Metalomecânica e fazê-los perceber o que fazemos e para quê e mostrar-lhes o resultado, e asseguro que muitos ficam fascinados com o resultado de algumas peças para o que servem e mesmo com projetos finais como acontece no caso das fachadas de edifícios, em que o resultado final é espetacular e gratificante

O dia de aniversário também é um momento para fazer reflexões e previsões. A subida galopante da inflação em Portugal e o aumento dos custos de energia, têm sido um desafio para a Metalmab Engineering? Atendendo à conjetura nacional e internacional, como perspetiva o futuro do setor da metalurgia e da metalomecânica?
A inflação como em todas as áreas é um assunto sempre desestabilizador e que faz olhar para a empresa e para o negócio numa perspetiva diferente. As empresas são obrigadas a encontrar estratégias para diminuir o impacto, mas não o conseguem evitar. O mercado retrai-se e, obviamente, as vendas tendem a contrair-se. Na metalomecânica não é diferente, e como é um setor pouco vistoso ao nível dos media e pouco glamouroso não há muita tendência para apoiar verdadeiramente as empresas que são criadoras de riqueza e que a Indústria metalomecânica o é verdadeiramente. Infelizmente, o setor da Metalomecânica ainda está muito longe der ser visto em países como a Alemanha, França e outros que percebem que são indústrias que produzem efetivamente e que, portanto, trazem riqueza para o país e precisam de apoios muitas vezes não só monetários, mas de estratégia.

Falemos agora do futuro da Metalmab Engineering. Que projetos urge realizar durante o ano 2023? Por exemplo, há planos de expansão da empresa a curto prazo?
Estamos a estudar uma nova área de negócio que para já não vou divulgar, por estar ainda em projeto, mas entendo que uma empresa nunca pode estagnar e que se tem que reinventar todos os dias, todos os anos, para se manter viva e em crescimento.

Por último, que mensagem gostaria de deixar à sua equipa, parceiros e clientes, pelos seis anos de atividade da Metalmab Engineering?
Gostaria de agradecer o contributo de todos, que de uma forma, ou de outra nos têm ajudado a crescer e a sonhar e que se mantêm connosco.