“As Fusões e Aquisições são uma maneira eficaz de uma empresa acelerar o crescimento”

Em conversa com a Revista Pontos de Vista, Bernardo Maciel, CEO da Yunit Consulting, abordou, entre vários temas, os processos de Fusões e Aquisições (M&A) e de que forma esta abordagem pode ser encarada como uma estratégia de crescimento e posicionamento no mercado. Saiba tudo.

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A missão da Yunit Consulting é a de apoiar as PME portuguesas a estarem bem preparadas, tornando-as mais competitivas. Face à atividade da marca, de que forma as suas soluções são orientadas para o crescimento e eficiência das empresas?

O nosso foco está sempre no apoio às necessidades na gestão das empresas e suporte na procura de soluções para os seus investimentos, financiamento, inovação e crescimento do negócio.

O apoio à capitalização e investimento das PME, enquanto impulsionadores do crescimento e eficiência das empresas, tem sido um eixo estruturante da nossa atividade, sendo que o nosso valor acrescentado varia de acordo com o âmbito dos projetos e clientes, mas passa sobretudo por ajudá-los a viabilizar os seus projetos de investimento (aumentar a capacidade produtiva, adquirir novos equipamentos, expandir a atividade nos mercados internacionais ou apostar na conceção e criação de novos produtos) e na otimização fiscal dos investimentos que efetuam, de forma a reduzir a carga fiscal a que estão sujeitos e, deste modo, aumentar a sua liquidez.

No caso da preparação dos projetos de investimento, o nosso apoio concretiza-se na definição da melhor estratégia de acordo com os objetivos da empresa, bem como no suporte a todo o processo (estruturar o investimento e relacioná-lo com as fontes de financiamento), reduzindo o esforço exigido durante a execução e até à implementação. Além disso, os fundos comunitários têm apresentado desafios crescentes ao longo dos anos, com alterações dos critérios do mérito, que têm levado a nossa equipa a responder e a adaptar-se para continuar a dar uma resposta e criar valor nos nossos clientes. Não é por acaso que este rigor nos permite ter uma taxa média de sucesso nos projetos de cerca de 80%.

No que diz respeito à fiscalidade, temos apoiado empresas que pretendem otimizar fiscalmente a sua gestão financeira (reduzir a carga fiscal), mas que têm dificuldade (por falta de tempo, equipas dedicadas ou complexidade das soluções existentes), em aprofundar quais as melhores oportunidades entre os vários benefícios fiscais disponíveis, ajudando-as a tirar partido desses instrumentos, com uma taxa de sucesso de cerca de 100%.

A procura de investidores, a abertura de capital ou olhar para o crescimento através da aquisição de outras sociedades passaram a marcar presença de forma significativa nas opções dos gestores e empresários portugueses. E esta também tem sido uma área em que temos apoiado os gestores não só no aconselhamento e estruturação das operações, com preparação das empresas para os processos de compra ou venda e previsão de cenários pós-transação, bem como na promoção ativa e divulgação do negócio permitindo o acesso a um universo maior de compradores e vendedores.

Para que o nosso propósito seja cumprido é fundamental o rigor no diagnóstico e levantamento das necessidades, reunir os recursos e competências adequadas assim como um elevado compromisso com o resultado pretendido. Para que as empresas tomem melhores decisões e possam dar um salto qualitativo no seu crescimento, importa o foco na inovação e reforço da sua competitividade. Assumimos como estratégia a combinação de recursos da área económico-financeira com diferentes especialidades de engenharia. E esta opção tem sido crítica para dar resposta aos desafios cada vez mais complexos das empresas. Por um lado, temos de ser capazes de nos envolvermos na reflexão estratégica e no apoio à tomada de decisão dos gestores e, por outro, ter capacidade e compromisso na execução dos diferentes projetos, onde a profundidade técnica e competência faz toda a diferença. Esta tem sido a nossa principal diferenciação, mais que isso, o nosso compromisso.

Se, por um lado, hoje vivemos numa aldeia global que nos permite encontrar inúmeras facilidades, por outro, os desafios também podem afetar todo o espaço geográfico de forma mais rápida e resistente. Analisando o setor onde a Yunit Consulting se situa, quais diria que são os grandes desafios atuais das empresas?

A mudança acentuada das tendências e dos comportamentos ao nível do consumo (seja num contexto B2C ou B2B), os elevados custos de produção, a revolução nas cadeias de abastecimento a nível mundial (onde a disponibilidade de matérias e equipamentos e a logística têm tido um impacto determinante), a falta de previsibilidade e incerteza, um custo do financiamento e da dívida mais elevados e a necessidade de atrair, capacitar e reter talentos, são alguns dos focos de incerteza e de preocupação para as empresas e que não podem ser ignorados na hora de planear e implementar os seus investimentos em 2023.

Para que as organizações sejam cada vez mais competitivas é fundamental que a Inovação e a procura crescente da internacionalização e diversificação dos mercados estejam no topo das prioridades e dos objetivos estratégicos.

No entanto, as PME têm uma capacidade de adaptação à mudança maior e mais rápida que as restantes empresas. Se forem capazes de olhar de forma desinibida para diferentes formas de atuação, pode estar aí o segredo do sucesso: reforçar presença nos mercados externos, alianças estratégicas, equacionar fusões e aquisições, disponibilidade para outros instrumentos para financiar o investimento como Venture Capital, por exemplo, entre outros. Estas alternativas estratégicas podem fazer das fraquezas, forças determinantes.

Tendo em conta a conjuntura global, diria que é cada vez mais recorrente por parte das empresas a procura pelas Fusões & Aquisições (M&A), como estratégia de crescimento e posicionamento no mercado, tanto a nível nacional como internacional? Por que motivos?

Considerando as dificuldades de crescimento orgânico e o custo corrente do capital e/ou excedentes de tesouraria, as operações de Fusões e Aquisições desempenham um papel decisivo no âmbito da criação de valor e nas atuais dinâmicas de crescimento das empresas, assumindo-se como uma componente chave da estratégia organizacional, tanto no mercado interno como externo, uma vez que representam uma das opções estratégicas mais rápidas e eficazes para esse crescimento, promovendo a inovação e alavancando vantagens competitivas.

As Fusões e Aquisições são uma maneira eficaz de uma empresa acelerar o crescimento e aumentar sua presença no mercado num curto período de tempo, em comparação com o crescimento orgânico. Além disso, também podem ser usadas para diversificar o risco do negócio, adquirindo empresas em setores diferentes ou geografias distintas. Temos assistido a este movimento tanto por parte de investidores estrangeiros que procuram ativos em Portugal, como por parte de empresas portuguesas que querem crescer lá fora por via de aquisições, adquirindo ativos complementares e, desta forma aumentando a sua capacidade produtiva ou de distribuição. O Investimento direto estrangeiro tem hoje uma presença permanente, proativa e agnóstica do ponto de vista setorial e da dimensão das empresas.

Nalguns casos, assistimos também a empresas que estão a utilizar as M&A como uma estratégia defensiva para proteger sua posição no mercado, adquirindo concorrentes ou empresas que possam se tornar uma ameaça futura, aumentando deste modo a sua participação no mercado, adquirindo os seus clientes e, claro, diminuindo a concorrência.

Por fim, e sempre incontornável, temos o desafio da transição geracional. Sendo Portugal um país marcado por empresas de cariz familiar, a sua continuidade e sustentabilidade deve encarar as fusões e aquisições como um caminho a considerar na avaliação das hipóteses e do plano estratégico a longo prazo.

Contudo, muitos ainda afirmam existir a ideia de que a maioria dos empresários portugueses receia, não só a entrada de novos investidores, como também a decisão do momento certo para dar esse passo. Face à sua experiência, em que medida urge desmistificar a realidade do processo de M&A?

A abertura de capital a investidores ou a utilização de fundos de investimento e de Private Equity são apenas mais instrumentos financeiros disponíveis que competem com outros existentes. O fundamental é, antes de qualquer passo, ter claros os objetivos pretendidos, planeamento adequado e atempado e claro, assessoria profissional. Ter opções, analisar alternativas, discutir termos, avaliar os diferentes impactos nos diferentes stakeholders. A procura de investidores, a abertura de capital ou olhar para o crescimento através da aquisição de outras sociedades passaram a marcar presença de forma significativa nas opções dos gestores e empresários portugueses.

No entanto, num contexto empresarial em que a maioria das empresas é um negócio de família, a opção de abertura de capital a novos investidores ainda é vista com algum ceticismo e pode parecer um processo complexo e algo intimidador.

O nosso contributo para desmistificar este tipo de processos tem passado essencialmente pela sensibilização e orientação das empresas e dos seus gestores sobre este tema: como funciona; quais são as etapas do processo; quais os objetivos para a transação (expansão para novos mercados, diversificação de portfólio ou obtenção de sinergias operacionais).

Desta forma, alinhamos expetativas e conseguimos ajudá-las a encararem esta estratégia de crescimento e posicionamento no mercado de forma mais confiante e consciente e a garantir que, caso avancem com esta opção, o processo é bem-sucedido e benéfico para a empresa.

De acordo com o relatório mais recente elaborado pela plataforma tecnológica-financeira Transactional Track Record, o mercado transacional português registou, em janeiro de 2023, uma redução de 33% na quantidade de capital mobilizado em operações de M&A, em termos homólogos. Na sua opinião, o que justifica esta descida e que impacto a mesma terá no setor?

Analisando em retrospetiva o ano de 2021 e o início de 2022, existiu claramente um crescimento significativo do capital mobilizado relativamente aos períodos homólogos transatos, maioritariamente decorrente da conclusão de operações de dimensão muito significativa para o mercado português, podendo enviesar eventuais conclusões.

Não obstante, obviamente que o cenário de incerteza que vivemos e que inclui uma subida acentuada das taxas de juro, num curto espaço de tempo, conjugada com a guerra na Ucrânia, a inflação galopante e, mais recentemente, a crise bancária, poderá certamente influenciar a tomada de decisão.

Todavia, como players ativos neste mercado, notamos que os decisores começam a habituar-se ao cenário de incerteza que perdura desde 2020. Assim, constatamos a existência de uma maior ponderação nas decisões, mas não uma retração e/ou cancelamento de investimento pelo que não prevemos uma alteração significativa do mercado durante o ano de 2023.

No que concerne às indústrias, o setor imobiliário foi o mais ativo em janeiro, com 15 transações, tendo os serviços de suporte aos negócios ficado na segunda posição, com quatro operações de M&A. Seguiram-se as energias renováveis e o embalamento de produtos. Face ao panorama geral da atualidade do M&A, como perspetiva os próximos meses?

Conforme estava a mencionar e, contrariamente ao período inicial da pandemia, o cenário de incerteza passou a ser parte do dia a dia dos gestores não sendo possível adiar as decisões. Na Yunit, assistimos a uma aceleração da atividade durante o primeiro trimestre e as dinâmicas que verificamos no mercado levam-nos a acreditar no seu crescimento em 2023.

Da nossa perspetiva, temos vindo a assistir a dois eixos bastante relevantes. Por um lado, verificamos que as empresas de maior dimensão estão ávidas por crescimento de forma a i) ganhar quota de mercado, ii) alargar novas competências (com especial destaque para I&D) e iii) entrar em novos mercados quer geográficos quer áreas de atuação.

Por outro lado, temos vindo a acompanhar várias Startups e PME em processos de fundraising, que pretendem dar o salto para novos níveis de competitividade e presença em mercados internacionais. Salientamos, ainda, um número crescente de empreendedores estrangeiros com projetos realmente inovadores e que mudam a residência para Portugal, iniciando a angariação de capital junto de private equity e investidores nacionais.

Gostaria também de acrescentar que, nesta fase do ciclo económico, a capitalização das PME será um eixo central para o sucesso das mesmas. Neste âmbito, acreditamos também que irá haver uma aceleração da procura deste tipo de soluções, quer seja ao nível do Banco de Fomento ou de Private Equity, mais vocacionadas para este segmento.

A capitalização das empresas e a sua capacidade de fazer frente aos desafios constantes que as mudanças exigem, colocam o M&A como uma opção relevante a considerar. Neste sentido, de que forma a Yunit Consulting ajuda a credibilizar a operação junto dos potenciais compradores, vendedores e instituições financeiras, para que conclua o seu negócio com sucesso?

Na Yunit, privilegiamos uma abordagem de proximidade e focada na criação de valor para os nossos clientes. Aqui encontram uma equipa especializada que estuda a adequação do processo de M&A à sua realidade e que acompanha em permanência em todas as fases do processo, desde a análise de oportunidades de aquisição até a negociação e integração das empresas. O conhecimento profundo do mercado e das empresas portuguesas, a proximidade às Sociedades de Capital de Risco, Fundos de Investimento, Private Equity e Banca são também pontos críticos da nossa atuação, assim como as parcerias internacionais que temos estabelecidos em geografias estratégicas para o nosso mercado.

Vários estudos referem uma taxa de insucesso nas operações superior a 50%, que decorre, maioritariamente, da não concretização dos objetivos definidos inicialmente. Ter desde início um roadmap claro e os objetivos da operação pretendida são fundamentais para o seu sucesso. Por isso, identificamos sempre muito bem quais as motivações por detrás desta opção e, com isso, alinharmos expetativas e objetivos relativamente à operação. Além disso, e já durante o processo, asseguramos que dimensões como a humana, cultural e estratégica das partes envolvidas não são esquecidas, bem como a realização de um processo de due diligence rigoroso e exaustivo para evitar contratempos no futuro. Por último, é de salientar que, mesmo antes da celebração da conclusão da operação, é necessário começar a preparar o day after, o chamado Plano de 100 dias. Este é uma ferramenta fundamental para definir ações com vista à concretização dos objetivos e aproveitar o momentum.

Adicionalmente não abdicamos da transparência nos processos e gestão da operação assim como de todo o suporte técnico e financeiro especializado pois acreditamos que só assim podemos ser eficazes e competentes na missão que nos é endereçada.Esta nossa abordagem credibiliza a operação e assegura a confiança necessária para que a transação seja bem-sucedida e os interesses dos nossos clientes protegidos.