“Na ARKEO Construction todos acabamos por ser Líderes das nossas tarefas”

Joana Lota é Diretora Geral da ARKEO Construction, e, por isso, um exemplo de liderança no feminino. A própria, na entrevista com a Revista Pontos de Vista, ressalvou as caraterísticas de um bom líder e destacou a importância do Capital Humano para o crescimento e sucesso de uma organização.

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A Joana Lota é Diretora Geral, um grupo de incorporadoras imobiliárias, com mais de 15 anos de experiência. O que é que lhe fascina neste cargo de liderança, que abraçou muito recentemente?
Tudo me fascina no cargo que desempenho, na empresa onde desempenho, todos os dias são diferentes, todos os dias temos desafios, onde aprendo, diariamente, novas coisas, além de que aqui não existe o medo de falhar, pois sabemos e acreditamos que é muitas vezes quando falhamos que aprendemos as nossas valências e as soluções para os problemas.

Tendo em conta o seu atual cargo, o que define uma boa liderança? Podemos afirmar que é um papel gratificante, mas também complexo?
Sempre ouvi dizer, que um bom líder é aquele que veste a camisola e dá o exemplo, então é isso que faço nesta empresa, aqui usamos um título/cargo porque assim é exigido, mas na dinâmica da empresa todos somos colegas e trabalhadores árduos a desempenhar as tarefas que são necessárias para chegarmos aos nossos objetivos. Aqui, todos acabamos por ser líderes das nossas tarefas.

Olhando agora para a sua carreira, que é pautada por um portefólio diversificado, que tipo de mais-valias os diferentes cargos que ocupou lhe trouxeram à sua vida pessoal e profissional?
Todos os cargos que fui desempenhando ao longo da vida, mesmo os part-time’s no verão foram imprescindíveis para a minha vida, desde a capacidade de “encaixe” ao à vontade para falar em público e posicionar-me perante as situações.
Sempre fui muito «formiguinha» e sempre amei trabalhar, amo aprender. Então, ao longo do tempo, fui-me cruzando com várias pessoas que me transmitiram bons ensinamentos. Hoje, sou alguém mais culta, mais interessada no mundo, na política, na economia, pois essas pessoas foram despertando em mim interesses, que eu própria desconhecia.

Falemos agora do setor. Considera que, ocupar cargos administrativos no ramo imobiliário e da construção, ainda é algo visto pela sociedade como uma posição, maioritariamente, preenchida por Homens? Se sim, a quê que isso se deve?
Eu acho que, muitas vezes, nós próprias (Mulheres), evitámos concorrer a certos cargos por pensar isso. No entanto, acho que a porta não se fecha por sermos Mulheres, bem como a nível mesmo de terreno, só não existem mais Mulheres a trabalhar na área, muitas vezes por falta de iniciativa da nossa parte.

Que análise perpetua do papel feminino no universo empresarial? Na sua opinião, quão importante é termos mulheres em cargos de decisão?
Todos somos necessários e em todos os cargos e profissões, creio que a Mulher carrega com ela outra sensibilidade e uma capacidade de “multitask’s” que sabemos que o Homem não tem. Essa capacidade da Mulher beneficia-nos muito, além de que temos uma capacidade incrível de antever problemas e criar toda uma rota para a resolução dos mesmos.

Segundo o Barómetro das Empresas Familiares apresentado no ano passado pela consultora KPMG, dos CEO que, estavam em funções na altura em que foi realizado o inquérito, apenas 5% eram mulheres. Sendo Diretora Geral, na sua perspetiva, acredita que, muitas vezes, falta confiança às Mulheres, relativamente às suas valências profissionais, o que as impede de enveredarem por altos cargos administrativos?
Não tenho dúvida nenhuma disso, o medo de recebermos um não como resposta, o medo de não sermos suficientes e mais importante de tudo o medo que ao nos desenvolvermos profissionalmente, acabemos por deixar o nosso lado familiar (casamento, filhos) em segundo lugar e o que as pessoas irão dizer por termos colocado a nós e aos nossos sonhos e às nossas ambições, em primeiro. Esquecemo-nos que (falo por mim) os nossos filhos seguem os nossos exemplos e não aquilo que nós dizemos, então se eu quero ter filhos resilientes, que vão à luta, que voam, que sonham e que conquistam, então quem melhor para lhe dar o exemplo do que eu?! Eu tenho esse exemplo dos meus pais e é isso que nunca me faz cruzar os braços.

Direcionando a conversa para um outro tópico. De facto, as organizações são feitas de Pessoas. Neste sentido, em que medida as equipas têm sido a fórmula de sucesso?
Aqui, na nossa empresa, acreditamos que todos nós temos algo a acrescentar e todos nós somos importantes. não existe aqui a divisão por cargos. todas as ideias são válidas e todos somos ouvidos e respeitados. acredito que isso seja a nossa fórmula de sucesso.

Neste momento, a empresa constrói e vende para mais 1.000 unidades na América e na Europa. De que forma sente, com a liderança que pratica no seio da empresa, que está a alavancar um país e uma língua, além-fronteiras?
Se nos deixarem, construiremos até na lua. Todos nos sentimos muito motivados, pois aqui temos voz e somos recompensados por pensar “fora da caixa” e ser ambiciosos.

Para terminar, que marca gostaria de deixar à equipa? E que conselho gostaria de transmitir a alguém que ambiciona atingir uma posição de liderança?
A marca que gostaria de deixar à equipa é que efetivamente somos uma equipa e que sempre remamos todos para a mesma direção. Quanto ao conselho, não tenham medo do não. Enviem CV, mesmo que achem que ainda não estão preparados, ou não têm as qualificações necessárias.
Sonhem, lutem, ambicionem, não fiquem à espera que alguém vos venha bater à porta a oferecer uma oportunidade. É normal sentir medo, mas ainda assim devemos ir, o medo é uma reação normal à mudança. Já dizia Roosevelt “Sempre que lhe perguntarem se sabe fazer um trabalho, diga que sim e apresse-se em descobrir como executá-lo”.