O Presente e o Futuro da Intermediação de Crédito em Portugal

À conversa com a Revista Pontos de Vista, esteve Cátia Clemente. Enquanto Diretora de Crédito das agências imobiliárias DS Braga Centro e DS Braga Tribunal, que faz parte do grupo Decisões e Soluções, abordou o panorama atual do setor da Intermediação de Crédito, mas também salientou o trabalho que deve ser desenvolvido, no ramo, para colmatar a baixa literacia financeira, neste país.

908

Portugal está a atravessar uma «maré» de instabilidade económica e financeira. As soluções de crédito «vivem», agora, uma nova realidade com a subida das taxas de juro. A situação atual do setor da Intermediação de Crédito foi o «pano de fundo» para a entrevista da Revista Pontos de Vista com Cátia Clemente, Diretora de Crédito das agências imobiliárias DS Braga Centro e DS Braga Tribunal, que pertence ao grupo Decisões e Soluções, presente há 20 anos no mercado nacional e com mais de 400 lojas espalhadas pelo país.

E vendo o «copo meio-cheio», a interlocutora, começou por evidenciar que as dificuldades sentidas na Intermediação de Crédito, por causa do aumento das taxas de juro, são, por um lado, um “desafio para as famílias”, mas, por outro, “uma oportunidade de crescimento para o setor”, uma vez que os clientes têm que estar mais informados sobre as alterações ao seu rendimento, “portanto não há nada melhor do que contactar um intermediário de crédito, que, de forma isenta, lhes apresenta as várias soluções existentes no mercado”. Aliás, “é nesta conjuntura, que se reforça sua importância para as famílias”, acrescentou a entrevistada.

Apesar deste serviço ser recente em Portugal, está a arrecadar, a passos largos, consumidores. Na perspetiva de Cátia Clemente, é na habitação, que a Intermediação de Crédito tem tido um papel especialmente importante. Embora tenha confessado que há “um peso muito grande de profissionais especializados no crédito pessoal e no crédito automóvel, nomeadamente”, afirmou que “é devido ao crédito à habitação que os consumidores mais conhecem e procuram este serviço, pois o momento de contratação deste crédito está associado a uma mudança de vida que acontece normalmente uma a duas vezes na vida”. Segundo a Diretora de Crédito, esta situação não é similar aos créditos automóveis, visto que a troca de veículo é mais recorrente, ao longo do período de vida do consumidor, logo não é uma “decisão tão ponderada”, como acontece quando falamos de habitação.

Num discurso também pautado pela positividade e esperança, a entrevistada fez questão de ressalvar que os cidadãos portugueses, perante as adversidades, “têm uma fácil capacidade de adaptação”. Para além disso, referiu que, neste momento, a própria Banca “também se está a adaptar e a apresentar propostas”. “Portanto, ainda existe um caminho que pode ser feito para a redução de encargos das famílias, sem que tenham que perder as suas casas, ou que tenham que as vender para comprar outras, mais baratas”, assegurou a nossa interlocutora.

Ainda no mesmo tópico de conversa, Cátia Clemente esclareceu que na agência que lidera têm feito “bastantes renegociações de crédito, em que são possíveis seja a redução de spread, alterações de seguros associados, ou produtos associados ao crédito, e até agora temos sido bem-sucedidos e conseguido encontrar soluções”, de modo a diminuir os custos de clientes e famílias.

Regulamentação e transparência: os desafios da Intermediação de Crédito

E antes de mudarmos de tema, também conversamos sobre os desafios da Intermediação de Crédito. Para Cátia Clemente é fundamental uma “maior regulamentação” e transparência no setor da Intermediação de Crédito, já que este é “como todos os outros mercados e as burlas podem sempre existir”. Questionada sobre a intervenção do Banco de Portugal, neste tipo de acontecimentos, a entrevistada frisou que o Regulador “tem estado atento e a verificar os meios, em que essas situações são evidentes, que são, nomeadamente no digital”.

 “Ainda existe muita falta de literacia financeira” por parte das famílias portuguesas

A conversa com Cátia Clemente foi direcionada para um outro assunto: a literacia Financeira. Considerando esta questão, a responsável pelas agências DS Braga Centro e DS Braga Tribunal concordou que, no setor das finanças pessoais e familiares em que a Intermediação de Crédito atua, “ainda existe muita falta de literacia financeira”, por parte das famílias portuguesas. “Há ainda muito por se descobrir, ainda existem muitos clientes e famílias que não sabem como a Intermediação de Crédito os pode ajudar e as vantagens que podem ter com este serviço”, revelou a interlocutora.

Para travar esta «onda» de desconhecimento, a Diretora de Crédito destacou que “existem cada vez mais bons profissionais a trabalhar e a informar” os consumidores e que estes, hoje, têm um acesso mais fácil e rápido à informação, ou seja, “basta estarem atentos na comunicação social, redes sociais ou jornais e conseguem obter respostas.” A acrescentar a isto, a empresária Cátia Clemente informou que o grupo Decisões e Soluções também abraça este propósito, “tanto a nível local, quer como nacional”, através da sua “forte presença no digital” e nos diferentes meios de comunicação social.

Inovação: a «aliada» para a “divulgação do conhecimento” ao cliente

Tal como tem ocorrido em outras áreas de atividades, também neste setor da Intermediação de Crédito “tem vindo a adaptar-se” e a apostar na inovação, assumiu Cátia Clemente. A própria realçou que este «chavão» tem sido importante para a “divulgação do conhecimento”, ou seja, para a “forma como a informação é transmitida ao cliente”. “Temos que adaptar a forma como comunicamos para garantir que o cliente sabe o que é que está a ser comunicado e o serviço que está a ser apresentado, para não ser iludido”, algo que, “por vezes, pode acontecer com um marketing rápido”, elucidou a empresária. E para evitar esses casos, a mesma, alertou que a comunicação deve ser baseada no rigor e na transparência, de modo que o consumidor fique, inteiramente, esclarecido e que a função do intermediário de crédito seja vista “como um serviço essencial de referência e não como um serviço prescindível e sem rigor”.

O vindouro da agência e do setor da Intermediação de Crédito

Atendendo à conjetura nacional e internacional, Cátia Clemente assegurou que a agência que representa vai continuar a acompanhar e a prestar apoio aos seus clientes, bem como contribuir para que o setor da Intermediação de Crédito seja mais transparente, a começar pela “formação que dá nas lojas aos seus colaboradores”. “O foco é, sempre, a transparência e a comunicação do serviço”, completou a Diretora de Crédito.

A par disso, a empresária fez questão de referir que a empresa, é “uma das agências imobiliárias com maior impacto”, em Braga, e que a mesma “cresceu no ano passado e projeta-se para crescer este ano”. “A nível da intermediação de crédito, também existe um crescimento, fruto do trabalho que temos vindo a fazer, tanto no mercado nacional, como no mercado internacional”, retorquiu Cátia Clemente. A mesma, acredita que “a adaptação ao mercado e às exigências que têm aparecido”, a procura de conhecimento e de “novas soluções para o público em geral”, são os fatores de diferenciação do seu negócio. Para a Diretora de Crédito, o sucesso da agência deve-se “ao bom serviço” prestado, que, depois, acarreta recomendações e “reconhecimento no mercado”.

Relativamente ao setor, a interlocutora revelou, mais uma vez, que 2023 “será um ano de desafios” e que esses poderão ser vistos como “oportunidades”. Além disto, sublinhou que o reforço da regulamentação, nesta área de atividade, exigirá um “maior rigor” a todos os intervenientes, no que toca à apresentação do trabalho que será desenvolvido. Isso, no ponto de vista da entrevistada, será positivo “para todo o mercado” e para demonstrar “credibilidade e confiança” à carteira de clientes. Para concluir, Cátia Clemente, confidenciou que, o presente ano, também será “uma era muito boa para o aumento da literacia financeira”.