“A Formação é essencial para o desenvolvimento de um País”

Luís Veloso de Almeida, CEO da Transcom – Sociedade de Formação e Consultadoria, S.A., abordou, em entrevista à Revista Pontos de Vista, as mais-valias que a marca promove a nível de formação, estudos e consultoria no mercado e, consequentemente, o seu contributo para Moçambique.

230

A Transcom, S.A, aporta uma dinâmica fundamental no domínio da formação contínua, estudos e consultoria. No sentido de contextualizar o nosso leitor, e desde a sua génese, em 1998, que balanço é possível perpetuar da orgânica da marca e do seu contributo ao mercado pela sua atuação?
A Transcom, que este ano completa 25 anos de existência, continua fiel aos princípios para a qual foi criada – contribuir para o desenvolvimento de Moçambique através da formação superior e profissional focada na qualidade, inovação e ética. Para tal, criou o ITC – Instituto Transportes e Comunicações em 1998 e o ISUTC – Instituto Superior de Transportes e Comunicações em 2000. O balanço ao fim destes anos é muito bom, com um elevado reconhecimento do mercado de trabalho pela qualidade dos nossos alunos, tendo já formado mais de 1.000 engenheiros e gestores e mais de 2.000 técnicos médios.

Que mais-valias promove a marca ao nível de formação, estudos e consultoria e que impacto é que esse know-how aporta aos vossos clientes e mercado?
As marcas mais relevantes são o ISUTC, formação superior com licenciaturas em engenharia e em gestão, o ITC com cursos profissionalizantes em áreas técnicas e o ISUTC – Executive Education, com programas de formação especializados de curta e média duração. São marcas com uma longa história e reconhecimento de qualidade e rigor em Moçambique, o que se traduz numa grande mais-valia para os nossos alunos pois sabem que irão ter uma educação de qualidade que os irá preparar para o mundo de trabalho e para as empresas que os recrutam, atendendo à credibilidade do ensino – um verdadeiro investimento com retorno positivo. Neste momento temos perto de 100% de empregabilidade dos nossos finalistas.

Têm maior incidência nas entidades públicas e privadas do setor dos transportes e comunicações. Porquê a aposta nestes dois segmentos e qual o nível de potencialidade que os mesmos aportam?
A aposta no setor dos transportes e comunicações resultou da necessidade de, em 1998, formar quadros superiores e técnicos nestas áreas, em Moçambique, que muita falta faziam numa altura em que o país começava a desenvolver as suas infraestruturas.  De notar que os primeiros acionistas da Transcom estavam ligados aos setores dos caminhos de ferro, telecomunicações e aviação. Hoje continuamos ligados a estes setores, com parcerias e projetos com entidades publicas e privadas, mas o âmbito da formação já é mais vasto, tendo o ISUTC licenciaturas em engenharia Electrotécnica, Civil, Informática, Mecânica, Ambiental entre outras.

A verdade é que neste momento nos encontramos num momento de competitividade global e cada vez mais concorrencial e dinâmica, em que os Transportes e Comunicações são decisivos para o crescimento económico e social. Assim, qual a relevância que a formação aporta a estas duas áreas?
A formação em engenharia e em áreas técnicas é da maior relevância nos dias de hoje e para o futuro, uma vez que tudo o que nos rodeia, quer na vida pessoal como profissional, envolve componentes tecnológicas complexas. A comunicação e os transportes são hoje vistos como commodities – bens e serviços indispensáveis no mundo global em que vivemos, mas também de difícil diferenciação e extremamente competitivos. A forma como mercadorias e pessoas se movem por todo o globo e a facilidade e rapidez com que é possível comunicar, seja voz seja dados, em e para qualquer parte do mundo, com custos muito reduzidos, torna a competitividade nestas duas áreas da maior relevância para o crescimento económico e social.

Quão importante é existir entidades como a Transcom, em Moçambique, no âmbito da formação nestes setores? Qual o potencial do mesmo nestas áreas e que lacunas é que ainda identifica nestas áreas de mercado e de que forma tem a Transcom vindo a contribuir decisivamente para a sua melhoria?
Atendendo à importância da formação, é fundamental que existam empresas como a Transcom em Moçambique, com projetos sustentados de educação, pois a população está a crescer a um ritmo acelerado. Em 2015 a população total era de 27,2M de habitantes e hoje já é superior a 33,0 M, dos quais 45% têm menos de 15 anos. Para que Moçambique possa tirar partido desta força de trabalho jovem é necessário um forte investimento em todos os ciclos do ensino, desde o primário ao superior, por parte do setor público e privado. Umas das grandes problemáticas do ensino no país é a taxa elevada de abandono escolar por parte dos estudantes, que tanto se faz sentido nos primeiros ciclos – primário e secundário – como no ensino superior. Este tema está a ser tratado pelas entidades governativas através de medidas importantes como o aumento da escolaridade obrigatória. Ao nível das instituições de ensino, o que melhor podemos fazer é oferecer um bom acompanhamento aos alunos e prepará-los, da melhor forma possível, para o mercado de trabalho. Uma abordagem segmentada ao ensino, com ênfase na especialização por setores, como fazemos desde o nosso início, contribui para a relevância e aplicabilidade imediata das competências adquiridas. Mas certamente será ainda possível fazer melhor – essa é a nossa preocupação constante!

Sente que o país e as suas organizações, nacionais e internacionais, necessitam, cada vez mais de recursos humanos com formação e capacitadas para o universo do emprego e do trabalho?
Sem dúvida. A formação é essencial para o desenvolvimento de um país. Sem recursos humanos capacitados de nada valem os outros recursos que possam estar disponíveis. A formação e a capacitação profissional são indispensáveis, especialmente num país como Moçambique que está numa fase de crescimento, de construção de infraestruturas básicas, de lançamento do setor industrial e agrícola e de adaptação para novos modelos com preocupações ambientais e de sustentabilidade. Nas nossas instituições de ensino temos sentido uma procura, cada vez maior de finalistas, por parte das empresas, em especial de áreas técnicas, o que comprova a necessidade de recursos qualificados.

De que forma perpetuam uma ligação com outros países da CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, mais especificamente com Portugal? É vital que haja esse sentido de parceria entre players privados e públicos para alcançar o sucesso?
É fundamental que existam parcerias e troca de experiências e know-how entre os vários players privados e públicos dos países da CPLP e até de outros países. Só com estas parcerias é que será possível a melhoria da qualidade do ensino e uma melhor preparação dos alunos para trabalharem em qualquer parte. Hoje, com a crescente integração internacional das economias, temos de preparar os jovens para trabalhar em Moçambique ou num outro pais, ou mesmo em empresas estrangeiras, pelo que a exposição das instituições de ensino ao exterior é crítica. No nosso caso, temos uma parceria com o ISCTE de Lisboa, que também é acionista da Transcom, para intercâmbio de docentes e alunos, assim como ações de formação nas áreas de gestão. Temos, também, uma parceria com o IST – Instituto Superior Técnico de Lisboa, com o mesmo âmbito, para as diversas áreas da engenharia.

Encontra-se na liderança da Transcom, S.A. desde março de 2020, ano em que se iniciou a pandemia da COVID-19. De que forma é que este panorama foi impeditivo para a marca alcançar os seus desideratos mais celeremente e como é que, como líder, os ultrapassou com o apoio da sua equipa?
É verdade, os anos de 2020 e 2021 foram anos atípicos e muito complicados, especialmente quando se está numa atividade como a nossa, em que o habitual era que todos os dias milhares de estudantes se encontrassem, com os docentes, em salas de aulas. Foi só com a dedicação e profissionalismo de toda a equipa da Transcom, do ISUTC e do ITC que foi possível ultrapassar este período difícil com o menor impacto possível. No ISUTC e ITC rapidamente colocámos em prática um conjunto de medidas, tais como dotar as instituições com meios técnicos que permitissem a continuidade do ensino num regime online, adaptação das instalações com salas para ensino online e apoio aos alunos com internet subsidiada. Com estas medidas, o ISUTC conseguiu cumprir o calendário escolar previsto para o ano de 2020 e 2021. Em 2021 deu-se início ao ensino em regime híbrido. Com estas medidas assegurou-se a continuidade do ensino não tendo os alunos sofrido impactos no seu plano de estudos nem no tempo de duração dos seus cursos. Na realidade, aqui como noutros contextos, a pandemia atuou como um catalisador de inovação, levando a uma flexibilização do modelo educacional a um ritmo sem precedentes.

A terminar, quais são os grandes desafios da Transcom para 2023 e de que forma é que pretendem continuar a ser um player de prestígio através dos pilares das Pessoas, da Inovação e da Formação?
A Transcom tem planos ambiciosos para o futuro e pretende consolidar a imagem de instituição de ensino inovadora de referência em Moçambique, sobretudo no ensino superior em engenharia. Para tal, irá iniciar em breve a construção em Maputo de um Centro Tecnológico ISUTC, com salas de aulas e laboratórios modernos e antecipando a realidade do amanhã, onde alunos e docentes poderão realizar não só as aulas práticas como poderá ser feita investigação fundamental e de apoio a empresas que investir em pesquisa e desenvolvimento. Para além deste centro, o ISUTC irá lançar em 2024 licenciaturas em engenharia no regime de ensino à distância, permitindo a todos, mesmo que não tenham residência em Maputo, tirar um curso de engenharia no ISUTC. Outro pilar de desenvolvimento importante são os cursos de Mestrado em engenharia e gestão, e os cursos de formação para executivos em parceria com o IST e o ISCTE.