“O desenvolvimento contínuo [de Veneza], os impactos das alterações climáticas e o turismo de massa ameaçam causar mudanças irreversíveis no valor universal excecional do bem”, observa o Comité do Património Mundial, da Organização das Nações Unidas para a Ciência, Educação e Cultura.
A elevação do nível do mar e outros “fenómenos climáticos extremos” ligados ao aquecimento global ameaçam a integridade do local, alerta ainda a Unesco.
Para que Veneza seja incluída na lista de patrimónios em perigo, será necessária a aprovação dos Estados-membros numa reunião do Comité do Património Mundial, que decorrerá entre 10 a 25 de setembro em Riade.
Em Veneza, alguns moradores e visitantes admitiram perceber a opinião do comité da Unesco, em especial perante a afluência de milhões de turistas ao ‘saturado’ centro histórico.
“É incontrolável”, sublinhou à agência France-Presse (AFP) o gondoleiro Antonio Vertotto, que criticou os sucessivos governos por não terem feito nada nos últimos anos para reduzir o fluxo.
A resolução destes “antigos mas urgentes” problemas é “impedida pela ausência de uma visão estratégica global comum” e pela “baixa eficiência e coordenação” das autoridades locais e nacionais italianas, refere também o comité, que considera que a cidade é confrontada com “um perigo comprovado”.
A Unesco espera que “esta inscrição conduza a um maior empenho e mobilização dos atores locais, nacionais e internacionais”.
Veneza, uma cidade insular fundada no século V, que se tornou uma grande potência marítima no século X, estende-se por 118 ilhotas, segundo a Unesco, tendo-se tornado Património da Humanidade em 1987.
“Veneza como um todo é uma obra-prima arquitetónica extraordinária porque até o menor monumento contém obras de alguns dos maiores artistas do mundo, como Giorgione, Ticiano, Tintoretto, Veronese e outros”, explica a organização das Nações Unidas.
É também uma das cidades mais visitadas do mundo, com 100.000 turistas a pernoitarem no pico do turismo, além de dezenas de milhares de visitantes diários.