No World Children’s Day, Comunidade israelita em Portugal organizou eventos para apelar ao regresso dos 236 reféns

Centenas de pessoas reuniram-se ontem, em frente à Casa da Música, no Porto, para chamar a atenção para a situação dos 236 reféns israelitas detidos, em Gaza, desde o ataque terrorista do Hamas a 7 de outubro. Denominada "Mesa Vazia," a ação promovida pela Associação Luso-Israelita Aliados apresentou uma mesa de jantar desocupada, posta para 236 pessoas, simbolizando os reféns, que incluem 39 crianças, 16 destas com menos de 10 anos.

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O evento coincidiu com o World Children’s Day (ONU), tendo a iniciativa destacado os 39 menores entre os reféns que já enfrentaram 45 dias sob controlo do grupo terrorista Hamas. Destes, 16 são crianças com menos de 10 anos.

Na mesma tarde, em Lisboa, o grupo luso-israelita realizou uma manifestação em frente à sede da UNICEF, no Campo Pequeno, com o mesmo objetivo unificado de apelar à libertação dos reféns, especialmente das crianças mantidas em cativeiro. Dezenas de pessoas ergueram cartazes e chamaram pelos nomes das crianças reféns, anunciando as suas idades, num apelo à solidariedade para com as crianças que continuam nas mãos do Hamas.

Um dos participantes do evento no Porto foi Asher Kotler, que agora está a viver com a sua família no Porto, depois de sobreviver ao massacre no kibbutz Kfar Azza, a 7 de outubro. Ao passar pelas cadeiras, cada uma acompanhada por uma imagem de um dos reféns, Asher identificou muitos dos seus amigos e vizinhos, agora reféns em Gaza nos últimos 45 dias.

A sua neta, Eden Zernovizky, partilhou a experiência terrível pela qual Asher passou: “O meu avô estava sozinho em casa, enquanto a minha tia, o seu marido e os 3 filhos estavam num abrigo em casa deles, também no kibbutz. Ele escondeu-se durante mais de 12 horas sem eletricidade e água, até reconhecer um veículo militar israelita perto de casa e correr à procura de ajuda. Teve de voltar a esconder-se quando os militares confrontaram um grupo de terroristas e ao voltar a sua casa, percebeu que os terroristas tinham estado lá enquanto esteve fora. Conseguiu sobreviver por uma questão de minutos”. Durante este período, a sua família no Porto estava à espera de um sinal de vida, sem saber do seu destino.

A presença de Lorena Gadassi, israelita residente no Porto, trouxe à luz uma história menos afortunada: após testemunhar o assassinato de dois amigos num carro, Eden, familiar de Lorena que estava no festival Nova, escondeu-se dos terroristas por quase quatro horas, durante as quais manteve contacto com as suas duas irmãs antes de ser raptada. Até hoje, Lorena continua sem saber notícias de Eden.

Leo Steiner, responsável pelo setor português da sede em Israel que monitoriza a situação dos reféns com as suas famílias, apelou: “Unam forças para garantir o retorno seguro dos reféns. Durante 45 dias de angústia, crianças inocentes, juntamente com idosos, mulheres e homens, têm enfrentado condições inimagináveis, enquanto o mundo permanece estranhamente silencioso. Imploro que quebrem este silêncio, levantem as vozes e contribuam ativamente para o esforço coletivo de acelerar a sua libertação. Juntos, permaneçamos unidos e firmes na nossa exigência pela libertação rápida e humana destes indivíduos”.

Hanna Eyal, porta-voz da Aliados, que saiu de Israel após o ataque de 7 de outubro, por temer pela sua segurança e a dos seus filhos, enfatizou a importância da solidariedade internacional: “Pedimos posições mais assertivas no sentido de garantir a libertação de todos os reféns. Queremos assegurar que a comunidade internacional compreende a urgência de libertar estas crianças e adultos inocentes que enfrentam condições desumanas”.