
Para melhor entender, em que medida o Serviço de Infraestruturas de Transporte está a contribuir para o planeamento estratégico da TPF Consultores, para responder às necessidades futuras do setor ferroviário em Portugal, nomeadamente no que concerne aos projetos de Alta Velocidade?
Praticamente só após 2015 é que o mercado ferroviário nacional de Estudos e Projectos foi aberto aos consultores privados e, a TPF Consultores, apresentou-se de forma precursora, através do desenvolvimento dos projetos de modernização da Linha da Beira Alta, sob a coordenação do Serviço de Infraestruturas de Transporte (SIT).
Recorde-se que até à data tais estudos eram desenvolvidos por empresas públicas ou para-públicas e estavam quase sempre vedados a consultores privados, salvo projetos de pequena expressão. Já no caso de serviços de engenharia de coordenação e fiscalização, a experiência da TPF Consultores data de longos anos, isto é, desde os tempos do Gabinete do Nó Ferroviário de Lisboa.
A experiência passou então a ser transversal a todos os serviços da empresa e, atualmente, a TPF Consultores está presente nos maiores investimentos ferroviários em curso no País, seja no desenvolvimento de estudos, projetos, assistência técnica à obra., fiscalização e coordenação de segurança.
Na área do projeto, destacamos o Rebaixamento da Linha do Norte, no atravessamento da cidade de Espinho, bem como os mais de 120 km de via projetada e atualmente em construção na Linha da Beira Alta entre Mangualde/Guarda e Vilar Formoso, eixo ferroviário onde nos foi adjudicada a fiscalização do troço contiguo de 74 km (Pampilhosa/Mangualde).
Atualmente, estamos a desenvolver os estudos e projetos da saída norte de Lisboa, nomeadamente a Quadruplicação da Linha de Cintura (Roma – Braço de Prata, (que curiosamente estivemos envolvidos na fiscalização e foi inaugurado em 1998 e a Linha do Norte (Braço de Prata – Sacavém) e (Castanheira / Azambuja), este último trecho integrará a conexão à futura linha de Alta Velocidade Porto/Lisboa.
Mais a sul, somos responsáveis, através da nossa associada CERELINEX, 100% detida pela TPF Consultores, pela fiscalização da construção de 89 km da Linha Este do Corredor Internacional (troço Évora/Elvas).
A nível internacional, desenvolvemos os projetos de execução de mais de 400 km de via-férrea na Argélia.
Esta experiência acumulada a nível nacional e internacional permitiu-nos conquistar uma posição incontornável no setor ferroviário português.
Estamos confiantes de que este posicionamento nos permitirá posicionar como um dos principais atores nos concursos públicos que estão a ser lançados no âmbito dos projetos da Alta Velocidade, até pela experiência que obtivemos ao participar nos primeiros estudos de LAV em Portugal, nomeadamente: no estudo prévio da Ligação Ferroviária de Alta Velocidade entre Lisboa e Porto – Lote C1 – Troço Alenquer (Ota) / Pombal, por Oeste; na elaboração dos Estudos para Concurso do corredor de Alta Velocidade Ferroviária Lisboa – Madrid – Concessão RAV Poceirão/Caia (PPP1) e posteriormente a revisão dos projetos.
No SIT continuaremos a trabalhar no sentido de acrescentar valor aos serviços prestados pela TPF Consultores, apostando no rigor, na inovação tecnológica e na formação e retenção de novos talentos.
Tendo em conta a vasta experiência da TPF Consultores em diversos projetos ferroviários, de que forma o Serviço de Infraestruturas de Transporte aborda o desenvolvimento de projetos inovadores, que criem imputes ao mercado português?
A forma de projetar e apresentar estudos de infraestruturas lineares, sejam ferroviárias ou rodoviárias, tem evoluído de acordo com a disponibilidade tecnológica.
Atualmente a tecnologia já permite aportar todos os benefícios da metodologia BIM para as infraestruturas lineares, à semelhança do que já se verifica nas restantes áreas da engenharia e arquitetura.
No entanto, pela sua vanguarda, esta tecnologia também acarreta desafios, e no SIT continuamos a apostar na formação e no desenvolvimento de novas metodologias de trabalho que permitam reunir a eficiência e o rigor que caracterizam os serviços que prestamos.
Quão legítimo é afirmar que a TPF Consultores promove, ainda, a integração multidisciplinar para otimizar a entrega de projetos ferroviários complexos? Que benefícios esta abordagem traz?
É perfeitamente legítimo. A TPF Consultores atualmente consegue oferecer aos seus clientes uma resposta integrada e transversal que cobre todas as especialidades necessárias para o desenvolvimento de projetos de engenharia, dos mais simples aos mais complexos, apenas com os recursos disponíveis “in-house”.
Do ponto de vista do desenvolvimento do projeto, esta integração multidisciplinar traduz-se numa maior agilidade na tomada de decisões técnicas, que de outra forma ficariam sujeitas à disponibilidade de agenda de técnicos especialistas subcontratados ou parceiros.
Os benefícios também são mensuráveis ao nível da coordenação interdisciplinar dos projetos, uma vez que conseguimos atingir resultados significativamente superiores aos que seriam possíveis se a TPF Consultores fosse obrigada a recorrer a entidades externas para o desenvolvimento das diversas especialidades que compõem, não só os projetos ferroviários, como quaisquer outros projetos de engenharia complexos.
Para o cliente esta capacidade traduz-se na garantia do cumprimento dos prazos estabelecidos, na redução significativa dos erros de projeto e, consequentemente, na redução dos custos de construção associados a trabalhos a mais ou imprevistos.
Além disso, como é que os recursos são eficientemente geridos, incluindo pessoal e tecnologia, para garantir a execução eficaz dos projetos ferroviários sobre a responsabilidade do Serviço de Infraestrutura de Transporte?
A eficiência dos projetos do SIT é avaliada por três indicadores, nomeadamente, o índice de acabamento, o desvio face ao planeamento e a rentabilidade financeira de cada projeto. Há uma quarta variável correspondente à qualidade do projeto, transversal a todos os serviços da TPF Consultores, que é determinada pelo sistema de qualidade da empresa. No final de cada projeto, é solicitada através de um pequeno inquérito uma avaliação de satisfação ao cliente, permitindo assim aferir a qualidade geral da prestação do serviço prestado.
No arranque de cada projeto é designado um coordenador de projeto, de acordo com a sua experiência e grau de complexidade do trabalho a desenvolver.
O coordenador de projeto tem a incumbência de planear e delegar todos os trabalhos técnicos necessários para o desenvolvimento do estudo, e age como a figura responsável por coordenar o andamento do trabalho através dos três indicadores referidos.
Face a eventuais desvios, e de acordo com o seu índice de severidade, o problema é apresentado e analisado pelo restante corpo técnico envolvido no estudo, pela direção do serviço, pela direção do departamento ou, caso necessário, pela administração da empresa, no sentido de procurar a melhor solução, tendo sempre como objetivo a prossecução dos interesses do cliente.
Na TPF Consultores vive-se uma cultura corporativa de muita proximidade entre todos os níveis da estrutura. Esta horizontalidade permite-nos oferecer uma resposta muito eficiente, seja a nível técnico, administrativo ou tecnológico.
Por fim, qual é a estratégia deste Serviço da TPF Consultores, relativamente à incorporação de práticas sustentáveis e eficientes nos projetos de infraestrutura de transporte, alinhando-se com as tendências globais e locais?
No SIT trabalhamos diariamente, projeto a projeto, no sentido de incorporar as melhores práticas ambientais.
Internamente, já não trabalhamos em suporte papel. Tal foi possível graças ao investimento contínuo que a empresa faz na tecnologia que coloca ao dispor dos colaboradores. Também evitamos deslocações desnecessárias, tentando, sempre que possível, promover reuniões online, beneficiando a eficiência carbónica dos estudos.
Ao nível do projeto, estamos a desenvolver ferramentas que permitem otimizar o rigor e o detalhe que conseguimos oferecer a cada empreendimento, validando a coordenação entre especialidades, evitando, assim, questões e clarificações em obra, desperdício de recursos e promovendo a diminuição da pegada carbónica. As novas metodologias permitem, por exemplo, atribuir a cada material previsto em projeto, informações como a respetiva pegada carbónica, para que no final do projeto, de acordo com a quantidade de cada material, seja possível quantificar a pegada carbónica de toda a construção.
A tecnologia existe, no entanto, requer muitas horas de investigação e desenvolvimento, o que significa que, caso as entidades adjudicatárias não valorizem este aspeto, o investimento em inovação pelas empresas consultoras pode não ser suportável.