Para começar, gostaríamos de conhecer melhor a história de vida da Filipa Oliveira. A nível pessoal e profissional, o que nos pode contar sobre o seu percurso até então?
Sempre tive uma mente inquieta, o que me levou a explorar diversas oportunidades ao longo do meu percurso.
Comecei a trabalhar aos 15 anos enquanto estudava e quando me juntei com o meu marido dei o passo seguinte: entrei na faculdade. Quando terminei, fui mãe.
Iniciei funções no atendimento ao cliente, mas a conclusão do ensino académico abriu-me portas na empresa em que trabalhava e abracei vários desafios, entre eles, a gestão de um contact center e, mais tarde, a área de recrutamento. Ali, estive durante nove anos e foi uma grande escola. Já lá vão mais de 20 anos no mundo corporativo, em setores de recrutamento, saúde e tecnologia, onde trabalhei em áreas de RH, Desenvolvimento de Negócio e Gestão de Operações.
Nos últimos anos, acumulei projetos de consultoria e formação e o que começou como trabalho pontual, transformou-se numa paixão.
Em janeiro de 2023 dei um salto de fé e fundei a Skill Conquest.
Sabemos que sempre foi uma apaixonada pela aprendizagem e pelo desenvolvimento humano – e, para servir este seu propósito, fundou a Skill Conquest no início de 2023. De que forma, esta empresa, capacita pessoas e organizações, de modo a atingirem o seu máximo potencial? Que serviços oferece ao mercado?
O que a experiência me diz é que grande parte dos problemas das empresas devem-se a lideranças desajustadas, má comunicação, processos de trabalho ineficientes e pouco investimento no desenvolvimento de competências emocionais. Na Skill Conquest, trabalhamos para eliminar essas dores.
Podemos facilitar formações para desenvolver competências específicas, como liderança, comunicação, inteligência emocional e relação com o cliente, ou trabalhar o desenvolvimento organizacional, numa vertente de consultoria e ajudar empresas a criar processos mais ágeis e eficientes ou a desenvolver uma cultura organizacional favorável ao sucesso.
E, como a Skill Conquest é um espaço de aprendizagem e capacitação para todos, temos também serviços de Desenvolvimento Pessoal & Carreira para clientes particulares, a quem disponibilizamos formações, mentorias, programas de liderança e processos de coaching.
Efetivamente, as pessoas de cada empresa são o motor do sucesso e, nesta em específico, a Filipa Oliveira tem tido um papel fundamental nas conquistas de muitas delas. Quão gratificante é este sentimento de realização? Por que motivos o é, para si?
Sempre me senti fascinada pelo potencial humano. Gosto particularmente de identificar o potencial de pessoas e equipas e ajudar a desenvolvê-lo. Deixa-me de coração cheio olhar para empresas e pessoas com quem trabalhei e perceber que contribuí para florescerem.
Há uma beleza singular em potenciar o melhor de cada um.
Certo dia, uma colaboradora da minha equipa disse-me que o meu fator diferenciador era que eu ajudava cada pessoa com quem trabalhava, não só a trabalhar melhor, mas essencialmente a ser melhor pessoa. Naquele momento tive a certeza de que era essa a marca positiva que queria deixar em todas as pessoas com quem trabalhasse.
Muitos afirmam que um bom líder é aquele que lidera pelo exemplo. Tendo liderado equipas durante vários anos, concorda com esta afirmação? Quem é a Filipa Oliveira neste papel por um lado nobre e, por outro, desafiante?
Concordo em absoluto. As nossas atitudes comunicam tanto como as palavras. Não podemos dizer o tão afamado “faz o que eu digo, não faças o que faço” e esperar que as pessoas nos sigam.
Quanto a mim, estou certa de que sou humana e tenho falhas, por isso procuro acima de tudo ser humilde e ter um papel facilitador e agregador. Isto significa assumir que não estou sempre certa, que não sei tudo, e que várias cabeças pensam melhor do que uma.
Quando cada elemento da equipa contribui com as suas competências especificas para um propósito comum, o projeto deixa de ser nosso e passa a ser de todos e as equipas tornam-se mais fortes e preparadas.
Quando falamos de liderança, o tema remete-nos para a questão da igualdade de género e, consequentemente, de oportunidades. Na posição de Pessoa, Mulher e Profissional, como observa a atualidade desta matéria?
Não tenho uma posição extremista no que se refere à igualdade de género. Penso que estamos a fazer o caminho e é com muito orgulho que vejo cada vez mais mulheres em posições de liderança.
Culturalmente, também já começo a ver diferenças e, não poucas vezes, conheço mulheres em cargos de liderança que são muito respeitadas pelos seus pares masculinos.
Mas também é verdade que ainda há muita estrada para andar no que se refere à igualdade de salários e oportunidades.
Dados divulgados pela União Europeia e por um estudo da conduzido pelo BCSD Portugal e a E&Y, revelam que a desigualdade salarial em Portugal é ainda significativa e que à medida que se avança nas posições de liderança, a presença feminina diminui para 27,3% em cargos de direção executiva.
O Dia Internacional da Mulher, 8 de março, serve precisamente para nos relembrar os passos dados até então. Considera, contudo, que este caminho não pode ficar por aqui? O que é que a sociedade ainda tem de instituir pelos direitos das mulheres?
Sim, penso que há muito que ainda podemos fazer através da promoção de políticas de equidade e transparência salarial, de modelos de trabalho flexíveis que permitam um maior equilíbrio entre a carreira e a vida familiar e da implementação de metas para a representação de mulheres em cargos de liderança.
Por outro lado, penso que nós mulheres podemos ser mais unidas. Não poucas vezes, vejo mulheres que nem por isso apoiam outras mulheres que ascendem à liderança. Casos há, em que são as próprias mulheres que dizem preferir trabalhar com homens.
Acho francamente que estas crenças enraizadas não abonam a nosso favor, pois só vêm reforçar a visão errada de que o nosso lado emocional é algo negativo.
Trabalho há mais de 20 anos e sempre liderei muitas mulheres. Posso afirmar que elas têm habilidades incríveis. São orientadas para resultados, flexíveis, participativas, resilientes e sabem lidar muito bem com crises. Para além disso, têm uma sensibilidade e tato incrível para lidar com as mais variadas situações.
Por fim, não só na Skill Conquest, mas também a nível pessoal, o que pretende conquistar nos próximos tempos? O que podemos esperar?
Acima de tudo quero contribuir e continuar a capacitar e desenvolver. A introdução de novas tecnologias e inteligência artificial nas empresas terá implicações profundas nas dinâmicas de trabalho, exigindo adaptação, requalificação e uma abordagem ética para garantir um impacto positivo, tanto para os negócios quanto para os colaboradores.
Iremos continuar a trabalhar diariamente para potenciar as competências do futuro e apoiar pessoas e empresas neste caminho de transformação.
A nível mais pessoal, gostaria de dedicar mais tempo à escrita.