Atualmente, a Cátia Nunes é Sales Director Southern Europe e Business Manager na GRAD, uma empresa francesa que fabrica soluções inovadoras de fixação para decks, fachadas, tetos, entre outros. Para começar, o que é que este cargo lhe trouxe a nível pessoal e profissional?
Voltando ao início, devo dizer que eu sonhava em fazer este trabalho desde os 14 anos. Poderíamos dizer que é um sonho de adolescente. O que provavelmente pode parecer estranho ou até excêntrico dizer, pois estamos a falar unicamente de um emprego. Mas traz-me muito, tanto a nível profissional como a nível pessoal.
A nível profissional traz-me a descoberta de mim e dos outros, o prazer de partilhar conhecimento, de dar a conhecer um sistema inovador e único. O que é raro e inestimável.
A nível pessoal, traz-me orgulho, não só de mim mesma, porque temos o direito de nos orgulharmos de nós próprios e do que realizamos, mas também da minha família, e isso é muito importante para mim!
Tenho a sorte de poder contar com o meu marido e a minha filha, bem como com os meus pais que me apoiam em cada uma das minhas etapas e fases da minha carreira.
É muito importante ter um equilíbrio e não é fácil encontrá-lo. Então, sou uma sortuda!
Importa conhecer de que forma a empresa se posicionou no mercado ao longo dos anos. Poderia partilhar com os leitores algumas das experiências que moldaram a evolução da GRAD e fizeram com que hoje esta seja uma empresa de sucesso?
GRAD é uma marca francesa que pertence ao grupo Burger & Cie.
É uma empresa familiar que existe desde 1847. É a 6ª geração.
O conceito GRAD, que é um sistema para a instalação de deck, fachada e tetos, entre outras aplicações, existe há mais de 20 anos e evoluiu ao longo desses anos. Começando de um clipe central para aparafusar numa vida de madeira ou de alumínio, a um clipe central que já vem encaixado num perfil de alumínio. Basta, de seguida, encaixar as tábuas.
Hoje, o sistema GRAD é totalmente industrializado, permitindo o encaixe perfeito dos clipes no perfil de alumínio. Tudo está pronto para ser utilizado pelo instalador.
E o próximo passo é a nova fábrica que está concluída desde o início do ano e que estará pronta para operar a plena energia dentro de algumas semanas. É uma fábrica única no género, com máquinas e equipamentos específicos para a fabricação do sistema GRAD. É totalmente industrializada e mecanizada, mas o ser humano está sempre no centro do processo.
A 8 de março celebramos o Dia Internacional da Mulher. Sabendo do papel significativo que as mulheres desempenham na sociedade e no mundo empresarial, qual é a sua perspetiva sobre a relevância desta efeméride?
No meu ponto de vista, mesmo que soe bastante banal, o Dia Internacional da Mulher não é apenas um dia do ano, mas todos os dias dele.
O papel das mulheres na sociedade está a mudar ao longo dos anos, mesmo que isso leve tempo. Hoje, as mulheres estão presentes em todos os setores, especialmente na construção, quando há alguns anos isso quase não existia.
Durante anos, e ainda hoje, ocuparam-se e mantiveram-se apenas no seu papel de “mulher que cuida dos filhos e da casa”, sem que lhes deem a devida importância.
Hoje, as mulheres mostram que são e podem ser muito mais do que isso, ocupando cargos de alta responsabilidade, e sendo por vezes mães e esposas ao mesmo tempo.
Uma coisa não define a outra!
Dada a importância crescente da igualdade de género nas empresas, em que medida a GRAD tem abordado a questão da igualdade de oportunidades entre homens e mulheres? Na sua experiência, sente que esta é uma empresa que promove uma cultura inclusiva?
A empresa Burger & Cie, incluindo a marca GRAD, sempre esteve muito atenta a este assunto.
A igualdade de género é extremamente importante e acredito que, no fundo, nunca foi realmente um assunto substantivo, porque ser homem ou mulher não é realmente um assunto para os líderes desta empresa, quer em questão de oportunidades ou de salário.
Não é uma questão de género, mas de experiência, carácter e motivação da pessoa.
Na empresa há tantas mulheres como homens, até em certos departamentos há mais mulheres do que homens, e não só na administração como se poderia pensar. Na produção, assim como em cargos de alta responsabilidade, as mulheres estão muito presentes, até por vezes em maioria.
Burger & Cie / Grad destaca as qualidades de cada pessoa, não o seu género.
Sabemos que a sua posição como mulher numa posição de liderança é inspiradora. Tendo em conta a sua experiência, enfrentou desafios como mulher neste mundo da liderança? Pelo contrário, quais foram os momentos-chave que marcaram pela positiva a sua carreira profissional?
Sendo Diretora do Sul da Europa, não tive problemas significativos, mas nunca é fácil para uma mulher no setor da construção e da marcenaria. Sendo também Business Export Manager noutros países fora Europa, pode ser um pouco mais complexo, dependendo da cultura masculina/feminina local, o que pode ser muito difícil para as mulheres e, portanto, desafios ainda maiores.
Contudo, independentemente do país, a posição das mulheres na construção e na indústria da madeira não é óbvia. Devemos ainda demonstrar que merecemos o nosso lugar e a confiança que em nós foi depositada. O cliente pode ver numa mulher, menos competência do que veria num homem, neste setor. Mas, se demonstrarmos que sabemos do que estamos a falar, e que o nosso conhecimento é muito bom, então não há mais diferença entre homem/mulher.
E podemos ter a “sorte” de estar numa empresa em que confiem em nós, nas nossas competências e capacidades, e que nos dão a oportunidade de evoluir. Passei de Assistente Comercial de Exportação a Diretora Comercial Sul Europa e Business Export Manager em alguns anos, porque eles confiaram e continuam a confiar em mim. Pude demonstrar a minha vontade de evoluir e querer fazer a empresa crescer, e valeu a pena.
No entanto, a realidade é que precisamos sempre de demonstrar mais as nossas habilidades. Nem sempre é justo, mas é assim que é.
Os desafios são grandes, mas a nossa vontade é ainda maior!
Podendo deixar uma mensagem de motivação a todas as jovens que estão agora a começar, o que gostaria de dizer?
Que devem sempre acreditar nos seus sonhos. Ter força de vontade e forte desejo de avançar e chegar lá.
Hoje estou a fazer o trabalho que sonho fazer desde os meus 14 anos, e amo o que faço! Por vezes pode ser difícil, sobretudo quando temos a nossa própria família. Mas não baixem os braços, tudo é possivel!
Então, nunca deixem de sonhar e de querer seguir em frente.
E se alguém lhes disser “não vais conseguir”, que isso sirva de força e motivação.
Chegarão lá se realmente o desejarem!
Por fim, que metas espera alcançar enquanto Sales Director Southern Europe e Business Manager na GRAD? Quais são os grandes objetivos para os próximos meses?
Tenho, hoje, a sorte de ter uma equipa de nove pessoas fantásticas em três países diferentes: A Susana Baptista e o Tito Rocha em Portugal, o Oscar Dos Santos, o João Carrinho e o José Luis Ruiz na Espanha, e o Vitor De Souza na Italia. E claro, a Sara Bianchi e Diana Grimaldos que me assistem nestes países e muitos mais.
Pessoas que me ajudam no dia a dia, e que compartilham comigo a vontade de desenvolver a GRAD. De fazer do sistema GRAD O sistema utilizado em todos os projetos de decks, fachadas e muitas outras aplicações!
Temos a sorte de oferecer um sistema único para instalação dos projetos dos nossos clientes, e dos clientes dos nossos clientes.
Porque não posso esquecer de nomear os nossos parceiros em diversos países, como a Banema em Portugal por exemplo, com quem desenvolvemos uma parceria há mais de um ano e que nos permite a todos propor este sistema revolucionário no mercado português, entre outros.
O meu principal objetivo é manter minha equipa no topo, não só na faturação, mas também no ambiente do nosso grupo, que, para mim, é essencial para atingir o objetivo de desenvolvimento. O bem-estar no trabalho é o que nos faz atingir metas!