“Promovemos um tratamento equitativo e proporcionamos Oportunidades Igualitárias a Mulheres e Homens”

“Consideramos que a presença significativa de dirigentes mulheres na aicep Global Parques constitui um contributo muito interessante no ambiente da organização, mas não esqueçamos que o fortalecimento de uma estrutura depende do trabalho de todos os seus trabalhadores, independentemente do género”. Isabel Caldeira Cardoso, CEO da aicep Global Parques, a propósito do Dia Internacional da Mulher e da presença de Personalidades femininas na aicep Global Parques. Saiba tudo pela “voz” da nossa interlocutora, que considera que estamos no bom caminho no que concerne à verdadeira igualdade de oportunidades e representação feminina no ambiente empresarial.

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Num contexto de globalização e competitividade crescente, a aicep Global Parques desempenha um papel crucial na fixação de grandes investimentos em Portugal, facilitando a localização de empresas nos setores estratégicos da indústria, energia, logística e serviços. Enquanto Presidente da Comissão Executiva, como tem vindo a ser a evolução da importância desta entidade para o país?
A aicep Global Parques tem acompanhado projetos de investimento estruturantes e com enorme impacto para o desenvolvimento económico nacional, nomeadamente os que já se desenvolvem e pretendem implantar na ZILS – Zona Industrial e Logística de Sines, pelas caraterísticas que a mesma apresenta.
A ZILS tem-se afirmado como uma localização completa para os mais diversos projetos industriais, nomeadamente os que necessitam de um porto marítimo e onde a localização Atlântica é uma vantagem para a entrada no hinterland ibérico e europeu. A existência de um plano de urbanização na ZILS (PUZILS) aprovado, que classifica e qualifica o território (solo urbano de cariz industrial) e organiza as atividades no espaço, constitui um fator diferenciador, promovendo uma maior eficiência nos processos de localização. Com cerca de 3.000 hectares dentro do Plano de Urbanização da ZILS, a Zona Industrial e Logística de Sines é a maior zona empresarial do país com 20 empresas industriais que representam cerca de 6.000 postos de trabalho (diretos e indiretos), e 40 empresas de serviços, de apoio à atividade industrial, que ocupam a oferta de escritórios do Centro de Negócios da ZILS.
Aliada a estas caraterísticas, o facto de a ZILS proporcionar condições relevantes na nova realidade da dupla transição energética e digital, impulsionou uma crescente procura chegando-se ao final de 2022 com uma ocupação quase total das áreas líquidas comercializáveis dentro do PUZILS, as não excluídas por motivos ambientais, de segurança ou para infraestruturas. Confrontados com a inexistência de oferta de área para acolher projetos de investimento estratégicos e estruturantes, foi promovida a transferência de terrenos dentro do PU da ZILS com uso industrial, e na sua área limítrofe, neste caso destinando-se à construção e instalação de infraestruturas e equipamentos de apoio aos projetos instalados ou a acomodar na ZILS, que se encontravam na esfera patrimonial do Estado, para o património do IAPMEI I.P. e por conseguinte, integrando a gestão da aicep Global Parques.
A maior parte da área é ocupada por projetos industriais e de energia, havendo recentemente um crescimento das empresas do setor digital e do setor logístico. Em relação a novos investimentos temos em Sines uma pipeline de cerca de 22.000 milhões de euros onde cerca de 64% são de indústria/energia, 26% de digital e 10% de logística.
O facto é que 22 Mil milhões de euros é o equivalente a 9% do PIB de Portugal, em investimentos empresariais produtivos em logística, indústria verde e TDIC – Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação.
Estes investimentos serão promotores de cerca de 8.000 novos postos de trabalho, mas relevam socioeconomicamente sobretudo pelo seu tremendo efeito multiplicador na Economia real.
A ZILS assume assim um papel muito relevante no processo de reindustrialização verde da Europa e aumento da competitividade nacional, associado à descarbonização e circularidade industriais e com uma comparticipação crescente no PIB, no VAB, nas exportações e na oferta de emprego qualificado.
Estamos determinados em manter e fortalecer o papel da aicep Global Parques como um catalisador essencial para o crescimento económico do país, contribuindo para a consolidação da sua posição no contexto económico global.

Além disso, sendo também Presidente da Direção da APPE – Associação Portuguesa de Parques Empresariais, lidera esforços para promover a cooperação entre as entidades gestoras das Áreas de Localização Empresarial em Portugal. De que forma, esta missão, faz com que seja possível responder às necessidades diversas dos parques empresariais em todo o território nacional?
A APPE tem como objetivo principal promover a cooperação entre as entidades gestoras das Áreas de Localização Empresarial em Portugal, permitindo à Associação, no âmbito da sua atividade, compreender as necessidades dos gestores de espaços vocacionados para acolher empresas e contribuir, em consequência, com soluções que possam impactar de forma positiva, através da partilha de boas práticas. Há uma clara vantagem na localização empresarial em áreas previamente capacitadas e planeadas para tal, promovendo-se a criação de sinergias e a eficiência e racionalização do investimento público. A localização de empresas em áreas empresariais qualificadas deve ser estimulada evitando que se tenha de investir em infraestruturas nas áreas individuais, isoladas, muitas vezes sem acessibilidades e com custos enormes de viabilização.
Outro objetivo muito relevante é o de capacitar as regiões mais interiores e com menor densidade populacional, e por isso à partida menos atrativas, mas que podem em função das suas caraterísticas ser localizações de excelência para determinados setores de atividade. Com este propósito planeamos a realização de um Road Show sob o tema – Capacitar o interior para a captação de investimento, para que as regiões de menor densidade afirmem as suas competências junto de clusters relevantes e para que apostem na qualificação das suas infraestruturas de forma a se tornarem relevantes e competitivas junto dos mesmos. Esta ação, de enorme pertinência na missão de tornar todo o território nacional mais competitivo, será realizada em cooperação com a ANMP – Associação Nacional de Municípios Portugueses e com a AICEP e incluirá cerca de 185 municípios.
A ambição da APPE é que consiga, através da atividade que diligencia, contribuir para fortalecer o tecido empresarial nacional e requalificar a oferta de espaços de acolhimento empresarial, criando condições mais favoráveis para o crescimento económico e o desenvolvimento sustentável do país.

Este mês celebramos a Mulher nas mais variadas áreas – e é admirável que a aicep Global Parques tenha alcançado um marco de 60% de dirigentes Mulheres ao longo dos últimos 15 anos. Que impacto este facto tem tido no seio da organização?
Consideramos que a presença significativa de dirigentes mulheres na aicep Global Parques constitui um contributo muito interessante no ambiente da organização, mas não esqueçamos que o fortalecimento de uma estrutura depende do trabalho de todos os seus trabalhadores, independentemente do género.
No caso da aicep Global Parques, a estrutura da hierarquia, com predominância de elementos femininos em cargos de liderança, mais do que refletir o compromisso da organização com a igualdade de género, constitui fator de enriquecimento do ambiente de trabalho, ao trazer perspetivas diversas e uma ampla gama de experiências e competências para a mesa de decisões.
Na aicep Global Parques temos como objetivo potenciar um ambiente mais aberto e variado, onde diferentes vozes são ouvidas e valorizadas. Esta dinâmica promove uma cultura organizacional inovadora, adaptável e resiliente, capacitando-nos para enfrentar os desafios do mercado global com maior eficácia.

Sabemos que, de facto, a igualdade de género é uma prioridade para a aicep Global Parques, tal como evidenciado pelo seu Plano para a Igualdade. Poderia partilhar um pouco mais sobre os principais objetivos deste plano?
A aicep Global Parques é uma empresa com uma estrutura simples e hierarquia reduzida. Presente em Lisboa, Sines e Setúbal, destaca-se pela adoção de códigos internos de ética e conduta, bem como regulamentos internos para prevenir e mitigar o assédio no local de trabalho. Estes fatores – simplicidade da estrutura e existência de códigos que regulamentam as boas práticas na interação dos recursos humanos no ambiente laboral – facilitam a identificação e resolução de eventuais práticas discriminatórias.
O Plano para a Igualdade da aicep Global Parques foi elaborado a partir de um autodiagnóstico, que identificou os pontos fortes e fracos das políticas de igualdade de género e conciliação entre trabalho, família e vida pessoal. Com foco na melhoria dos pontos fracos, o plano prevê a adaptação e atualização dos procedimentos existentes para garantir a igualdade e a não discriminação. Visa, igualmente, promover a participação de todos os trabalhadores na busca pela igualdade e facilitar a divulgação interna de informações e legislação relevante sobre não discriminação e proteção à parentalidade e à família.
Os pilares fundamentais do Plano para a Igualdade da aicep Global Parques incluem a promoção da igualdade de género, a erradicação de quaisquer formas de discriminação, a prevenção do assédio e a promoção da conciliação entre a vida pessoal, familiar e profissional. Promovemos um tratamento  equitativo e proporcionamos Oportunidades Igualitárias a Mulheres e Homens.

A propósito do Dia Internacional da Mulher, importa refletir sobre os avanços e desafios enfrentados pelas Mulheres no mercado de trabalho. Na sua opinião, enquanto agente ativa para a igualdade e um exemplo de uma Mulher líder em Portugal, quais são os principais obstáculos que ainda precisam de ser superados para alcançar uma verdadeira igualdade de oportunidades e representação feminina no ambiente empresarial do país?
Considero que estamos no bom caminho, no entanto, tal como em qualquer trajetória, é essencial continuar a trabalhar para ultrapassar alguns obstáculos e alcançar uma verdadeira igualdade de oportunidades e representação feminina no ambiente empresarial. Nomeadamente:
– Desigualdade Salarial: A disparidade salarial entre homens e mulheres ainda persiste, conforme indicado pelos dados mais recentes do Barómetro das Diferenças Remuneratórias entre Mulheres e Homens de 2023, do Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. A diferença salarial equivale a 48 dias de trabalho pagos aos homens, mas não remunerados às mulheres.
– Barreiras à Progressão na Carreira:  As mulheres ainda enfrentam obstáculos para avançar para cargos de liderança e alta direção, devido a preconceitos, estereótipos de género e falta de apoio institucional.
– Estereótipos de Género e Discriminação:  Estereótipos de género e discriminação ainda persistem no ambiente de trabalho, prejudicando as oportunidades de desenvolvimento e reconhecimento profissional das mulheres.
É crucial desenvolver políticas e implementar medidas que promovam a equidade de género, como a adoção de práticas salariais transparentes e justas, e a implementação de programas de desenvolvimento de liderança para mulheres dentro das organizações, a promoção de uma cultura organizacional inclusiva e a implementação de políticas de conciliação entre trabalho e vida pessoal/familiar.

Como Líder em duas organizações-chave no cenário empresarial português, que medidas aconselharia as empresas e instituições a adotarem para promover uma cultura organizacional mais inclusiva e igualitária?
As empresas e instituições diferem no panorama empresarial nacional e as medidas devem ser pensadas tendo em vista as realidades de cada organização. O desenvolvimento de uma estratégia para a igualdade no ambiente laboral, que se inicie com um diagnóstico transparente do status quo, com medidas concretas e metas realistas é um bom começo. Este plano é essencial para implementar políticas claras e abrangentes que promovam a igualdade de género em todas as áreas da empresa, desde a contratação à promoção e remuneração e deverá definir ações concretas em diversos campos para:

  • Assegurar a comunicação interna e externa relativa ao compromisso da empresa com a promoção da igualdade entre mulheres e homens;
  • Garantir que os critérios e procedimentos de recrutamento e seleção de recursos humanos tenham em conta o princípio da igualdade no acesso ao emprego e uma política de género inclusiva;
  • Promover a igualdade de oportunidades entre mulheres e homens no acesso à formação e ao desenvolvimento de competências, fomentando o direito à valorização profissional para todos;
  • Assegurar o cumprimento do princípio de “salário igual para trabalho igual ou de valor igual” para todos os géneros;
  • Promover a igualdade entre mulheres e homens na progressão e desenvolvimento profissional, baseando-se no mérito e reconhecendo de igual modo as competências dos trabalhadores e das trabalhadoras;
  • Garantir e promover o cumprimento dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras relativos à proteção da parentalidade e à assistência à família;
  • Promover formas de conciliação da atividade profissional com a vida familiar e pessoal.

A adoção de medidas para garantir estes princípios não só fortalece a cultura organizacional das empresas, mas também contribui para criar um ambiente de trabalho mais inclusivo, diversificado e equitativo, onde todos os colaboradores possam prosperar e alcançar todo o seu potencial.

Dada a posição de destaque que a aicep Global Parques e a APPE ocupam em Portugal, qual é a sua visão para o futuro das mesmas? Como observa o papel de ambas na promoção da igualdade de género e no desenvolvimento económico sustentável de Portugal nos próximos anos?
A aicep Global Parques e a APPE têm um papel a cumprir como agentes de mudança positiva em Portugal, impulsionando não apenas o desenvolvimento económico sustentável como também com o seu comprometimento na implementação de objetivos ESG (ambiente, social e governança empresarial) contribuindo para um futuro mais justo e sustentável para todos.
No que respeita à aicep Global Parques, perspetiva-se que continuará a exercer uma influência positiva no panorama económico nacional e internacional contribuindo com a qualidade da oferta que gere. Pretendemos solidificar a sua posição como plataforma facilitadora para a localização de empresas em setores estratégicos nacionais, nomeadamente, no papel de impulsionador da dupla transição energética e digital. Perspetiva-se que o país continuará a ser capaz de atrair investimentos significativos para Portugal, e a aicep Global Parques está comprometida, juntamente com os seus stakeholders, em ser um ator relevante no palco do desenvolvimento nacional. No que diz respeito à promoção da igualdade de género, a aicep Global Parques irá, certamente, continuar a fomentar a adoção de políticas que permitam garantir que as oportunidades se baseiam em competência sem escolher género.
Quanto à APPE, estou convicta de que terá um papel cada vez mais relevante na coordenação e colaboração entre as entidades gestoras de parques empresariais em Portugal. Este desígnio não se limita à organização da oferta de espaços empresariais a nível nacional, mas também à partilha de boas práticas onde se incluem as políticas de igualdade de género nas organizações gestoras de parques empresariais para que sejam exemplo para as comunidades onde os mesmos estão localizados.