“A nossa empresa trabalha com base na confiança”

Em entrevista à Revista Pontos de Vista, Carla Borges, CEO da de.Gaveto, destacou a abordagem inovadora da marca e o seu compromisso com a sustentabilidade. Ao priorizar a transparência e a colaboração, a própria, juntamente com Elsa Teixeira, Sócia da empresa, entregam resultados de excelência, fortalecem laços com os clientes e com o mercado e inspiram outras Mulheres líderes neste que é um setor tradicionalmente masculino.

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A de.Gaveto é hoje uma referência ao nível da engenharia, valorizando a mesma, através de uma dinâmica forte de aposta na inovação, na sustentabilidade e das pessoas. Que análise é possível perpetuar da atuação da marca e quais as valias que a mesma apresenta ao mercado?
A de.Gaveto definiu a sua atuação como o trazer a inovação a um setor de atividade tradicional, e isso é o nosso foco. Achamos que essa forma de estar nos tem trazido o reconhecimento dos nossos Clientes e Colaboradores. Trabalhamos com transparência e colocando as dificuldades em cima da mesa, de forma a, em conjunto, conseguirmos escolher o caminho mais eficiente e, naturalmente, mais económico e sustentável para todos.
Consideramos que o envolvimento de todos traz aos projetos uma qualidade melhorada e um conhecimento geral mais efetivo de todos os intervenientes.

A de.Gaveto aposta sempre na qualidade da sua atuação, criando assim um sentido de confiança e transparência com os seus clientes e o próprio mercado. No sucesso alcançado pelos vossos projetos, de que forma tem sido essencial esta ligação de proximidade com os clientes/mercado?
Só concebemos a nossa atuação com uma grande ligação de proximidade com os nossos Clientes, Colaboradores e todos os intervenientes nos projetos. Trabalhamos de uma forma íntegra, comprometidos com os objetivos dos projetos, e conseguirmos concretizá-los com o empenho de todos é um privilégio. Num mundo cada vez mais desconfiado com tudo e com todos, conseguir reunir uma equipa competente, quer de executantes em obra quer de fornecedores, é fundamental. Saber que podemos contar uns com os outros e que estamos todos para levar os projetos até ao fim, é muito gratificante e naturalmente que isso trespassa para os nossos Clientes.

A verdade é que o setor da construção ainda pode ser considerado, embora esta imagem esteja a mudar, bastante tradicional. Assim, quão importante é aportar a Inovação ao setor e de que forma é que a de.Gaveto tem sido um exemplo claro disso mesmo?
Apesar de a construção ser efetivamente um setor considerado bastante tradicional, no entanto, é também esse cunho tradicional que o torna diferente de tantos outros setores. No nosso entender, podem executar-se os trabalhos tradicionais, de forma muito inovadora e mesmo sustentável, e é isso que tentamos aportar todos os dias ao nosso trabalho na de.Gaveto.

Em que sentido é que a Inovação pode ser “vista” na atividade da de.Gaveto e que impacto tem tido na promoção do vosso nome e desígnio?
Realizamos um estudo aprofundado dos projetos em que trabalhamos, dos arquitetos e engenheiros, fazendo a sua compatibilização, e sugerindo formas de execução que permitam uma maior sustentabilidade e economia de recursos na sua implementação na obra.
Trabalhamos numa relação muito próxima com os projetistas no sentido de, por um lado, entender o conceito do projeto e aquilo que, se fosse alterado o desvirtuaria, e por outro, sugerir alguns ajustes que permitam um melhor aproveitamento dos materiais e equipamentos escolhidos, procurando atingir o lema do desperdício zero. Com as equipas em obra, tentamos implementar métodos de trabalho que otimizem os recursos humanos, e consequentemente o objetivo final do projecto.

A Sustentabilidade é hoje um desiderato de todas as empresas presentes no mercado. Sente que hoje a o setor da construção está mais sensibilizado para as questões relacionados com a sustentabilidade e proteção do ambiente?
Sinto que esse tema é efetivamente um desiderato de todas as empresas, em qualquer setor, e criou-se à volta disso um mercado que muitas vezes é oportunista das sensibilidades de cada um a esse nível, ou seja, o que é sustentável é mais caro, pelo que a sustentabilidade se torna um luxo. Assim, vivemos num mundo em que se defende um conceito e o seu contrário com a mesma intensidade. Acho que temos várias formas de ser sustentáveis sem ter de recorrer à máquina da sustentabilidade que se criou. Pequenos gestos que, se forem multiplicados por vários intervenientes, permitirão atingir os objetivos de que todos falamos.
Na de.Gaveto, tentamos sempre encontrar materiais mais sustentáveis, quer no momento da sua aplicação, quer no seu uso a médio e longo prazo. Tentamos ainda otimizar as aplicações de modo que o desperdício seja usado em outros projetos.

E a de.Gaveto, como tem atuado perante as exigências e necessidades referentes à Sustentabilidade?
A de.Gaveto, tem vindo a adoptar várias medidas sustentáveis, nos seus processos de trabalho e na execução das obras. Medidas essas que consideramos muito simples e que a sua aplicação no dia a dia não compromete de forma alguma os rendimentos de trabalho, antes pelo contrário. Em obra procuramos, como mencionei anteriormente, ter desperdício zero, ter a obra limpa e desimpedida de lixos, adotar soluções sustentáveis, por vezes sugerindo aos projetistas algumas soluções diferentes, mas com menos impacto no meio ambiente.

Abordando outros assuntos, a verdade é que a Engenharia ainda é um setor maioritariamente masculino, embora este cenário esteja, felizmente, a mudar, e hoje vemos muitas Mulheres a singrar no setor. Como é que analisa o papel da Mulher ao nível da Engenharia? Sente que hoje o panorama é positivo ou ainda falta um longo caminho para que exista maior equilíbrio entre Mulheres e Homens no setor da Engenharia?
Na verdade, nunca dei muita importância às diferenças entre homens e mulheres, o que não significa que não reconheça, que existem características muito próprias de uns e de outros, mas não vejo isso de forma negativa. Na Engenharia, continuamos com um setor em que existem ainda mais homens que mulheres, mas não entendo que seja apenas por ser tipicamente um mundo maioritariamente de homens. Há muito anos que há liberdade de escolha e que tanto mulheres como homens, escolhem os setores de que mais gostam.

Alguma vez sentiram alguma dificuldade pelo facto de serem Mulheres num setor tradicionalmente masculino? Se sim, como ultrapassaram essas dificuldades?
Muito no início da minha carreira, muito antes da existência da de.Gaveto, senti de facto algumas dificuldades, e a necessidade de ultrapassar algumas barreiras. Essencialmente muito preconceito, por ser um mundo de homens. Talvez devido à minha forma de estar na vida, sempre fui ultrapassando essas situações, com mais ou menos dificuldades, mas nunca senti que não seria capaz de chegar mais longe. Acho que também depende muito da atitude que se tem perante as coisas.
Ao longo dos anos deixei de sentir dificuldades inerentes ao facto de ser mulher, ou pelo menos não as considerei como tal.
Na de.Gaveto, não temos sentido qualquer dificuldade na nossa atuação. Aliás, sentimos que, atualmente, o facto de sermos mulheres com as responsabilidades que temos, nos traz mais credibilidade ao olhar dos outros.
Por outro lado, a nossa empresa trabalha com base na confiança, felizmente, 90% dos nossos clientes são conhecidos e que vieram através de pessoas que já conheciam o nosso trabalho, o que torna as coisas menos difíceis mas também nos coloca sobre uma maior responsabilidade.

Tendo como desiderato a relevância da Mulher no setor da Engenharia, a Ordem dos Engenheiros dedica 2024 à Igualdade de Género na Engenharia. O que vos parece esta iniciativa? Sente que são dinâmicas deste género que farão a diferença para as Mulheres na Engenharia e para as Mulheres que pretendem enveredar pelo universo da Engenharia?
Entendo que talvez seja necessário este tipo de iniciativas, mas na verdade acho que não tínhamos de chegar aí. Acho muito discutível o tema da igualdade de género neste ou em qualquer outro setor. De uma forma muito simplista, até podemos estar a defender algo indefensável. Se o número de mulheres e homens que querem ir para este setor for diferente nunca teremos igualdade de género logo à partida. Outro tema é que ambos os géneros sejam tratados de forma igual, sejam na mesma quantidade ou não. Pelo que sei, a Ordem dos Engenheiros tem “… o objetivo de promover uma maior participação das mulheres nas áreas ligadas às Engenharias…”, mas o que levou à definição desse objetivo não tem necessariamente que ser o bloqueio às mulheres ao setor, pode ser “apenas” o pouco interesse das mulheres pelo mesmo.
Estas iniciativas podem até ser boas para lembrar às empresas de que as mulheres são igualmente competentes para cargos mais altos nas hierarquias, e mais do que a relevância de atrair mulheres para o setor, talvez fosse mais efetiva no tratar com igualdade de género as que nele já trabalham, nomeadamente no acesso às oportunidades.

O que podemos continuar à espera por parte da de.Gaveto para o futuro? Quais novidades podemos esperar da Vossa parte?
A de.Gaveto foi criada em 20 de Maio de 2019, e em Fevereiro fomos assolados pela pandemia que afetou tudo e todos. No ano de 2023, conseguimos um crescimento que tínhamos previsto que acontecesse dois anos antes. Neste momento estamos a trabalhar para continuar o crescimento de forma sustentável, diversificando algumas das nossas intervenções nos projetos. Temos trabalhos na zona de Lisboa, Alentejo e Algarve, e esperamos poder vir a ter projetos na zona centro e norte do país.

Que mensagem vos aprazaria deixar às Mulheres Engenheiras e às jovens Mulheres que pretendem ingressar no setor da Engenharia?
A mensagem que gostávamos de deixar em primeiro lugar é que o setor da Engenharia, em particular da Engenharia Civil, é um setor que requer dedicação e empenho, mas acima de tudo temos de gostar, não considero que seja um setor no qual possamos ingressar por não conseguirmos outro. Requer alguns sacrifícios pessoais, especialmente no início da carreira, mas é tudo uma forma de organização, talvez como em tudo.
Em segundo lugar, e não menos importante, é muito gratificante ver os projetos em que participamos concretizados, e vermos um pouco de nós, na construção da história.