CP – Carlos Pires Advogados é um escritório de advogados já com ampla experiência no cenário jurídico português. Como descreve a evolução da sua atividade ao longo dos anos e quais foram os principais marcos e desafios que enfrentou até hoje?
Já são mais de 25 anos de prática de advocacia, com especial enfoque no direito empresarial. Temos procurado, ao longo dos anos, ajustar-nos aos desafios e constantes mudanças. Maior marco e desafio? De imediato vem-me à memória os tempos da pandemia, há tão pouco tempo e paradoxalmente a parecerem já tão longínquos. Foram dias e meses de plena entrega ao trabalho, reinventado, quer na forma como era prestado, quer nas matérias atípicas a tratar, sempre com o intuito de apoiarmos os nossos clientes em tempos de tanta incerteza e dúvida quanto ao futuro. Agora, olhando para trás, acho que não fora o focus no trabalho e tudo teria sido, nas nossas vidas pessoais, mais difícil de enfrentar.
Os tempos de incerteza e dúvida são mais exigentes para a prática da advocacia?
Obviamente que sim. Veja a atual situação que vivemos, de incerteza, quer no que respeita à governabilidade interna, quer a nível internacional, fruto dos conflitos de guerra na Ucrânia e no Médio Oriente, com todos os indicadores a apontarem uma fraca dinâmica económica. Os senhores advogados não podem deixar de repensar as respetivas atividades tendo em conta essa conjuntura, de forma a adaptarem os respetivos escritórios a essa realidade. Haverá certamente menos transações (M&A), mas haverá que reforçar outras áreas do direito empresarial, em especial o direito laboral, financeiro, as reestruturações, bem como o contencioso.
Fazendo uma análise à atualidade, como diria que se encontra o setor da justiça e do Direito em Portugal?
A transformação digital da justiça corresponde à mudança positiva mais significativa, a evolução tecnológica viabilizou uma vida do Direito menos burocrática e mais próxima do cidadão. Infelizmente, a prática judiciária continua de costas voltadas a rácios de celeridade e eficiência. Veja-se o que se passa na Justiça administrativa em que a pendência processual atinge níveis inadmissíveis. Facto a que a Justiça criminal também não é alheia, a par do descrédito da sua ação.
Neste contexto, de que forma o seu escritório de advogados se posiciona para os desafios e necessidades que emergem na sociedade portuguesa?
Entendo que nunca o papel dos advogados foi tão importante como nos dias de hoje. A aposta na advocacia preventiva tem sido bandeira de atuação do escritório CP nas empresas que assiste, aconselhando e preparando as entidades para novas realidades legislativas, participando na gestão e no estabelecimento de estratégias empresariais.
Ao nível judiciário, a atualidade exige que o advogado seja, cada vez com maior afinco, um acérrimo defensor dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos. Sem medos e com perseverança.
Outro dos desafios que continuará a marcar a agenda do mercado da advocacia é a aposta nas novas tecnologias. Como vê o impacto que a inteligência artificial terá na advocacia?
Num mundo crescentemente digitalizado é esperado dos advogados um domínio das ferramentas informáticas e das novas tecnologias que potencie a rapidez, a qualidade e a segurança do seu trabalho. Duas questões incontornáveis neste domínio serão seguramente a da inteligência artificial e a da cibersegurança. A inteligência artificial não pode ser vista como uma ameaça, muito pelo contrário poderá ser um poderoso instrumento para a advocacia, garantindo uma resposta mais ágil, eficiente e segura. No entanto, é importante estarmos atentos aos riscos inerentes da utilização deste tipo de tecnologia, quer ao nível da despersonalização e excessiva mecanização do trabalho, quer mesmo ao nível da supressão de profissionais.
Houve muita polémica à volta da alteração dos Estatutos da Ordem dos Advogados, como vê o escritório Carlos Pires Advogados esta nova realidade?
A Ordem dos Advogados foi firme na defesa de princípios que entendemos serem os que melhor servem a profissão e a sociedade em geral. A importância que deve ser dada ao estágio e ao acesso à profissão, bem como a importância de a advocacia ser exercida por quem tem competência técnica para tanto, foram menosprezadas por esta alteração legislativa, que reduziu o tempo de estágio obrigatório e que permite a entrada de outros profissionais a atividades que eram exclusivas da advocacia. Medidas que comprometem a qualidade que todos os cidadãos que recorrem à advocacia merecem e que esperam encontrar. Estamos a falar da Justiça e de uma área tão impactante na vida das pessoas. O poder político não ponderou devidamente estes aspetos.
O dia 19 de maio é celebrado como o Dia do Advogado em Portugal. Na sua opinião, qual é a importância desta celebração para os profissionais da área no país?
É o dia de Santo Ivo, padroeiro dos advogados, dia celebrado pela Ordem dos Advogados através de uma cerimónia pública – este ano ocorrerá em Viana do Castelo. Um momento para os advogados se reunirem e prestarem homenagem aos colegas que se destacaram ao longo da sua carreira profissional, bem como para debate e discussão sobre temas que nos interessam. Dia de realçar o papel do advogado enquanto garante do respeito pelos direitos de todas as pessoas, individuais e coletivas. É que sem advogados não há justiça e sem justiça não há respeito pela dignidade dos indivíduos.
Como Fundador de um escritório que já constitui uma sólida marca na advocacia portuguesa, quais são as suas perspetivas e objetivos para o futuro?
Em primeiro lugar, continuar a acreditar no talento, na capacidade e na ambição das equipas, e numa cultura interna que fomenta equipas coesas, a par da firme aposta nas ferramentas de trabalho digital e nas novas tecnologias.
Pretendo ainda continuar o exercício da profissão de forma independente e livre. Certo de que o setor será reorganizado com a abertura a novos players.
A internacionalização continuará a ser uma prioridade estratégica do escritório, pelo que é primordial promover relações e parcerias internacionais, tudo de forma a podermos assessorar os clientes com a qualidade e a rapidez que são, e serão cada vez mais, no futuro, fatores chave de sucesso.
Por tudo isto, será fundamental a capacidade de antecipar questões, e o foco permanente na exigência e na qualidade, na proximidade com o cliente e no conhecimento profundo do seu negócio, procurando desenhar soluções ideais que potenciem o êxito. A advocacia do futuro tem de conseguir acompanhar os clientes em todos os setores da atividade, em todas as áreas jurídicas, em qualquer parte do mundo. CP – Carlos Pires Advogados manter-se-á como verdadeiro parceiro de negócio dos seus clientes.
Estou convicto de que, por todas estas razões, seremos capazes de enfrentar o futuro com solidez, em linha com a ambição de fazer mais e melhor que sempre caracterizou a nossa estratégia global.