A elaboração do documento será conduzida pelo Dicastério para a Doutrina da Fé, uma entidade da Santa Sé, contribuindo para o processo de reforma da Igreja iniciado pelo papa Francisco. Este processo entra agora na segunda fase com o sínodo dos bispos, programado para ocorrer de 2 a 27 de outubro.
Pouco após uma conferência de imprensa sobre os preparativos para o sínodo de outubro, o Vaticano informou que está a desenvolver este documento doutrinal, embora sem divulgar detalhes específicos.
Convocado pelo papa Francisco há mais de três anos, o sínodo faz parte de um esforço maior para transformar a Igreja num espaço mais inclusivo, onde grupos marginalizados e leigos possam ter maior participação.
Apesar de desempenharem um papel significativo nas escolas e hospitais da Igreja e na transmissão da fé às novas gerações, as mulheres católicas têm-se queixado do tratamento desigual numa instituição que só permite a ordenação de homens.
Embora o papa Francisco tenha reafirmado a proibição da ordenação de mulheres, nomeou várias mulheres para cargos importantes no Vaticano e incentivou o debate sobre maneiras alternativas de amplificar as vozes femininas.
Isso inclui o processo sinodal, onde agora as mulheres têm o direito de votar em propostas específicas, algo que anteriormente era reservado apenas aos homens.
Durante os seus 11 anos de pontificado, o papa Francisco abordou as demandas por funções ministeriais para mulheres, estabelecendo duas comissões para estudar a possibilidade de permiti-las no diaconado. Os diáconos são ministros ordenados que, embora não sejam padres, podem realizar muitas das suas funções, como presidir a casamentos, batizados e funerais, e pregar, mas não podem celebrar missa.
Os resultados das comissões nunca foram divulgados e, numa recente entrevista ao programa “60 Minutes” da CBS, o papa Francisco afirmou que não prevê a ordenação de mulheres como diáconos.
A organização norte-americana Women’s Ordination Conference, que defende a ordenação de mulheres como sacerdotes, criticou a decisão de relegar a questão do acesso feminino ao diaconado para o Dicastério da Doutrina da Fé, afirmando que isso não reflete uma Igreja disposta a envolver mais as mulheres.