A Fundação Manuel Pinto da Costa para o Desenvolvimento é uma instituição dedicada ao progresso e bem-estar da juventude de São Tomé e Príncipe, em que os seus esforços visam promover um ambiente propício ao desenvolvimento pessoal e coletivo dos jovens, capacitando-os para enfrentar os desafios do século XXI. De que forma é que a Fundação tem vindo a promover estes desideratos e quão longe tem chegado neste fito?
A Fundação Manuel Pinto da Costa está a atravessar uma fase de transformação significativa. Embora a nossa atuação abranja diversos setores, o nosso foco principal atualmente é a educação dos jovens são-tomenses. Em colaboração com escolas internacionais, temos oferecido bolsas de estudo em áreas cruciais para o desenvolvimento do nosso país. Isto enche-me de orgulho, pois acredito profundamente no poder da educação para transformar vidas. Estamos empenhados em angariar fundos para concretizar as nossas atividades e expandir os nossos programas. Na verdade, sei que há muitos desafios pela frente, mas estamos firmes e determinados a trazer mais benefícios para o nosso país. Ainda estamos no processo de angariação de recursos para ampliar e sustentar estas iniciativas. Em suma, temos feito um progresso considerável na capacitação da juventude de São Tomé e Príncipe, mas reconhecemos que ainda há muito a ser feito. O nosso objetivo é proporcionar maior estabilidade e mais oportunidades para os jovens, preparando-os para enfrentar os desafios do futuro. Apesar dos desafios, estamos comprometidos em superá-los e em construir um futuro mais próspero para a nossa juventude e para o nosso país. Este trabalho é pessoal para mim, e estou completamente dedicada a ver a nossa missão tornar-se realidade.
Com diversos focos, a Fundação promove diferentes atividades e iniciativas, entre melhoria do sistema educacional, incentivo da qualidade do ensino, formação, acesso equitativo à educação, entre outros. De que forma é que procuram interligar esta preservação e valorização da herança cultural do país com a estimulação e apoio aos jovens?
Acredito profundamente na importância de ligar a preservação da nossa herança cultural ao apoio aos jovens de São Tomé e Príncipe. Promovemos a inclusão de elementos da cultura local nos currículos escolares, ajudando os jovens a desenvolver um forte sentido de identidade e orgulho nacional. Oferecemos bolsas de estudo e programas de intercâmbio em áreas como artes e história, capacitando os jovens a tornarem-se guardiões da nossa herança cultural. O Presidente da Fundação, Dr. Manuel Pinto da Costa, sempre me ensinou que os jovens são o futuro de uma nação, e a sua visão de equilibrar o desenvolvimento juvenil com a preservação cultural é uma verdadeira inspiração. Ao integrar a nossa herança cultural nas atividades educacionais e de desenvolvimento, garantimos que os jovens de São Tomé e Príncipe cresçam valorizando as suas raízes e estejam preparados para enfrentar os desafios futuros. É um privilégio trabalhar para que a nossa cultura viva nas novas gerações.
Quais são os grandes problemas que os jovens enfrentam em São Tomé e Príncipe? Sente que esta faixa etária não é devidamente valorizada e apreciada no país? De que forma é fundamental criar mais canais de diálogo e conversação entre as entidades privadas e o atual Governo?
De facto, os jovens em São Tomé e Príncipe enfrentam muitos desafios significativos. O desemprego é uma grande preocupação, com muitos jovens a lutar para encontrar oportunidades de trabalho. Além disso, o acesso à educação de qualidade é limitado, especialmente em áreas rurais, onde a falta de recursos e infraestruturas adequadas é evidente. Isso, juntamente com a desigualdade social e económica, impede muitos jovens de progredirem e alcançarem os seus objetivos. Outro aspeto preocupante é o acesso limitado a serviços de saúde, incluindo a saúde mental, que é uma questão crescente. Na minha opinião mais humilde, sinto que a faixa etária dos jovens não é devidamente valorizada e apreciada no país. E sei que posso ser criticada por dizer isto, mas acredito que muitos jovens sentem que as suas vozes não são ouvidas e que as suas necessidades não são atendidas de forma adequada. É crucial que reconheçamos o potencial dos jovens como agentes de mudança e desenvolvimento para o futuro do nosso país. É absolutamente essencial criar mais canais de diálogo e conversa entre as entidades privadas e o Governo. Este diálogo aberto pode levar à criação de políticas mais inclusivas que realmente atendam às necessidades dos jovens. Parcerias entre o setor privado e o governo são fundamentais para desenvolver programas e iniciativas que proporcionem mais oportunidades de emprego e formação para os jovens. Além disso, ao incentivar investimentos em educação, saúde e infraestruturas, podemos criar um ambiente mais propício para o crescimento e bem-estar da nossa juventude. Precisamos de ouvir e valorizar as opiniões dos jovens. Eles têm ideias e perspetivas valiosas que podem ajudar a moldar um futuro melhor para todos nós. Ao empoderar os jovens e garantir que as suas vozes sejam ouvidas, podemos incentivá-los a participar ativamente no desenvolvimento de São Tomé e Príncipe. É com preocupação e esperança que vejo a necessidade urgente de ação para apoiar os nossos jovens e garantir que tenham as oportunidades que merecem.
A Tania Pinto da Costa é a Vice-Presidente da Fundação Manuel Pinto da Costa. Fale nos um pouco do seu papel da instituição e como é que decidiu enveredar por esta carreira de apoio aos outros?
Quando passei do conselho administrativo para a posição de Vice-Presidente da Fundação Manuel Pinto da Costa, as responsabilidades realmente triplicaram e de uma forma bem diferente. Como Vice-Presidente, o meu papel é liderar e implementar diversas iniciativas que a nossa instituição promove. Isso inclui a coordenação de programas, angariação de fundos, construção de parcerias estratégicas e supervisão das operações diárias. Dedico-me intensamente para assegurar que os nossos objetivos sejam alcançados, especialmente na promoção da educação e no desenvolvimento dos jovens de São Tomé e Príncipe. O meu pai, Dr. Manuel Pinto da Costa, confiou em mim e nos meus princípios ao nomear-me como Vice-Presidente da Fundação. Desde jovem, fui profundamente inspirada pelo seu exemplo e pela sua visão de que o progresso de uma nação depende da capacitação da sua juventude. Cresci entendendo a importância do serviço comunitário e o impacto positivo que o apoio e a educação podem ter na vida das pessoas. Essa convicção foi sendo fortalecida ao longo da minha vida pessoal e profissional, motivando-me a assumir um papel ativo na Fundação. O Dr. Manuel Pinto da Costa sempre acreditou que o verdadeiro desenvolvimento de um país está intrinsecamente ligado ao investimento na educação e no bem-estar dos seus cidadãos. Ele defende que uma nação só pode alcançar um progresso sustentável e inclusivo quando proporciona oportunidades iguais para todos os seus jovens, independentemente do seu contexto socioeconómico. Com base nos ideais e na orientação do meu pai, a Fundação Manuel Pinto da Costa continua a trabalhar para capacitar os jovens de São Tomé e Príncipe, oferecendo-lhes as ferramentas e os recursos necessários para se tornarem líderes e agentes de mudança nas suas comunidades. O seu legado e a sua paixão pelo desenvolvimento humano e social são uma fonte constante de inspiração para mim e para todos os envolvidos na Fundação. Entretanto, o meu compromisso com a juventude e a minha paixão por promover a educação e o desenvolvimento sustentável estão presentes em tudo o que faço. Sob a minha liderança, a Fundação tem-se concentrado em fornecer bolsas de estudo, organizar workshops e seminários, e promover projetos comunitários que valorizam a nossa rica herança cultural. Acredito profundamente que, ao investir na educação e no empoderamento dos jovens, estamos a contribuir para um futuro mais próspero e equilibrado para São Tomé e Príncipe. É uma jornada desafiadora, mas profundamente gratificante. Cada passo que damos em direção a um futuro melhor para os nossos jovens é um testemunho do impacto positivo que podemos ter. Estou dedicada a continuar este trabalho e a ajudar a criar oportunidades para a próxima geração.
Como líder, quais são, na sua opinião, as caraterísticas que alguém que lidera uma equipa deve possuir para levar um projeto a bom porto? Como é que a Tânia Pinto da Costa se define enquanto Líder?
Como líder, acredito que as características essenciais para conduzir uma equipa ao sucesso incluem visão, comunicação eficaz, empatia, resiliência e integridade. É fundamental ter uma direção clara, ouvir e valorizar a equipa, enfrentar desafios com determinação e construir confiança. Vejo-me como uma líder colaborativa e comprometida, que valoriza a inclusão e a transparência. Gosto de trabalhar lado a lado com a minha equipa, escutando as suas ideias e incentivando um ambiente motivador e produtivo. A confiança que o meu pai, Dr. Manuel Pinto da Costa, depositou em mim ao nomear-me Vice-Presidente da Fundação reforça ainda mais a minha convicção de inspirar e capacitar os outros. Apesar da posição que ocupo, não me considero ainda uma líder completa. Para mim, ser líder é uma jornada constante de aprendizagem e crescimento. Cada desafio enfrentado e cada conquista alcançada são passos importantes nesta caminhada. Estou dedicada a liderar com paixão e dedicação, sempre com o objetivo de promover o bem-estar e o desenvolvimento dos jovens de São Tomé e Príncipe. Acredito firmemente que, ao trabalharmos juntos e valorizarmos cada membro da equipa, podemos alcançar grandes realizações e contribuir significativamente para o futuro do nosso país. O meu objetivo é continuar a evoluir como líder, sempre guiada pelos princípios de colaboração, empatia e compromisso com a nossa juventude.
A verdade é que muito se fala de questões relacionadas com a igualdade do género e de oportunidades. Que análise perpetua deste cenário em São Tomé e Príncipe? Sente que hoje em dia é dada uma atenção superior ao Papel da Mulher no universo da gestão e da liderança?
Em São Tomé e Príncipe, tenho percebido que as questões de igualdade de género e oportunidades estão a ganhar cada vez mais atenção. Vejo um esforço crescente, tanto no setor público quanto no privado, para incluir mais mulheres em posições de liderança e gestão. Isso é realmente encorajador, mas ainda há um longo caminho a percorrer. Sinto que, hoje em dia, há um reconhecimento maior do papel das mulheres em cargos de gestão e liderança. Muitas mulheres estão a assumir posições importantes, o que é um grande avanço. No entanto, ainda enfrentamos desafios, como preconceitos e estereótipos, que podem dificultar o nosso acesso a oportunidades iguais. Muitas vezes, nós, mulheres, precisamos provar o nosso valor repetidamente para sermos levadas a sério. É fundamental que continuemos a criar políticas que apoiem a igualdade de género, como programas de mentoria e desenvolvimento de competências. Estas iniciativas são essenciais para ajudar as mulheres a avançar nas suas carreiras e a alcançar os seus objetivos. Acredito que estamos no caminho certo, mas é importante continuar a trabalhar para garantir que o papel das mulheres na gestão e liderança seja valorizado e apoiado. A igualdade de género não é apenas uma questão de justiça, mas também essencial para o desenvolvimento sustentável e inclusivo do nosso país. Precisamos garantir que todas as vozes, especialmente as das mulheres, sejam ouvidas e respeitadas em todos os setores da sociedade.
Como é que, na sua perspetiva, podemos continuar a avançar na promoção da igualdade de género e na valorização da liderança feminina em todos os setores da sociedade?
Para mim, avançar na promoção da igualdade de género e na valorização da liderança feminina é uma missão que requer ações concretas e dedicação. Primeiro, é crucial implementarmos políticas públicas que incentivem a educação e a formação profissional de mulheres e meninas. Programas de mentoria e bolsas de estudo são essenciais para abrir portas e proporcionar a essas jovens as oportunidades que merecem. Promover uma cultura organizacional inclusiva também é vital. Precisamos garantir que as empresas adotem práticas de recrutamento justas e ofereçam condições de trabalho flexíveis. Isso não só ajuda a atrair mais mulheres para o mercado de trabalho, como também cria um ambiente onde elas possam desenvolver-se e alcançar os seus objetivos. Desde cedo, é importante combater os estereótipos de género, tanto nas escolas como na sociedade em geral. Precisamos mostrar às meninas que elas podem ser o que quiserem e que os seus sonhos são possíveis. Isso ajuda a construir uma base sólida de autoconfiança e ambição. Ver mulheres em posições de liderança é uma fonte de inspiração para todas nós. Quando uma mulher se destaca, ela abre caminho para que outras também acreditem no seu próprio potencial. É por isso que é tão importante dar visibilidade a essas líderes e celebrar as suas conquistas. Além disso, o diálogo entre o Governo, as empresas e a sociedade civil é essencial. Juntos, podemos enfrentar os desafios e criar iniciativas que realmente façam a diferença. Eu acredito que, com educação, apoio institucional e uma mudança cultural, podemos alcançar um grande avanço na igualdade de género e na valorização da liderança feminina. Cada passo que damos é importante e, juntos, podemos construir um futuro mais justo e inclusivo para todos.
Na sua opinião, sente que não é o género que define um bom líder, mas sim a capacidade de agregar Pessoas e Objetivos em prol de um bem comum?
Exatamente. Para mim, não é o género que define um bom líder, mas sim a capacidade de unir pessoas e objetivos em torno de um propósito comum. Um líder eficaz é aquele que consegue inspirar, motivar e guiar a sua equipa, seja ele homem ou mulher. A verdadeira liderança vai além de qualquer rótulo de género; é sobre a habilidade de comunicar uma visão clara e inspiradora, promover a colaboração e tomar decisões bem informadas. Também é essencial agir com integridade e consistência, mostrando através das ações o caminho que deve ser seguido. Para mim, ouvir e empatizar são qualidades fundamentais. Um bom líder deve ser capaz de valorizar as contribuições de todos os membros da equipa, reconhecendo que cada pessoa traz algo único e valioso para o grupo. Isso cria um ambiente de respeito e confiança, onde todos se sentem encorajados a dar o seu melhor. Portanto, acredito que o foco deve estar nas competências e qualidades individuais que cada pessoa traz para a liderança. O género não deve ser um fator determinante. O que realmente importa é a capacidade de liderar com empatia, clareza e integridade, sempre trabalhando em direção ao sucesso coletivo.
O que podemos continuar a esperar de futuro por parte da Fundação Manuel Pinto da Costa e da si própria?
No futuro, podem esperar que vamos continuar a intensificar os nossos esforços na promoção da educação, no desenvolvimento dos jovens e na igualdade de oportunidades em São Tomé e Príncipe. Estamos muito empenhados em expandir os nossos programas de bolsas de estudo, formação profissional e projetos de desenvolvimento comunitário. Através de parcerias estratégicas, queremos trazer mais recursos e conhecimentos que realmente façam a diferença para os nossos jovens e as suas comunidades. Pessoalmente, estou totalmente comprometida em fortalecer o foco na capacitação dos jovens, ajudando-os a alcançar o seu pleno potencial e a contribuir para o progresso do nosso país. Além disso, continuo dedicada a promover a igualdade de género e a valorização da liderança feminina, inspirando e empoderando as futuras gerações de líderes. Podem contar comigo e com a Fundação para sermos agentes de mudança positiva. Estamos a trabalhar para criar um futuro mais próspero, justo e inclusivo para todos em São Tomé e Príncipe. Estou muito entusiasmada com o que podemos alcançar juntos e ansiosa para ver o impacto positivo que podemos gerar.
Que mensagem lhe aprazaria deixar a todos os jovens de São Tomé e Príncipe, em particular às Mulheres?
A todos os jovens de São Tomé e Príncipe, especialmente às mulheres, quero deixar uma mensagem de esperança e determinação. Acreditem no vosso potencial e nunca deixem que as dificuldades do caminho vos desanimem. Sei que não é fácil, mas também não é impossível. A educação é uma ferramenta poderosa para transformar as nossas vidas e contribuir para o desenvolvimento do nosso país. Invistam em vocês mesmos, busquem conhecimento e estejam sempre abertos a aprender e crescer. Lembrem-se de que cada desafio é uma oportunidade para se fortalecerem e evoluírem. Para as mulheres, em particular, quero enfatizar que somos fortes e capazes de alcançar qualquer objetivo a que nos propusermos. Não deixemos que os estereótipos de género limitem as nossas aspirações. Sejamos corajosas, persistentes e determinadas. Temos o poder de ser líderes e de fazer a diferença nas nossas comunidades e no nosso país. Acreditem em vocês mesmas, porque cada uma de vocês possui um potencial único e valioso. Encorajem-se mutuamente, pois a união entre nós é uma força poderosa. Enfrentem os desafios com resiliência e nunca desistam dos seus sonhos. O progresso vem com esforço contínuo e determinação inabalável. Juntos, podemos construir um futuro mais justo e brilhante para todos.