Sabemos que a Sildel é conhecida pela sua relação profunda e singular com a cortiça. Poderia contar-nos um pouco sobre a história da marca e como é que a mesma se consolidou no mercado do mobiliário e decoração de luxo com peças feitas deste material tão especial?
Nasci e cresci no seio de uma indústria familiar de fabrico de rolhas naturais. Comecei a admirar e a adorar esta nobre matéria-prima quando senti as suas caraterísticas naturais e beleza extraordinárias. Tive uma vontade enorme de a mostrar ao mundo e decidi apresentá-la na sua forma mais pura e respeitando as suas formas, cores e texturas naturais e, em determinado momento, li a seguinte frase: “a verdade pertence à natureza, engenheira da criação” e pensei: é isto mesmo. Com base nesta máxima nasceu a SILDEL – We Think Cork.
A filosofia da Sildel destaca a cortiça como um material nobre e sustentável, comparando-a até a um diamante. Pode falar-nos mais sobre esta visão e como a mesma influencia o processo criativo e de produção das vossas peças?
Sim, tenho uma ambição enorme de posicionar a cortiça genuína ao lado de um diamante. O diamante é apreciado pela sua beleza e raridade. A cortiça genuína, tem as cores mais belas, designadas como as cores do luxo: o castanho escuro quase preto, o dourado e o bege, além das texturas mais ricas. Não se conhece no universo árvore como o Sobreiro, reunindo este número de caraterísticas naturais associadas.
A cortiça genuína é uma matéria-prima rara. Portugal, um país tão pequeno, é o maior produtor de cortiça do mundo. Então, nada falta a esta matéria-prima (rara e bela) para se posicionar ao lado do diamante.
Recentemente foi encontrada uma ânfora com cerca de 2.100 anos com um “rolhão” de cortiça e este só estava sujo. A cortiça é ETERNA.
Que mais se pode pedir, à nobre cortiça genuína, senão apresentá-la como um diamante?
Além disso, não se trata de “um diamante de sangue”, mas antes, da prática de todo um conjunto de técnicas ancestrais, desde a extração da cortiça ao manuseamento, somente conseguido por verdadeiros mestres.
A Sildel tem vindo a ganhar reconhecimento internacional. Quais foram os principais desafios que enfrentaram ao entrar nos mercados estrangeiros? De que forma, a cortiça, foi recebida em diferentes culturas e mercados?
Um dos maiores desafios é o facto de que muitas pessoas ao redor do mundo não conhecem a cortiça no seu estado mais genuíno. A cortiça é frequentemente associada a rolhas de vinho, mas o seu potencial vai muito além. Comunicar a versatilidade e as qualidades únicas da cortiça como material de mobiliário, iluminação e decoração foi uma tarefa desafiadora, e continuamos a trabalhar nesse sentido. Sendo a Sildel a única empresa a trabalhar com cortiça no seu estado mais puro, o nosso foco passa sempre por transmitir singularidade em tudo o que fazemos.
Quando mostramos e explicamos o que é a cortiça genuína e todo o seu potencial; todos, todos, todos a abraçam.
Portugal é o maior produtor e transformador de cortiça do mundo. Nesta perspetiva, como é que a Sildel aproveitou esta vantagem competitiva para se internacionalizar e que estratégias utilizou para promover os seus produtos lá fora?
A cortiça portuguesa é mundialmente reconhecida pela sua qualidade e, obviamente, aproveitamos esta reputação sólida para nos promovermos noutros mercados. Além disso, contamos a história da nossa relação única com a cortiça genuína, para que, quem nos passa a conhecer, realmente compreenda todos os benefícios desta tão nobre matéria-prima. Educar o público é a nossa estratégia, porque quem fica a conhecer o seu verdadeiro potencial estará com certeza mais próximo da compra.
Basicamente é uma promoção muito personalizada. Andamos em contraciclo com as novas tecnologias da comunicação, mas o nosso público adora a atenção que lhe damos. E sem querer repetir o que já foi dito, mas é a realidade; quando explicamos o que é a cortiça genuína o mundo ama-a connosco.
Também estamos presentes em vários Marketplaces.
A sustentabilidade é um pilar fundamental da vossa marca. Assim, de que forma a Sildel garante que os seus processos de produção e as suas operações internacionais mantêm este compromisso com a sustentabilidade e o respeito pela natureza?
A sustentabilidade está no cerne da Sildel – We Think Cork. Desde a nossa fundação, temos um compromisso firme com práticas que respeitam e preservam o meio ambiente. Utilizamos cortiça genuína, um material natural, renovável e biodegradável. A extração da cortiça é, por si só, um processo sustentável – permite que o sobreiro continue a crescer e a produzir mais cortiça ao longo dos anos. Damos vida à árvore. Isso não só preserva a floresta de sobreiros, mas também ajuda a combater a desertificação e a proteger a biodiversidade, além de todos os processos de produção e acabamento natural serem feitos de forma artesanal.
A cortiça é, ainda, conhecida pelas suas propriedades únicas e versáteis. Que inovações a Sildel tem vindo a desenvolver com este material e como é que, as mesmas, têm contribuído para o sucesso nos mercados internacionais?
As caraterísticas naturais da cortiça permitem que, no desenvolvimento de cada peça, estas mesmas características sejam associadas em seu benefício. Ou seja, a função de cada peça é beneficiada por uma ou mais das caraterísticas naturais do material.
Por outro lado, proporciona a cada peça a versatilidade de ser posicionada de diferentes maneiras, aproveitando texturas e cores completamente distintas numa única peça. O conceito das nossas luminárias é inteiramente inovador em comparação com o que existe no mercado. Um exemplo concreto são as diversas posições e intensidades da luz, direta ou indireta, conseguida através da irregularidade natural e diferentes formas da cortiça genuína.
Um determinado tipo de corte na cortiça, que procuramos noutras indústrias e nunca antes utilizado na indústria corticeira, permite uma precisão e perfeição no corte, sem qualquer desperdício.
O sistema de desinfeção e acabamento confere uma aparência 100% natural à peça, sem qualquer componente químico ou outros aditivos, mantendo a sustentabilidade e fazendo jus à genuinidade da cortiça. A economia circular também está presente no nosso processo. Resgatamos técnicas ancestrais para o desenvolvimento e produção de cada peça, envolvendo o saber e conhecimento dos mais experientes, verdadeiros artesãos e mestres na arte de trabalhar esta nobre matéria-prima. Isto permite que cada peça conte a sua própria história, convidando os nossos clientes a reviver, conhecer e desfrutar de tudo o que é puro e genuíno, sem a influência da industrialização; quase como um regresso ao passado e à origem do ser humano.
Por fim, quais são as metas da Sildel no que respeita a expansão internacional e desenvolvimento de novos produtos? Como pretendem hoje, e sempre, continuar a elevar a cortiça ao nível de um diamante no cenário global do design e mobiliário de luxo?
Acreditamos fortemente no poder da colaboração para impulsionar a inovação. Queremos construir uma rede de parceiros com quem compartilhemos a nossa visão de elevar a cortiça genuína a novos patamares – “You Think Cork”. É a nossa chamada para que empresas e profissionais das mais diversas áreas de negócio, se juntem a nós na criação de peças extraordinárias ou incorporando no seu trabalho a cortiça genuína e possam contribuir para expandir as aplicações da cortiça genuína, gerando mais valor acrescentado e tornando o seu negócio diferenciado. Ao mesmo tempo, incentivando o mundo empresarial a largar o consumismo desenfreado, dando lugar à unicidade, exclusividade e intemporalidade porque a cortiça genuína é ETERNA. Exemplo disto, é a denominada comunidade do “quiet luxury”. Através destas parcerias e do desenvolvimento de soluções inovadoras, pretendemos elevar a arte e função associadas, sempre com um foco incessante na sustentabilidade e posicionando a cortiça genuína no cenário global ao lado do diamante.