“O meu estilo de liderança é participativo e focado na proximidade”

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Desde 2011 na Manuland, a Engenheira Civil de formação Carla Oleirinha é uma das nossas líderes femininas da Revista Pontos de Vista de Setembro/Outubro. A Chief Financial Officer aceitou o nosso desafio de contar-nos a sua história de vida e de liderança profissional, num setor da Construção que vive nos últimos anos uma profunda transformação e mudança, onde a líder irá ter um papel de enorme integridade, empenho e proximidade com colaboradores e clientes.

 

A sua formação é em Engenharia Civil, tendo também uma pós-graduação em gestão de empresas de construção. Assim, para começar, poderia partilhar com os leitores o que a motivou a escolher este percurso e quais foram os marcos mais significantes da sua carreira até então?

A minha decisão de seguir a Engenharia Civil foi pautada pelo fato de desde muito nova acompanhar o meu pai que foi promotor imobiliário durante alguns anos e de a minha família ter um histórico familiar nessa área. Estava a estudar saúde, mas não me revia nessa área de trabalho, pelo que arrisquei, ainda que ao início tivesse algumas dúvidas sobre o caminho a tomar hoje sinto que foi um caminho difícil, mas ao mesmo tempo muito enriquecedor.

As principais metas prenderam-se com alcance de projetos onde fui cofundadora com cargos de liderança que me permitiram crescer e contribuir para o setor. Participei em diversas em empresas tendo nos últimos anos integrado a Manuland.

 

Em 2011 assumiu a posição de CFO e Sales Management na Manuland, um grupo familiar no setor da construção civil. Para melhor entender, quais são as suas principais responsabilidades e desafios neste papel e como tem contribuído para o crescimento e desenvolvimento da empresa?

No início de carreira e quando abraçamos projetos próprios temos a vantagem de poder conhecer profundamente as diversas áreas da empresa numa postura transversal e polivalente o que nos permite encarar os erros numa perspetiva de mudança e aperfeiçoamento.

Como CFO e gestora de projetos na Manuland, as minhas principais responsabilidades incluem gestão financeira, abordagem de novos clientes e desenvolvimento de negócios. Enfrento desafios como otimização de custos, expansão da carteira de clientes e melhoria da rentabilidade.

A minha contribuição para o crescimento da empresa envolve a implementação de práticas financeiras sólidas e estratégias comerciais eficazes a longo prazo.

Na área comercial procurei atingir novos segmentos quer na construção nova de habitação, industrial ou retalho, quer na reabilitação de todo o tipo de imóveis.

A mais valia que penso ter trazido à empresa são as relações de aproximação com os clientes. Queremos que o cliente se sinta mais que um cliente, queremos relações duradouras. Os contratos de empreitadas são relações longas com as problemáticas intrínsecas à gestão física e económicas dos mesmos e nesse sentido procurámos integrar uma politica de aproximação com vista à satisfação máxima do cliente.

A relação de Trust que leva o cliente a recomendar ou contratar novos projetos tem que ser feita à margem da técnica, tem que ser desconstruída, através da aproximação pessoal, ou seja, sabemos à partida que vão existir problemas dos dois lados, mas é preciso identificá-los e agir mostrando que vão ser resolvidos, para isso, muitas vezes é preciso estar ao lado do cliente, calçar os seus sapatos para que juntos alcancemos os objetivos. Esta forma de aproximação aos clientes tem trazido frutos.

A Manuland destaca-se pela sua capacidade de oferecer soluções chave na mão e pela sua abordagem multidisciplinar. Quais têm sido as principais inovações ou projetos que a empresa tem desenvolvido recentemente? Como vê, além disso, o futuro da mesma no contexto de uma indústria em constante evolução?

A Manuland está a iniciar um percurso de mudança procurando sensibilizar os seus clientes para o uso de tecnologias e materiais amigos do ambiente.

O caminho ainda é longo, mas vejo o futuro da empresa como promissor, com foco contínuo em inovação, sustentabilidade e adaptabilidade às mudanças do setor da construção.

A liderança é uma competência fundamental para um CFO, especialmente numa empresa multifacetada como a Manuland. Como descreve o seu estilo de liderança e quais são os princípios que mais valoriza ao liderar a sua equipa?

O meu estilo de liderança é participativo e focado na proximidade. Todas as peças do motor são importantes pelo que o líder serve apenas para colocar as peças nos devidos lugares e abrir novos caminhos. Valorizo princípios como a integridade, empenho e o aperfeiçoamento pessoal. O respeito dos nossos colaboradores conquista-se pelo exemplo, empatia e proximidade. Sinto que o crescimento das empresas tem que ser feito a par com o bem estar dos colaboradores. A relação tem que ser bilateral e win-win para que funcione.

Sabemos que a construção civil é um setor tradicionalmente dominado por homens. Durante a sua carreira enfrentou obstáculos por ser mulher numa posição de liderança? Como os superou?

No inicio da minha carreira senti que alguns clientes e fornecedores se sentiam desconfortáveis, foi preciso desconstruir alguns preconceitos e mostrar competência para me aceitarem, mas curiosamente no ambiente de direção de obra sempre fui muito respeitada.

A superação é a forma como os clientes de ontem me voltam a procurar hoje, reconhecendo o espírito de compromisso.

 

Certo é que, também este setor – como tantos outros – tem vindo a evoluir no que diz respeito à igualdade de oportunidades. Na sua opinião, como se encontra atualmente o mesmo no que diz respeito a este tema? Em que medida a Manuland tem vindo a implementar práticas para promover um ambiente de trabalho mais inclusivo e equitativo?

A figura feminina como operária especializada da construção civil é quase inexistente por se tratar maioritariamente de trabalhos fisicamente pesados.

Na área da Engenharia e Arquitetura têm vindo a surgir cada vez mais mulheres, no entanto penso que se trata de uma questão mais cultural, porque se virmos noutras áreas das engenharias o rácio de homens é sempre muito superior ao das mulheres logo isso reflete-se depois no mercado de trabalho.

Os rácios estatísticos demonstram que nos últimos 20 anos o número de mulheres com formação em engenharia civil duplicou, mas ainda não é suficiente.

As mulheres quando com competências têm claramente igualdade de oportunidades na nossa área e são respeitadas.

Temos tido nos nossos quadros mulheres, no entanto sempre que tentamos recrutar percebe-se claramente que a percentagem de mulheres é inferior à dos homens.

 

Por fim, quais são as suas metas e objetivos principais enquanto CFO da Manuland? Que estratégias pretende implementar para continuar a impulsionar o crescimento e a sustentabilidade da marca nos próximos anos?

Diversificação é a palavra que está em cima de mesa. A Manuland quer abrir novos caminhos que diversifiquem as áreas de negócio.

Novas técnicas de construção aliadas à reciclagem ou reintegração dos produtos das demolições (no caso das reabilitações), utilização de produtos menos poluentes, menos tóxicos, e atividades mais mecanizadas que permitam minimizar as doenças profissionais.

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Revista Pontos de Vista Edição 134

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