Maria Egas, Broker da Century 21 Innovation em Portimão desde Agosto, é um exemplo inspirador de determinação, visão e resiliência no setor imobiliário. Nesta entrevista, compartilhamos o conhecimento do percurso que levou a criar a Century 21 Innovation, com os seus filhos a acompanhá-la lado a lado, fala dos desafios e conquistas da mulher neste setor, e a sua visão para um futuro mais sustentável e inclusivo. Com base na sua experiência de quase duas décadas, a Revista Pontos de Vista veio saber mais sobre a sua história e os seus planos para transformar o mercado imobiliário em Portimão e não só.
Antes de mais começaria por pedir para me falar um pouco de si e como descreveria o seu percurso até se tornar, desde agosto, Broker da Century 21 Innovation Portimão? O que a motivou a apostar no setor da mediação imobiliária
Nasci em São Pedro Velho (Mirandela), vivi toda a minha vida adulta no Porto e, atualmente, vivo em Alvor. Sou casada, mãe de dois filhos, licenciada em gestão de empresas e pós-graduada em gestão imobiliária e direito imobiliário.
O meu contacto com o setor imobiliário começou em 2006, quando fui convidada para assumir a direção financeira na “Douro Atlântico – Sociedade Imobiliária, S.A, do Grupo espanhol “San José”.
Fiquei profundamente impactada com a complexidade, responsabilidade envolvida e os efeitos diretos e indiretos que esta atividade tem na vida das pessoas e na economia. Deste então, nunca mais me desvinculei do imobiliário.
Numa primeira fase, fazia a gestão de custos dos vários empreendimentos emblemáticos como o Edifício Meridiano (edifício comercial de escritórios, lojas e parque público), Edifício Casas Brancas do Arq. Adalberto Dias e o Edifício Burgo do Arq. Souto Moura. Posteriormente, transitei para a direção comercial destes projetos.
Em 2017, com a aquisição da Douro Atlântico pela Vía Célere, assumi a função de diretora territorial de Portugal, tendo liderado projetos como “Célere Miraflores” e “Célere Portodouro”. Pelo caminho, fui comprando alguns ativos imobiliários de rendimento, nomeadamente para alojamento local, obtendo também conhecimento e experiência nesta área.
Este trajeto profissional, permitiu-me adquirir um conjunto de competências sobre o imobiliário, em diferentes perspetivas.
Em 2024, decidi criar um novo projeto com a abertura da Agência Century 21 Innovation, em Portimão. Este projeto tem um propósito maior, por ter comigo os meus filhos, e naturalmente ser uma oportunidade de criar valor em família.
O meu objetivo é liderar esta empresa com autenticidade, competência e ética, promovendo um impacto positivo e duradouro em toda a cadeia de valor.
Acredita que a presença feminina neste setor tem crescido? Que desafios ainda persiste em superar?
Há estudos que provam que as mulheres desempenham um papel central na compra da casa.
Partindo desta premissa, e num contexto em que as mulheres têm vindo a ganhar destaque no mercado de trabalho, não surpreende, pois, que particularmente no imobiliário, sejamos todos os dias surpreendidos com os rostos femininos a dar visibilidade como consultoras, gestoras de equipas, líderes de agências e fundadoras de empresas.
Acredito, sinceramente, que continuaremos a assistir a uma trajetória ascendente e de grande destaque da mulher no setor imobiliário, desde logo pelas caraterísticas que predominam mais no género feminino, e que assumem grande relevância no desempenho desta atividade, como: resiliência, inteligência emocional e escuta ativa, fundamentais se considerarmos que a mediação imobiliária é um negócio de pessoas.
Recordo, em 2018, a Vía Célere, um dos maiores Promotores imobiliários de Espanha, foi destacada no Dia Internacional da Mulher, pela predominância do género feminino nos cargos de direção. O então Presidente do Grupo – António Gomez-Pintado, referia “o dom natural” das mulheres para este setor.
Para consolidar esta posição, é essencial investir em formação e desenvolvimento de competências que nos capacitem para acrescentar valor e adaptar a um mercado em constante mudança e transformação.
O que significa para si liderar uma empresa neste setor e para este Grupo Imobiliário depois de 20 anos a trabalhar por conta de outrem, como avalia o impacto do seu trabalho?
Significa estar, firmemente, disposta a continuar a aprender e partilhar o conhecimento e experiência de uma vida.
Significa, sobretudo, não ter medo e acreditar que vou criar um ecossistema produtivo que vai fazer a diferença na vida de muita gente, desde colaboradores, parceiros a clientes.
De que forma a Century 21 Innovation Portimão irá contribuir para práticas responsáveis e de sustentabilidade?
A sustentabilidade não é uma escolha, é um dever! Todos temos de assumir uma atitude de sustentabilidade e responsabilidade pela preservação do meio ambiente!
E, começa, com ações no dia a dia, como reciclagem do lixo, o uso eficiente de recursos como água e energia elétrica, e a redução de deslocações desnecessárias.
No âmbito da empresa, é um vetor estratégico promover eventos e iniciativas que sensibilizem para estas questões. Em projetos de parceria e novos empreendimentos, a sustentabilidade será sempre um critério essencial a ter em conta na tomada de decisão.
Quais são os seus principais objetivos para a empresa nos próximos anos? Que legado gostaria de deixar na área?
Pretendo implementar uma estratégia de crescimento e consolidação que integre a mediação imobiliária, a intermediação de crédito, gestão de alojamento local e arrendamento, criando sinergias para oferecer um serviço de excelência aos nossos clientes.
Acredito numa gestão centrada nas pessoas, promovendo o seu desenvolvimento pessoal e profissional.
Por fim, deixar uma empresa bem estruturada e sólida económica, financeira e comercialmente para a nova geração dar continuidade…
O que considera essencial para conciliar a vida profissional e pessoal? Como se mantém inspirada e motivada?
Reconheço a importância de atender às várias dimensões da nossa natureza humana: social, emocional e racional. Para isso, mantenho uma rotina equilibrada que inclui uma boa alimentação, exercício físico, descanso e tempo de qualidade com a família e amigos.
Tenho uma motivação intrínseca que me energiza e inspira a viver intensamente cada momento, com a firme convicção de que vale a pena perseguir os meus sonhos.
Na sua visão, como é possível fomentar mais oportunidades e igualdade de género no setor imobiliário e na sociedade em geral?
Mudar mentalidades e quebrar estereótipos que estão enraizados nas sociedades, não é algo que se resolve por decreto ou de um dia para o outro.
Lembrar que, em Portugal, até 1974, a situação da mulher caraterizava-se por ausência total de direitos, como exercer o comércio sem autorização do marido.
Já alguma coisa foi feita, mas muito há a fazer…
A educação desempenha um papel crucial neste processo, garantindo oportunidades iguais desde a infância.
Atualmente, já podemos ouvir que as mulheres estão em maior número nas universidades, e sendo a educação um fator crítico de sucesso, podemos antever que vêm grandes transformações sociais a caminho…
Que mensagem gostaria de deixar para mulheres que aspiram liderar no setor imobiliário ou em outros setores dominados por desafios?
Esta é a vossa oportunidade, o vosso tempo!
Acreditem na vossa força, capacidade de liderar e inspirar, e contribuam ativamente para uma sociedade mais justa e equilibrada!