“A PraiaTur sempre adotou uma política focada nas pessoas, valorizando os colaboradores”

Data:

Com uma trajetória marcada por desafios e conquistas, Marvela Rodrigues assumiu a liderança da PraiaTur em 2015, trazendo uma nova visão para o turismo em Cabo Verde. Apaixonada por inovação e desenvolvimento sustentável, investiu no capital humano e na criação de experiências turísticas que resgatam a história e cultura do arquipélago. Nesta entrevista, ela compartilha a sua jornada, os desafios enfrentados e a sua visão sobre liderança feminina e o futuro do setor.

Poderia nos contar um pouco sobre o seu trajeto profissional e como chegou à posição de Gerente da PraiaTur?

A Praiatur está no mercado desde 1989, uma empresa familiar, inicialmente criada por três pessoas: eu e mais 2 irmãos. Sendo eu a irmã mais nova dos 3, a gerência na altura era ocupada por um dos meus irmãos.

A empresa foi gerida até 2015 pelo meu irmão Alfredo Rodrigues, que infelizmente faleceu nesse  mesmo ano. A partir dessa data assumi a gestão. Revolucionei a empresa, apostando no capital humano. Empreguei 15 profissionais, sendo a maioria mulheres e jovens, respondendo assim aos ODS 8 – Promover o crescimento económico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos.

 

Quais foram os principais desafios que enfrentou ao longo do caminho?

Os desafios foram muitos. Começou mesmo dentro da empresa, por ser mulher e a irmã mais nova. O meu irmão Alfredo foi o Gerente durante praticamente 25 anos, mas não acreditava em mim, não me deu espaço para crescer, não aceitava as minhas opiniões nem ideias para fazer crescer a empresa. Mas nunca desisti dos meus planos, sempre tive a ideia de fazer crescer a empresa e desenvolver um turismo diferente.

Depois de assumir a gerência em 2015, comecei a implementar na Ilha de Santiago o que há muito ambicionava e idealizava: um turismo histórico e cultural.

Aí nasce o “Projeto Darwin”, a partir do qual desenvolvi um circuito turístico Charles Darwin, evocando a sua passagem por Cabo Verde em 1844. Esse circuito deu origem a um livro da autoria de António Correia e Silva e Zelinda Cohen, “Cabo Verde, o despertar de DARWIN”, que foi lançado em 2017 no Grémio e na BTL- Feira de Turismo, em Lisboa, com uma boa aceitação.

Em Cabo Verde, foi lançado na Presidência da República em Abril do mesmo ano.

Foi feito depois, em Fevereiro de 2024, faz agora 1 ano, umas filmagens em Santiago com uma equipa internacional do itinerário, a primeira temporada com seis episódios de 23 minutos cada.

Para isso, procurei uma parceria para promover esse trabalho, divulgando os “Caminhos de Darwin”. Depois de várias tentativas de parceria, junto às entidades públicas para colocação dos painéis informativos do circuito, divulgação e promoção (que, curiosamente foram recusados pelo Ministério do Turismo), finalmente tive o apoio da Câmara Municipal da Praia, que fez com que o projeto fosse concretizado.

Neste momento estou a trabalhar num outro projeto, também turístico, histórico e cultural, que deverá ficar pronto ainda este ano.

Gosto de desafios, quanto mais complexos melhor. Penso eu que é porque tudo o que custa quando é feito, tem um gostinho especial no final.

 

Que valores e princípios guiam a sua liderança na PraiaTur?

Os valores e princípios que guiam a minha liderança são atitudes, comportamentos, mentalidade e foco que orientam o meu caminho. Para termos sucesso devemos ter valores bem definidos, como integridade, respeito aos colaboradores, fornecedores e clientes, comprometimento e responsabilidade em todos os atos. E esses meus princípios têm aberto portas incríveis, para novos horizontes.

 

 

Como vê o papel das mulheres na liderança empresarial em Cabo Verde?

Como em todo o lado, a liderança feminina não é uma tarefa fácil e as mulheres ainda lutam para ocupar cargos que até então eram ocupados pelos homens, Mas não somos dos piores locais. Já temos muitas mulheres na liderança em Cabo Verde, nas grandes empresas, no Governo, o que demostra a evolução.

 

Qual é a sua definição de uma liderança com propósito?

Uma liderança com propósito, para mim, vai além de apenas dirigir uma equipa. Trata-se de inspirar e motivar, unindo as metas da empresa aos valores pessoais. Essa abordagem transforma a dinâmica de trabalho, tornando-a mais significativa e aliciante.

 

De que forma procura inspirar e desenvolver novas lideranças femininas dentro da sua organização?

Para motivar outras mulheres para a liderança é necessario criar um ambiente seguro e inclusivo, investir em Formação, atribuir responsabilidades a cada uma nas suas respetivas funções. Tenho feito isto, incentivando a debates e sugestões, diminuindo desafios que possam enfrentar.

 

Num mundo empresarial cada vez mais exigente, como equilibra os desafios da liderança com o bem-estar pessoal e profissional?

Para equilibrar os desafios da liderança com o bem-estar pessoal e profissional, é importante estabelecer limites claros e priorizar o autocuidado, como prática de exercício físico, yoga, banho de mar, dormir cedo e acordar cedo. Sou fã de prática de musculação, yoga e, no fim de semana, faço natação.

 

Quais são as práticas que adota para promover um ambiente de trabalho saudável e colaborativo? 

Para promover um ambiente de trabalho saudável e colaborativo, é necessario adotar práticas como:

Promover a diversidade e inclusão, criando um ambiente onde todos se sintam respeitados e valorizados.

Incentivar a comunicação, estimulando a comunicação aberta e eficaz, tanto entre os colaboradores como entre os colaboradores e a liderança.

De vez em quanto faço um retiro, viajando para outras ilhas com toda a equipa, criando um ambiente propício para convivio entre todos, colaboradores e os líderes, jantares da empresa e outros tipos de incentivo ,valorizando cada um e destacando os melhores de forma a criar novos líderes.

 

Como a cultura organizacional da PraiaTur incentiva o trabalho em equipa e a colaboração?

A PraiaTur cultiva uma cultura forte e positiva, promovendo um ambiente de trabalho que incentiva a colaboração, a inovação e o envolvimento de todos. Isso resulta da motivação adotada pela organização, tanto financeiro (com um prémio de produtividade anual), como capacitação profissional, tendo efetuado formações, como motivacional de forma a superarem os desafios e alcançarem os objetivos pessoais e coletivos.

 

A liderança de 2025 será diferente. Como acredita que a liderança evoluirá nos próximos anos?

O futuro da liderança está relacionado com a capacidade de se adaptarem a um ambiente de trabalho em constante mudança. Os líderes do futuro precisam ser flexíveis, inovadores e capazes de envolverem as pessoas para que se sintam mais valorizadas e motivadas.

 

Como observa a importância da retenção de talentos na construção de um futuro sustentável para as empresas?

Recrutar as melhores pessoas para desempenharem as diferentes tarefas é um dos maiores desafios de hoje. Gerir recursos humanos nas organizações é um desafio muito grande. Isto porque, não só o mundo laboral tem estado em transformação, mas também porque o cenário de pandemia da Covid-19 acelerou práticas como a flexibilidade e requalificação de competências no dia a dia.

Atrair e reter talentos exige, hoje, novas ferramentas face às dificuldades reveladas pelos empregadores em contratar, sendo que já não conta apenas oferecer um salário competitivo, sobretudo aqui no nosso País, cuja emigração jovem é uma realidade.

Há que se encontrar outras ferramentas para a retenção de talentos.

 

De que forma a PraiaTur está a preparar-se para essas mudanças e desafios futuros?

A PraiaTur sempre adotou uma política focada nas pessoas, valorizando os colaboradores, como já foi dito, com vários incentivos, a fim de podermos reter os maiores talentos, mas precisamos de mais ferramentas. Juntos, setor privado e público, precisam encontrar uma nova política para o País, evitando a emigração jovem e a perda de talentos.

Que mensagem gostaria de deixar para outras mulheres que aspiram a cargos de liderança e o que significa para si ser uma líder em 2025?

A minha mensagem é o seguinte, digo sempre isso: seja mulher ou seja homem, têm de estar preparados para assumir a liderança.

Não é preciso pedirem permissão nem se preocuparem com o género para liderarem. Quando sentirem capacidade de liderar, liderem. Ser líder e falar como um líder significa falar com integridade e verdade; acima de tudo, transmitir confiança para a equipa.

Mulheres sonhem com ambição, liderem com convicção.

Partilhar

Revista Digital

Revista Pontos de Vista Edição 140

Popular

Mais Artigos deste tipo

“Sousa Martins 17” O NOVO ÍCONE RESIDENCIAL DE LUXO EM LISBOA

No coração das Avenidas Novas, nasce o Sousa Martins...

“Desde o início, optamos por um modelo de negócio focado em marca própria”

A Arcobarca – Mediação Imobiliária, Lda., sob a liderança...

Setor da Cerâmica e do Vidro de braço dado com o Hidrogénio Verde

Nesta edição, damos destaque a Inês Rondão, Coordenadora Técnica...