“O meu percurso tem sido uma verdadeira viagem de crescimento, aprendizagem e superação”

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Sónia Melo, uma das mais distintas representantes do conceito de Private Chef em Portugal, continua a somar distinções e a consolidar o seu percurso com um talento inegável e uma paixão incontornável pela gastronomia. Recentemente galardoada com o Prémio Qualidade 2025 by Consumer Choice, Sónia Melo partilha o significado desta distinção nesta entrevista exclusiva à Revista Pontos de Vista, refletindo ainda sobre a evolução do seu percurso e revelando os desafios e projetos que tem para o futuro.

Parabéns pelo Prémio Qualidade 2025 by Consumer Choice! O que significa para si receber este reconhecimento atribuído pelos consumidores?

Obrigada! Este prémio tem um significado muito especial para mim, porque é atribuído diretamente pelas pessoas que experimentaram o meu serviço e o avaliaram de forma independente. É um reconhecimento que valida o esforço, a dedicação e a paixão que coloco em cada experiência gastronómica que proporciono. Saber que os clientes apreciam e valorizam o meu trabalho dá-me ainda mais motivação para continuar a inovar e elevar a qualidade do serviço. Além disso, este prémio reforça a credibilidade do meu projeto e demonstra que o conceito de Private Chef está, cada vez mais, a ser compreendido e apreciado pelo público.

 

Este prémio soma-se a uma série de distinções ao longo da sua carreira. Como vê a evolução do seu percurso desde 2006 até aos dias de hoje?

O meu percurso tem sido uma verdadeira viagem de crescimento, aprendizagem e superação. Quando comecei em 2006, a cozinha tinha surgido na minha vida por necessidade, mas rapidamente tornou-se numa paixão. Ao longo dos anos, fui investindo na minha formação, explorando diferentes conceitos gastronómicos e, acima de tudo, focando-me em criar experiências únicas para quem prova a minha comida. Desde os primeiros passos até ao conceito final, sinto que tenho vindo a consolidar um caminho diferenciado dentro da gastronomia portuguesa. Estes prémios não são apenas marcos na minha carreira, mas também um incentivo para continuar a inovar e a representar a gastronomia açoriana da melhor forma.

 

No último número da Revista Pontos de Vista, esteve em destaque na capa. Como tem sido o impacto dessa visibilidade na sua trajetória profissional?

Estar em destaque na capa da vossa prestigiada revista foi uma honra e uma excelente oportunidade para dar mais visibilidade ao meu projecto. Desde essa publicação, senti um aumento no interesse pelo meu trabalho, tanto por parte de clientes como de meios de comunicação. A exposição ajudou a desmistificar o conceito e a mostrar que não é um luxo inacessível, mas sim uma experiência gastronómica exclusiva e personalizada.

 

O conceito de Private Chef tem vindo a ganhar destaque em Portugal. Como vê o crescimento desta área e a valorização dos serviços personalizados de gastronomia?

O conceito de Private Chef tem, de facto, vindo a ganhar mais notoriedade em Portugal, especialmente junto de clientes que procuram experiências gastronómicas únicas. Ainda assim, é um serviço que muitos ainda estão a descobrir. Nos Açores, por exemplo, o meu desafio tem sido não só oferecer um serviço diferenciado, mas também educar o público sobre o valor e a experiência única que um Private Chef pode proporcionar.

A valorização destes serviços personalizados reflete uma mudança de mentalidade no setor da restauração e do turismo gastronómico. Os clientes procuram cada vez mais experiências autênticas e intimistas, onde possam saborear pratos feitos à medida, com ingredientes de qualidade e um atendimento exclusivo. Vejo este crescimento como uma evolução natural do mercado, onde a gastronomia se torna não apenas uma refeição, mas um momento memorável e totalmente adaptado às preferências do cliente.

 

Acredita que os consumidores estão cada vez mais exigentes na escolha da gastronomia e da experiência que desejam ter?

Sim, sem dúvida! Os consumidores estão cada vez mais informados, exigentes e com as expetativas altas, não só em relação à qualidade dos ingredientes e ao sabor dos pratos, mas também à experiência global que a gastronomia proporciona. Atualmente, não basta servir uma boa refeição – é essencial criar um momento memorável, com um serviço personalizado, atenção ao detalhe e uma forte ligação à autenticidade dos produtos.

 

Como equilibra a inovação com a tradição para surpreender os seus clientes?

O equilíbrio entre inovação e tradição é um dos pilares do meu trabalho. Para mim, a tradição é a base – respeito as receitas, os produtos e os sabores autênticos da gastronomia, mas procuro sempre formas criativas de os reinventar e apresentar de uma forma criativa.

 

O Dia Internacional da Mulher é um momento de reflexão e celebração. Sendo uma profissional de referência na gastronomia, qual o seu conselho para outras mulheres que aspiram a construir carreiras de sucesso nesta área?

O Dia Internacional da Mulher é uma data importante para refletirmos sobre os desafios e conquistas das mulheres em todas as áreas, incluindo a gastronomia, que ainda é um setor bastante exigente e competitivo. (Apesar de eu achar que deverá ser algo que devamos fazer com mais frequência do que apenas 1x ano!)

O meu conselho para outras mulheres que aspiram a construir uma carreira de sucesso nesta área é: acreditem no vosso talento, sejam persistentes e não tenham medo de traçar o vosso próprio caminho.

A gastronomia exige dedicação, disciplina e muita resiliência, mas também pode ser extremamente gratificante. Valorizem a autenticidade! Tragam a vossa visão, a vossa criatividade e a vossa identidade para aquilo que fazem. Rodeiem-se de pessoas que vos inspirem e apoiem. O sucesso não se constrói sozinho, e ter uma rede de suporte – seja na família, entre amigos ou colegas de profissão – faz toda a diferença. O talento não tem género, e cada vez mais mulheres estão a provar que a cozinha também é um lugar para brilharem.

 

Já recebeu diversos prémios ao longo da sua trajetória, mas há sempre novos desafios. O que podemos esperar da Sónia Melo para 2025?

2025 será, sem dúvida, um ano de crescimento, novas conquistas, inovação e muitas surpresas! Os reconhecimentos que tenho recebido continuam a dar-me motivação para continuar a inovar e a elevar o meu trabalho como Private Chef, mas também para explorar novas oportunidades dentro da gastronomia. Além disso, estou focada em levar o conceito de Private Chef a um público ainda mais vasto, desmistificando a ideia de que é um serviço inacessível.

Outro grande desafio será a minha participação nos The Taste Awards em Beverly Hills (os óscares da gastronomia e lifestyle), onde a minha rubrica de culinária da RTP Açores – Cozinha em Casa – será homenageada e também está nomeada em várias categorias. Só o facto de estar entre os nomeados já é um enorme motivo de orgulho.

 

Há algum projeto especial em desenvolvimento?

Sim, há sempre novos projetos em desenvolvimento, mas, como costumo dizer, estão no segredo dos Deuses! O mundo da gastronomia está em constante evolução, e estou sempre a trabalhar em novas ideias para surpreender os meus clientes e elevar o meu conceito. Fiquem atentos, porque há sempre algo especial a caminho!

 

Por fim, o que representa para si o ato de cozinhar? É um gesto de arte, um serviço ao cliente, ou um pouco de ambos?

Para mim, cozinhar é muito mais do que uma simples atividade – é uma verdadeira forma de expressão e de amor. Cada prato que preparo é uma mensagem, uma maneira de partilhar o que sinto e de comunicar através dos sabores, das texturas e das apresentações. A cozinha é uma arte, sem dúvida, pois exige criatividade, técnica e sensibilidade. Mas também é um serviço ao cliente, porque o objetivo final é proporcionar uma experiência única, personalizada, que vá ao encontro das expetativas e dos desejos de quem nos contrata. No fundo, cozinhar é uma forma de amar os outros, de cuidar, de partilhar algo de especial com quem nos rodeia.

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Revista Pontos de Vista Edição 138

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