“Pretendo criar um movimento global que encontre a semente do Amor capaz de transformar o mundo”

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A Revista Pontos de Vista tem o prazer de destacar a história da Maria Crescente – Associação, uma ONG dedicada ao desenvolvimento humano e à capacitação emocional feminina. Conversamos com Edite Oliveira, Professora Universitária e Psicóloga Clínica, sobre a inspiração por trás da criação da associação e dos seus objetivos. Saiba mais nesta edição sobre o Dia Mundial da Saúde e no mês de comemoração do Dia Internacional da Mulher!

Poderia nos falar sobre o que motivou a criação da Associação Maria Crescente?

O que me motivou a criar a ONGDM Maria Crescente, foi uma experiência pessoal que teve lugar em Fátima no dia 3 de novembro de 2024.  Uma mulher jovem, que encontrei em grande sofrimento psicológico, observa-me e corre para os meus braços em grande pranto, desesperada dizendo que sofre muito. Inquieta com a situação tentei consolar a sua angústia, na medida do possível, aconselhando-a a pedir ajuda e reencontrar um sentido para a sua vida. O que é certo é que aquela mulher continuou no meu pensamento mas sobretudo no meu coração o resto do dia. Desde aquele momento revivi muitas outras histórias de sofrimento partilhadas por tantas mulheres que comigo se têm cruzado. No dia seguinte decido criar uma associação que possa aliviar o sofrimento de muitas mulheres, capacitando-as do ponto de vista emocional e profissional.

 

Qual é o principal objetivo da ONG e como ela contribui para o desenvolvimento humano e emocional das mulheres?

A Maria Crescente pretende ser um veículo de transformação social através da capacitação e empoderamento de mulheres que se encontram em situação de vulnerabilidade pessoal, familiar, profissional e social, permitindo através da educação e formação quebrar ciclos de fragilidade e vulnerabilidade que permutem de geração em geração. Capacitar uma mulher que se encontre em situação vulnerável não é apenas uma questão de justiça social mas uma questão de dignidade humana, contribuindo assim para uma sociedade mais justa, mais igualitária e mais saudável.

 

De que maneira a Associação Maria Crescente trabalha para empoderar mulheres dentro e fora de Portugal?

A Maria Crescente tem como principais objetivos: o desenvolvimento de ações de formação com periodicidade mensal; a realização de eventos científicos relacionados com a área do desenvolvimento humano e outro tipo de eventos considerado oportuno e facilitador do seu objetivo principal; a colaboração com entes públicos e privados, nacionais e estrangeiros, na realização de estudos, trabalhos e ações; a promoção da igualdade de género e de oportunidades junto dos seus associados, parceiros e demais entidades públicas e privadas; a promoção da cidadania ativa, da inclusão e do desenvolvimento humano e  social, valorizando a participação cívica; o desenvolvimento de ações de promoção e apoio ao empreendedorismo na área do desenvolvimento humano e crescimento pessoal femininos e em todas as áreas que possam contribuir para o objeto geral que a associação se propõe prosseguir; potenciar o relacionamento com a comunidade, constituindo-se num fórum de diálogo permanente entre as instituições públicas e privadas portuguesas e estrangeiras, que queiram integrar o projeto.

 

Como o seu background como Professora Universitária e Psicóloga Clínica influenciou na criação e nas atividades da Associação?

O meu conhecimento e experiência serão certamente uma mais valia para a ONG, tanto do ponto de vista de conhecimentos teóricos quanto práticos. Estes poderão fortalecer a gestão da organização e as atividades desenvolvidas. Pretendo fazer a diferença na capacitação e formação destas mulheres, desenvolvendo programas de formação em termos de desenvolvimento humano, promoção da autoestima, inteligência emocional, liderança, facilitação de workshops sobre capacidades socioemocionais, comunicação e resolução de conflitos. Igualmente no apoio psicológico e psicoterapêutico. A mentoria, sendo a minha área de especialidade, pode ser muito útil na orientação individual e coletiva destas mulheres e, por fim, o contributo na gestão e estratégia da ONG, na formulação de políticas e práticas organizacionais, assessoria na criação de parcerias com universidades, ONG´s e empresas.

 

Quais são os principais desafios que as mulheres enfrentam em relação ao desenvolvimento emocional e à capacitação no contexto atual?

Os desafios são variados, sobretudo em contextos sociais tradicionalmente dominados por homens. A assimetria social tanto a nível pessoal e familiar quanto profissional pode conduzir a uma baixa autoestima e autoconfiança, medo do fracasso e julgamento, uma forte carga emocional, violência psicológica e assédio profissional, falta de rede de apoio. Estes fatores conduzem, muitas vezes, à exaustão emocional, responsável por quadros psicopatológicos e consequente desinvestimento na sua missão.

 

De que forma a Associação Maria Crescente planea expandir os seus projetos e alcançar mais mulheres nos próximos anos?

A nossa missão é dar resposta a todas as mulheres que nos cheguem quer através de parcerias com outras organizações sociais, empresas, universidades e organismos públicos, tanto dentro como fora de Portugal. Mas também responder a todas as mulheres que nos cheguem por iniciativa própria. Teremos dois tipos de projetos, uns da nossa total autonomia outros em colaboração com a nossa rede de parceiros.

 

Como vê o papel da sociedade e das instituições em apoiar o desenvolvimento emocional das mulheres?

A sociedade pode apoiar as mulheres de diversas formas, promovendo mudanças estruturais e culturais que possam garantir igualdade, equidade, segurança e oportunidades. Passando por diferentes ações e níveis, desde o governamental, empresarial, comunitário e individual. Partindo de políticas públicas e legislativas, que garantam o acesso a cuidados de saúde e oportunidades formativas mas também a equidade no mercado de trabalho, igualdade salarial, oportunidades de liderança, ambientes seguros e inclusivos. É importante o fortalecimento de redes de apoio e mudança cultural. A mudança exige um esforço coletivo para chegarmos a um mundo mais justo e inclusivo para todas as mulheres.

 

Há alguma história ou exemplo de impacto positivo que gostaria de compartilhar sobre o trabalho da Associação?

Sim, gostaria de falar do início do projeto “Oito Marias” que teve início no dia 24 de fevereiro deste ano. Este projeto resulta de uma parceria com outra ONG, trata-se de apoio psicológico e capacitação emocional em grupo. Eu não imaginava quantas mulheres me esperariam naquela manhã e quando entrei na sala, esperavam-me exatamente oito mulheres, de três nacionalidades diferentes. Eu olhei para todas em geral e para cada uma em particular. Foi uma sensação única, sentir ali junto delas a minha missão. Não consegui conter as lágrimas e comigo todas elas choraram. Foi um momento marcante.

 

Quais são as suas expetativas para o futuro da Associação Maria Crescente e o que mais gostaria de alcançar com o seu trabalho?

Pretendo que a Maria Crescente transcenda fronteiras, impulsionando políticas públicas, fomentando a equidade de género principalmente a nível familiar e profissional. Incentivar a sororidade como pilar essencial para a transformação social. Juntas, ampliaremos oportunidades, quebraremos barreiras e reescreveremos o futuro com mais inclusão, respeito e liberdade. Pretendo criar um movimento global que encontre a semente do Amor capaz de transformar o mundo!

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