A Arcobarca – Mediação Imobiliária, Lda., sob a liderança de Venâncio Fernandes, marca presença na mais recente edição da Revista Pontos de Vista, reforçando o seu posicionamento como uma referência no setor imobiliário em Portugal. Com um percurso pautado pela proximidade, confiança e dedicação ao cliente, a Arcobarca tem vindo a consolidar-se como uma empresa de excelência no contexto da habitação, oferecendo soluções que se adaptam às reais necessidades das famílias portuguesas, atuando ética e responsavelmente num mercado em constante evolução.
Numa altura em que a falta de habitação acessível se tornou uma das maiores preocupações sociais e económicas em Portugal, qual é a sua leitura sobre as causas mais estruturais desta crise? Como é que esta realidade se reflecte nos territórios onde a Arcobarca actua?
A crise habitacional constitui, indubitavelmente, um dos desafios socioeconómicos mais relevantes da contemporaneidade, afetando de forma particular os jovens, os agregados familiares de baixos rendimentos e a classe média. As causas estruturais desta problemática são multifatoriais, refletindo uma interação complexa entre variáveis históricas, económicas, políticas e sociais.
O agravamento da situação tornou-se mais evidente na sequência da crise do subprime, com a insolvência de inúmeras empresas do setor da construção civil e a consequente saída de mão de obra qualificada para o estrangeiro. Paralelamente, Portugal foi alvo de intervenção externa, o que condicionou, durante vários anos, a concessão de crédito à habitação por parte das instituições financeiras. A degradação do poder de compra das famílias agravou ainda mais o problema, enquanto a expansão do turismo internacional aumentou a atratividade do mercado imobiliário nacional para investidores estrangeiros com maior capacidade financeira. A este cenário acresce o impacto da imigração recente, que contribuiu significativamente para a pressão sobre a procura habitacional. Ao longo deste período, registou-se uma insuficiência de políticas públicas eficazes que pudessem mitigar os efeitos acumulados. Embora se trate de uma realidade transversal a diversos países, os seus impactos variam significativamente consoante o contexto nacional.
Como é que uma empresa como a Arcobarca “com forte presença regional e premiada pela sua solidez” pode ser parte ativa da solução? Existe espaço para uma mediação mais próxima das necessidades reais das famílias e dos jovens?
A circunstância da nossa regionalidade, num espaço geográfico mais pequeno, em que a proximidade é fator diferenciador, contribui para que vivamos lado a lado com o mercado as suas mais valias, mas também as suas dificuldades. Este fator ajudou-nos a compreender melhor as aspirações e as necessidades das famílias, a perceber as motivações dos pequenos investidores, mas sobretudo a um conhecimento mais profundo das especificidades desta realidade do interior. Conhecemos com grau elevado o mercado em que nos movemos, o que nos proporciona alguma atenção por parte de alguns vendedores e compradores que procuram realizar os seus negócios com confiança e segurança.
Em muitos concelhos do interior e do Norte do país existe habitação devoluta e património desvalorizado. A Arcobarca tem identificado oportunidades nesse segmento? Que tipo de iniciativas ou parcerias poderiam ajudar a recuperar esse parque habitacional?
O interior do nosso país — com especial destaque para o Alto Minho — é rico em imóveis habitacionais, sobretudo rústicos, muitos dos quais se encontram em estado de degradação e carecem de reabilitação. Felizmente, o mercado de segunda habitação, proveniente em larga medida de residentes da zona do Grande Porto, tem desempenhado um papel crucial nesse processo de recuperação. Desde a sua fundação, a Arcobarca reconheceu a importância de acompanhar e potenciar este fluxo de investimento. Uma das primeiras medidas adotadas foi a abertura de um escritório no centro do Porto, com o objetivo de facilitar as transações e transmitir confiança entre duas realidades distintas: o grande centro urbano e o interior. Durante vários anos, fomos praticamente pioneiros neste modelo de atuação, o que nos permitiu conquistar simpatia, confiança e notoriedade institucional. Já contamos, inclusive, com diversos exemplos de clientes que repetiram negócios connosco, prova da fidelização gerada pela nossa abordagem. No terreno, temos defendido junto das entidades locais — nomeadamente os municípios — a necessidade de uma maior simplificação dos processos administrativos. Essa simplificação deve salvaguardar os interesses de quem adquire sem penalizar os vendedores, especialmente tendo em conta a discrepância entre os procedimentos da época da construção original e as normas atuais. Sentimos que tem havido uma atitude positiva e compreensiva por parte das autarquias, o que tem facilitado as transações e contribuído para a satisfação de quem nos procura, seja para residência permanente ou temporária.
Como avalia as atuais políticas públicas de habitação, tanto a nível local como nacional? Os programas existentes (como o Porta 65 ou o Mais Habitação) têm tido algum impacto prático no mercado onde operam?
Embora as decisões sobre habitação sejam aplicadas de forma transversal ao país, o interior continua a ser mais desfavorecido. O programa Porta 65 tem, nos últimos anos, contribuído significativamente para a melhoria do rácio de famílias com acesso a habitação a custos mais baixos, devido aos apoios disponibilizados. Contudo, a oferta de habitação continua a ser limitada, sendo que as condições geográficas e socioeconómicas do interior influenciam as preferências da população local. Em contraste com os grandes centros urbanos, onde a propriedade horizontal tem maior aceitação, no interior observa-se uma maior procura por habitação com espaço exterior, uma tipologia escassa no mercado de arrendamento. No que diz respeito ao programa “Mais Habitação”, as recentes alterações implementadas pelo Governo no último ano têm promovido avanços; no entanto, o desequilíbrio entre a oferta e a procura, permanece inalterado, agravado pela valorização contínua do mercado habitacional. A maior parte dos investidores na região são pequenos aforradores, que aplicam o capital proveniente das suas poupanças e priorizam a segurança do investimento. Este perfil de investidores tende a ser reticente em relação a intervenções coercitivas ou medidas com impacto significativo sobre a estabilidade do mercado.
Enquanto vereador em Paredes de Coura, mesmo sem pelouro, como articula esse cargo com a sua visão do setor imobiliário? Acredita que há mais que as autarquias podem fazer para facilitar o acesso à habitação, nomeadamente no apoio à reabilitação urbana e à fixação de jovens?
Dado que a composição dos executivos municipais costuma ser dominada por maiorias absolutas, é comum a dificuldade em acolher as contribuições e propostas dos membros da “oposição”. No exercício das minhas funções, tenho procurado sensibilizar os demais membros do executivo para a importância de intervir nesta área. No entanto, essa intervenção não visa substituir os privados nem realizar investimentos que possam desequilibrar as contas públicas; o objetivo é criar condições de incentivo e apoio por meio de medidas que, a meu ver, teriam um efeito multiplicador e trariam um enorme benefício na melhoria da grave falta de habitação. A reabilitação de imóveis oferece diversas vantagens. Ela não só aumentaria a oferta de habitação, atenuando a carência existente, como também contribuiria para a melhoria da paisagem urbana, transformando ruínas em edifícios atraentes. Além disso, essa iniciativa incentivaria à fixação de população e proporcionaria uma forte alavancagem para a economia local, entre outros benefícios. Defendo que, mesmo ao nível local, poderiam ser implementadas medidas de apoio à aquisição e reabilitação de imóveis, complementando o financiamento bancário com apoios municipais reembolsáveis. Isso permitiria suprir a falta de capitais próprios, possibilitando que um número maior de potenciais compradores acedesse à habitação, ao mesmo tempo em que reduziria os custos financeiros envolvidos, sem onerar os demais contribuintes.
A Arcobarca foi novamente distinguida como uma das 5% melhores PME de Portugal, pela Scoring, em 2024 — pelo quinto ano consecutivo. Que significado tem esta distinção para si e para a equipa? Este reconhecimento é apenas uma validação de resultados ou também um estímulo para o futuro?
Na vida empresarial, poucos sucessos surgem do nada, e sabemos que o caminho é traçado pelos obstáculos que enfrentamos. O nosso início não foi fácil. Enfrentamos as mesmas dificuldades de tantas empresas no nosso país: burocracias excessivas e exigências que não consideram a nossa dimensão. No entanto, foi a partir dessas dificuldades que decidimos seguir em frente, escolhendo o caminho do progresso, da confiança, da seriedade, da transparência, da dedicação ao cliente e da valorização dos nossos colaboradores. Desde o início, optamos por um modelo de negócio focado numa marca própria. Com isso, procuramos constantemente a estabilidade e a notoriedade da nossa marca, pois queremos permanecer e crescer no mercado. Comemoramos com orgulho 21 anos de existência e, após tanto esforço, ver o nosso trabalho reconhecido por uma entidade credível, com critérios objetivos e rigorosos, é uma grande conquista. No entanto, também sabemos que a responsabilidade é ainda maior, e que o sucesso é efémero se não o cuidarmos todos os dias. Somos, no distrito, a única empresa que realizou publicidade institucional em televisão, um feito que reforça o nosso compromisso com a inovação e a comunicação com o público. Outros, com todo o mérito, poderão optar por outros tipos de investimento, mas nós escolhemos investir na visibilidade e no fortalecimento da nossa marca.