“Do Capitalismo ao Felicidadismo: Proposta para Um Novo Paradigma de Desenvolvimento” é o novíssimo projecto da Happyology

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Já plantou árvores, é Mãe e já tinha escrito um livro, com um carácter mais autobiográfico. Parecia que já estava tudo feito… Qual foi a motivação para escrever este livro, bastante diferente do seu anterior?

(Risos). A principal motivação para escrever este livro prende-se com o facto de não querer deixar que o conhecimento, realizado no âmbito do meu Doutoramento, ficasse preso na Academia, apenas alcançável a estudantes e pesquisadores. O livro trata de um tema que nos toca a todos, especialmente aqueles que sentem que a foma como o mundo está a ser conduzido pode e deveria ser diferente, pelo que senti a necessidade de disponibilizar não só a investigação mas também as linhas de um pensamento alternativo a todos.

 

Do Capitalismo ao Felicidadismo – O que quer isto dizer?

“Felicidadismo” é a tradução do termo em Inglês “Happytalism”, que procura cunhar um modelo de desenvolvimento nacional cuja principal variável é o Bem-Estar das populações, ou seja, um modelo de Bem-Estar Nacional. Creio que o título do livro consegue resumir de forma muito eficaz o conteúdo, isto é, por um lado o que seria um Modelo de Bem-Estar Nacional, e em que consistiria, pelo que proponho esse modelo, identificando as variáveis que mais influenciam o Bem-Estar Nacional, seja positiva como negativamente, para depois fazer a ponte de como esse modelo seria aplicado na prática, passando pelos diferentes sectores de uma sociedade – a Educação, a Saúde, a Justiça, o Estado Social e muitos outros.

Do Capitalismo ao Felicidadismo é no fundo a viagem entre o modelo que temos hoje, baseado no Capitalismo, para um modelo substancialmente diferente, em que o mais importante para o desenvolvimento nacional não é o rendimento mas antes o Bem-Estar das sociedades de cada país.

 

O tema é sem dúvida “fora da caixa”! Podemos então assumir que o livro é sobre uma nova filosofia, longe da sua zona de conforto e formação base (economia e gestão), ou é outro tipo de perspectiva?

Creio que hoje não podemos analizar a realidade sem uma perspectiva multidisciplinar, mas diria que se há alguma perspectiva predominante no livro, será sem duvida a económica.

O livro parte do pressuposto que a priorização do PIB como principal indicador para medir a performance dos países, uma utilização claramente abusiva porque não é isso que o indicador mede, mas que a sua popularização e ampla aplicação tornou sinónimo, está esgotada. Isto é, este indicador foi-nos extremamente util globalmente, permitindo-nos medir e comparar o crescimento económico e a recuperação das duas Grandes Guerras num vastíssimo conjunto de países. E durante muitas décadas o crescimento económico tornou-se sinónimo de progresso, performance e até aumento de Bem-Estar das nações. Hoje esse conceito prova-se totalmente erróneo e está esgotado. O panomara multi crise sistémica que vivemos, com a crise ambiental, as guerras e o agravamento das iniquidades na distribuição do rendimento e não só, (muito poucos a dominarem o rendimento de uma fatia muito significativa do globo enquanto a grande maioria enfrenta carências económicas severas), aliada ao facto de não podermos continuar a alimentar um crescimento ilimitado quando os recursos são finitos, obriga-nos a ter de pensar em modelos de desenvolvimento alternativos. Em suma, o capitalismo e o liberalismo foram-nos muito uteis e tiveram um papel fundamental na melhoria global das nossas condições de vida, mas a sua validade chegou ao fim. Temos hoje outros desafios que exigem outra forma de pensar o desenvolvimento dos países. Eu acredito que esse novo modelo de desenvolvimento deve ser através da prioritização do Bem-Estar.

Claro que tudo isto assenta numa perspectiva económica e a priorização do Bem-Estar não significa ignorarmos o rendimento, já que este é uma componente relevante para o nosso Bem-Estar.

Contudo, quando pensamos como poderia este modelo ser aplicado de forma prática, à qual dedico a parte II do livro, e como teriam de ser repensados os principais sectores da nossa sociedade, não posso negar que há ali uma certa nova filosofia e até sociologia inerentes nas propostas apresentadas – algumas delas que já foram testadas parcialmente em alguns pontos do globo, outras totalmente novas.

Independentemente da perspectiva predominante na abordagem a este tema – um novo paradigma para o desenvolvimento dos países – o livro é uma proposta e um convite a pensarmos diferente, porque só assim conseguimos resolver as crises globais que hoje enfrentamos.

O que espera alcançar com este livro?

Gostaria muito de trazer este tema para a mesa da discussão, apresentar uma alternativa, e dar alguma esperança para uma mudança que acredito possivel, num mundo cada vez menos esperançoso e menos sonhador, crescentemente dividido, e a perder progressivamente a capacidade para o debate civico de ideias. Gostaria muito de conseguir inspirar as pessoas para se tornarem Happytalists, ou Felicidadistas, e também elas serem agentes para uma mudança que é tão necessária e urgente, e quem sabe… começarmos um movimento para a mudança.

 

O livro está associado à empresa da qual é fundadora, a Happyology – The Science of Happiness – qual a razão desta associação e porque não é um livro apenas seu?

O tema do livro está profundamente ligado à missão da Happyology: “Mergulhados na ciência e apaixonados pelas pessoas, queremos melhorar o Bem-Estar nos países, organização a organização, pessoa a pessoa”.

Hoje já contribuímos para a promoção do Bem-Estar Individual e Organizacional, sempre baseados em ciência. O livro, nascido da pesquisa científica, é um passo marcante para a nossa contribuição da promoção do Bem-Estar Nacional pelo que, para nós não fazia sentido de outra forma.

Por outro lado, este também é um trabalho colaborativo, um valor que defendemos na Happyology, e que não teria visto a luz do dia sem o apoio permanente do nosso editor, a GOD Publishing, o trabalho espectacular do designer Victor Ribeiro que concebeu a capa, que tão bem traduz o conteúdo do livro, e claro, da nossa tradutora ângela Pereira, sem a qual não teríamos tão cedo uma versão do livro em Português, já que foi escrito originalmente em inglês.

 

Têm algum evento planeado para o lançamento do livro?

Temos sim (Risos).

Vamos fazer o pré-lançamento do livro no próximo 11ª Congresso Internacional Conversas de Psicologia, que terá lugar nos dias 4 e 5 de Novembro no Auditorio da Reitoria da Universidade em Coimbra mas com streaming para todo o mundo, e que conta com oradores nacionais e internacionais. Nós, eu e a Happyology, estaremos lá para a talk “O Bem-Estar como Novo Paradigma para o Desenvolvimento” a apresentar o livro, mesmo a fechar o Congresso no dia 5 de Novembro.

Estamos ainda a considerar fazer o lançamento do livro em Lisboa, no dia 22 de Novembro, no Porto no dia 29/Novembro, e na Covilhã em Fevereiro de 2026. As datas, locais e horas exactas de todos os eventos serão anunciadas nas redes sociais da Happyology e claro, estão todos convidados a juntarem-se a nós para conversas e petiscos. (Risos).

O livro estará ainda disponível para compra no site da Happyology a partir de Novembro. ▪

Nota: O artigo foi redigido sem observar o acordo ortográfcio que a autora não subscreve.

A Cátia Arnaut é a Fundadora e Chief Happiness Officer (CHO) da empresa Happyology – The Science of Happiness, uma organização que promove o bem-estar individual e das organizações através de serviços de formação e consultoria. Com um doutoramento na área do bem-estar, a Cátia assina o espaço Happy Hub onde mensalmente falamos de Felicidade Organizacional e este mês partilha connosco o lançamento do seu último livro.

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