Liderar com Verdade, Resiliência e Visão Estratégica

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Celeste Campinho é um exemplo notável de liderança feminina que se afirma pela competência e pela integridade. Managing Partner da Eurocalor, Presidente da Direção da AIPOR – Associação dos Instaladores de Portugal, Presidente da Mesa da Assembleia Geral da AICCOPN – Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas Nacional e Presidente da Direção da Associação das Doenças da Tiróide (ADTI), tem sabido conciliar diferentes papéis e responsabilidades com uma visão estratégica e humanista, pautada pela ética, pela verdade e pelo trabalho. Nesta conversa com a Revista Pontos de Vista, partilha a sua perspetiva sobre a importância da liderança feminina em setores tradicionalmente masculinos, os desafios e oportunidades que marcam o seu percurso e a forma como a sustentabilidade, a inovação e a sensibilidade humana moldam o seu impacto profissional e associativo.

O seu percurso profissional e associativo é marcado por cargos de elevada responsabilidade em áreas distintas. Que valores e convicções a têm orientado na construção da sua identidade como líder?

Em qualquer cargo de liderança, seja ele empresarial ou associativo, há valores que são fundamentais e que sedimentam a coesão das estruturas. Entre eles, destaco a ética, a verdade e o trabalho. Três eixos primordiais ao sucesso de qualquer organização e que moldam o posicionamento e o sucesso que se pretende.

 

Enquanto Managing Partner da EUROCALOR, Presidente da Direção da AIPOR – Associação dos Instaladores de Portugal e Presidente da Mesa da Assembleia Geral da AICCOPN – Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas Nacional atua num setor técnico ainda predominantemente masculino. Que desafios enfrentou ao longo do tempo e como os transformou em oportunidades?

Ser mulher não é um fator negativo, antes pelo contrário, é um fator distintivo. Porque somos diferentes dos homens e o contrário também é verdade. Os desafios são os mesmos que se colocam a toda a gente, em geral. A estratégia para nos impormos, enquanto profissionais, está na combinação de resiliência, adaptação e visão estratégica, sempre mantendo o foco nos objetivos. Sermos capazes de escolher os recursos humanos certos, acompanhá-los, apoiá-los, mas nunca perdendo a capacidade de decisão e a estratégia, é essencial. A sensibilidade é outro ponto que destaco porque gerir pessoas é talvez uma das missões mais difíceis que se coloca a quem está em cargos de liderança. Sermos capazes de ouvir todos e compreender os seus anseios e visões, julgo ser decisivo para também transformar obstáculos em oportunidades!

 

Em que medida considera importante promover mais mulheres em cargos de decisão nos setores da energia, instalações e construção? E como avalia a evolução nesse sentido?

Hoje, sem dúvida, que as mulheres têm um papel muito mais relevante não só nos setores da energia, instalações técnicas e construção, como também na sociedade transversalmente. Mas isso aconteceu também de forma muito natural, porque as mulheres assumem cada vez mais uma importância estratégica em vários setores. Apesar disso, o caminho nem sempre foi fácil, sendo que provavelmente esta evolução natural, durante muitos anos, teve obstáculos num mundo maioritariamente masculino. Hoje essas diferenças estão cada vez mais esbatidas e considero, por isso, muito importante apoiar e promover o percurso das mulheres nessa ascensão a cargos de decisão. Temos no nosso setor inúmeros exemplos de sucesso, de mulheres que construíram o seu caminho e as suas carreiras a pulso e com muito trabalho. Serem premiadas e reconhecidas por isso, é fundamental.

 

A sua liderança estende-se também à saúde, enquanto Presidente da Direção da Associação das Doenças da Tiróide (ADTI). Que pontos em comum encontra nestas áreas e como gere essa multiplicidade de papéis?

São cargos completamente distintos, pela natureza das áreas em questão. Mas há pontos em comum, como a sensibilidade humana, a honestidade, a resiliência e a verdade com que nos relacionamos com os outros, e, acima de tudo, sermos profissionais na forma como executamos o nosso papel. O profissionalismo tem de andar sempre de mãos dadas com a identidade das Organizações, obviamente com adaptações e ajustes.

 

Acredita que existe uma forma de liderança com marca feminina? Que qualidades considera essenciais para exercer uma liderança firme, respeitada e transformadora?

Não creio que haja uma forma única de liderança. Há mulheres que lideram com estratégia, outras com visão, outras até com alma. Para dar exemplos. Qualidades como sinceridade, honestidade, verdade e firmeza são algumas que considero basilares para sermos respeitados e também ajudarmos a transformar e melhorar as organizações.

 

Ao longo da sua carreira, sentiu que teve de ultrapassar barreiras adicionais por ser mulher? Que conselhos daria hoje a outras mulheres que aspiram a liderar num mundo ainda desigual?

Quando agregamos capacidade de trabalho, resiliência e profissionalismo com seriedade, verdade, lealdade e fortes convicções é meio caminho andado para o sucesso. São, pois, pilares para avançarmos. Não podem existir quaisquer tipos de complexos e temos de acreditar sempre nos valores que nos pautam. Resumidamente, deixaria o conselho de dar tempo ao tempo e de nunca desistirem daquilo em que acreditam, nunca desistirem de si e dos valores que defendem. Além disso, ter sempre uma visão clara e foco no essencial.

 

Que papel atribui às Associações e Ordens Profissionais na promoção da igualdade de género e no reforço da presença feminina em setores técnicos?

As Associações e as Ordens Profissionais têm desempenhado um papel muito positivo nesse caminho. São cada vez mais as organizações que têm mulheres nos seus cargos diretivos, e que são respeitadas e valorizadas pelas suas competências técnicas. Claro que há ainda muito caminho a percorrer, mas esse paradigma está a mudar.

 

A sustentabilidade e a inovação são temas centrais na atualidade. De que forma esses pilares são integrados na sua visão de gestão e na atuação da EUROCALOR?

Vivemos cada vez mais num mundo pautado por exigências de sustentabilidade e inovação. A sustentabilidade é, acima de tudo, uma oportunidade de inovação, competitividade e crescimento sustentável. São temas centrais nos discursos globais, mas são hoje uma prioridade estratégica para empresas de todos os setores. Esse protagonismo é impulsionado por consumidores mais conscientes, legislações rigorosas e crises globais que desafiam as organizações a repensar a sua atuação. Por isso é imperativo colocar todas estas questões no topo das prioridades das estratégias corporativas. Para responder a essas exigências, a EUROCALOR tem-se pautado por atualizar e desenvolver competências internas, sensibilizar colaboradores, clientes e fornecedores, em suma, os stakeholders, para esta matéria, sempre com o objetivo de facilitar o equilíbrio entre crescimento económico, impacto ambiental e responsabilidade social.

 

O seu envolvimento na ADTI reflete também um compromisso com causas sociais e de saúde pública. Como concilia essa dimensão de cidadania com a liderança empresarial?

Sem dúvida. O meu envolvimento com a ADTI reflete precisamente aquilo que considero que posso dar, enquanto ser humano, mulher, mãe e profissional a uma área tão importante da sociedade portuguesa e que, para muitos, ainda é desconhecida. A ADTI tem como objetivo trabalhar na sensibilização junto da população geral sobre as doenças da tiróide. Ajudar os profissionais a passar essa mensagem, fazendo pontes entre doentes e mundo clínico, é um privilégio, porque o objetivo primordial é melhorar a qualidade de vida das pessoas, sensibilizando-as, e dando-lhes ferramentas para conhecerem melhor a tiróide e o impacto que esta pequena glândula tem no todo maravilhoso, que é o corpo humano.

 

Que mensagem gostaria de deixar às mulheres que desejam ocupar posições de liderança, mas que ainda enfrentam inseguranças, estereótipos ou falta de modelos a seguir?

Acima de tudo, que acreditarem nelas próprias, no seu valor e nas suas capacidades. Que trabalhem, que trabalhem sem receios para que construam a sua carreira alicerçada em valores como a confiança, a credibilidade e a honestidade. O primeiro passo para a desvalorização é terem medo e deixarem que elementos externos as impeçam de progredir. O caminho nem sempre é fácil, mas suportado nas convicções certas, o sucesso e o reconhecimento acabarão por vingar! Que sejam capazes e que nunca desistam dos sonhos e objetivos que as movem!

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