João Soares prometeu “bofetadas” a Vasco Pulido Valente e a Augusto M. Seabra a propósito de críticas que os dois cronistas lhe dirigiram em artigos de opinião.
O primeiro-ministro não gostou e frisou que “nem à mesa do café os ministros se podem esquecer que são membros do Governo”.
Nesta sequência, e depois de várias críticas e pedidos de demissão, o ministro da Cultura deixou de o ser. Apresentado o seu pedido de demissão a António Costa, o Chefe do Executivo não disse que não.
Da parte dos partidos já foram feitas as oficiais e esperadas reações. Saiba o que disseram.
António Carlos Monteiro, deputado do CDS
“Como ontem dissemos, consideramos este episódio lamentável e que não deveria ter acontecido e, por isso, parece-nos esta demissão inevitável, sobretudo depois das declarações de ontem do primeiro-ministro.
Já agora, desejamos que [o primeiro-ministro] aproveite esta oportunidade para que o Governo passe a ter um ministro da Cultura. Até agora só ouvimos falar de João Soares por todas as razões que não a Cultura”.
Luís Montenegro, líder parlamentar do PSD
“Esta foi uma demissão absolutamente interna do Governo porque o ministro da Cultura não se demitiu por aquilo que disse, mas por aquilo que o primeiro-ministro disse do que ele tinha dito.
A questão relevante mantém-se e tem a ver com a forma como os membros do Governo pressionam e condicionam o exercício da liberdade de expressão e, nomeadamente, por parte da liberdade de informação dos profissionais da comunicação social e, desse ponto de vista, o Parlamento deve prosseguir o seu esforço de escrutínio.
Esta postura do Governo tem feito escola, porque ela vem também muito do primeiro-ministro que se trata de alguém que, recentemente, tentou condicionar a opinião de um jornalista através do envio de uma SMS. E alguém que esteve neste lugar incitou os jornalistas a não fazerem perguntas ao maior partido da oposição a propósito do Orçamento do Estado”.
Carlos César, presidente do PS
“Compreendo as razões que o Dr. João Soares invocou para a sua demissão e respeito-as. Agora compete ao primeiro-ministro, tendo aceite essa demissão, proceder à nomeação do novo ministro da Cultura. E o assunto está encerrado.
O que aconteceu não é decorrência de qualquer evento de natureza política”.
Ana Mesquita, deputada do PCP
“O PCP considera que, mais do que nos focarmos no episódio que deu origem à demissão, no que temos de nos focar é naquela que vai ser a política que o próximo titular da pasta da Cultura vai seguir.
Defendemos que o próximo ministro tem de se focar na promoção de uma política da Cultura que respeite a Constituição da República Portuguesa, que promova uma política de diálogo com os intervenientes na cultura e que ouça todos na construção daquilo que é a política do setor”
Pedro Filipe Soares, líder parlamentar do Bloco de Esquerda
“Não há nenhum problema político. Foi uma decisão individual do ministro. Não nos parece que o Governo fique mais fragilizado. Há um repto que se pode levantar neste momento que é que a Cultura tenha num novo momento político e uma atenção redobrada por parte do Governo. Da parte do Bloco cá estaremos para fazer essa exigência, como não pode deixar de ser.
Todos percebemos que as palavras escritas não foram as corretas e, por isso, esta decisão acontece corretamente para corrigir aquele que foi o momento passado”.