Foram duas horas de conversa num hotel da pacata Évora. O primeiro-ministro foi ao encontro do Presidente da República para o habitual encontro semanal e como Marcelo anda pelo Alentejo foi lá a primeira conversa entre ambos pós aprovação pelo Governo do Programa de Estabilidade. À saída, António Costa colou-se ao PR para mostrar confiança no parecer de Bruxelas.
“O senhor Presidente tem uma visão otimista e eu acompanho-o”, afirmou, sorridente. Quanto ao que Marcelo dissera na véspera em Portalegre – onde se congratulou por o Governo socialista ter deixado para trás “a ideologia”, sabendo render-se à lógica do sistema europeu -, o primeiro-ministro preferiu contornar: “o que o nosso Programa de Estabilidade mostra é que é possível mais do quem caminho para a consolidação orçamental”.
Costa prefere pôr o enfoque no Plano Nacional de Reformas – “é o mais importante para superarmos os nossos bloqueios estruturais”. Quanto às políticas de rigor, diz o que sempre disse: que quer cumprir a regras europeias, mas “sem prejuízo de entender que elas devem evoluir e que face à situação da Europa e do mundo, outras políticas económicas permitiriam outro tipo de crescimento”.
Confrontado com as críticas do Conselho de Finanças Públicas que acusa o Governo de fazer previsões “com elevado grau de incerteza”, António Costa respondeu: “não vivemos num sobressaalto permanente sobre o que vai acontecer amanhã”. O primeiro-ministro apontou duas válvulas de segurança da sua estratégia orçamental para o próximo ano: “as cativações no Estado e uma gestão cautelosa nas admissões na Função Pública”.
À porta do hotel, alguns alentejanos a assistir ao movimento e alguns, poucos, aplausos para o PM. Minutos depois, sai o Presidente da República, e a praça aquece. O carro preto é automati
mente rodeado de gente.
“Queremo-lo lá 10 anos”, grita-lhe uma a alentejana no meio dos abraços que esperam Marcelo em cada esquina. ” Acho-o magro!”. O PR diz que não:” Estou cansado mas tenho mais um quilo”. O Portugal Próximo continua.