Com o objetivo de promover a competitividade e o crescimento empresarial, o IAPMEI apresenta-se no mercado como um parceiro estratégico para a inovação e crescimento das empresas, empresários e empreendedores. Como define o papel do IAPMEI?
O IAPMEI é, há quase 42 anos, um parceiro estratégico à disposição das empresas. Toda a atuação do IAPMEI se baseia na proximidade às empresas, para conhecimento das suas necessidades efetivas, para crescerem, para serem mais competitivas.
A missão do IAPMEI é promover o empreendedorismo, estimular o investimento e a inovação, apoiar a capacitação competitiva das empresas, virada para o mercado global.
Nesse contexto, há quatro noções essenciais que são relevantes para compreender o papel do IAPMEI e que considero importantes para contextualizar a política pública virada para a competitividade empresarial.
A primeira é de que a competitividade das empresas depende de um conjunto diverso de variáveis, pelo que a sua promoção implica desenvolver vários instrumentos de política pública em simultâneo, mesmo que alguns assumam maior visibilidade, como é o caso dos instrumentos financeiros, dos incentivos, das linhas de crédito, do capital de risco, da garantia mútua.
Elementos como a formação-ação, a transmissão empresarial, o early warning, a ligação empresa-entidades do sistema científico e tecnológico, a literacia financeira, a mentoria, os estatutos de reconhecimento, os clusters, a melhoria da eficiência no processo de licenciamento, a atração de IDE, são igualmente importantes.
A segunda, indissociável da primeira, é de que, cada vez mais é necessário atuar em rede. Esta noção é essencial para as nossas empresas, claro, até porque a sua dimensão está abaixo da média europeia, mas é também essencial no contexto da política pública.
É por isso muito importante dinamizarmos diferentes iniciativas com diferentes parceiros. Tenho frequentemente falado não apenas na boa relação, mas na ligação estratégica que estabelecemos com a AICEP e com o Turismo de Portugal, entre outros. Com Associações Empresariais. Com os Clusters de Competitividade. Com as Associações de Business Angels. Com diversas entidades participadas pelo IAPMEI e que constituem uma verdadeira rede ao serviço das empresas: A Sociedade Portuguesa de Garantia Mútua, A Portugal Capital Ventures, a PME Investimentos, os Centros Tecnológicos, a AICEP Global Parques, a Agência Nacional de Inovação, o CEDINTEC, para citar apenas alguns.
Uma terceira tem a ver com o foco na inovação. Há muito que o IAPMEI colocou a inovação e a diferenciação competitiva no cerne das estratégias de sucesso das empresas. É importante termos a noção de que não se inova com um estalar de dedos. Inovar é um esforço continuado, é algo que apenas pode resultar de uma abordagem colaborativa, é algo que implica uma alteração cultural abrangente à organização.
Uma quarta tem a ver com a necessidade de assegurar a estruturação de instrumentos de política pública ao longo de todo o ciclo de vida das empresas. Desde o momento da geração e análise de viabilidade da ideia de negócio até ao momento de declínio da empresa, em relação ao qual é tão importante antecipar estrategicamente a sua identificação para um eficiente aproveitamento dos recursos.
O papel do IAPMEI é, por isso, o de disponibilizar diferentes instrumentos de política pública para empresas que queiram crescer, que queiram basear a sua estratégia na inovação, criatividade, diferenciação, e que apostem decididamente na internacionalização.
Que balanço é possível fazer da atuação do IAPMEI junto do universo empresarial?
Vou tentar apresentar alguns exemplos muito resumidos.
No ano de 2016 o IAPMEI transferiu para a economia mais de 500 milhões de euros, no âmbito dos sistemas de incentivos. Este valor é, para nós, muito significativo. Não tanto pelo montante, o mais elevado de sempre, mas particularmente pelo que ele representa em termos do esforço notável de milhares de empresas a investir em inovação, diversificação de processos, de produtos, de serviços e de mercados. Representa o resultado de um trabalho continuado de aposta na inovação, na eficiência de processos, na boa gestão, na adoção de tecnologia.
Um dado que utilizo sempre que posso refere-se à comparação entre níveis de exportação pós projeto e pré projeto, no âmbito de projetos aprovados no anterior período de programação – o QREN. Apenas considerando projetos sob gestão do IAPMEI, verificamos que, entre pré e pós projeto, o volume de exportações aumentou cerca de 16 mil milhões de euros. Não se deverá exclusivamente aos incentivos, claro, mas o facto de no sistema de incentivos à inovação o aumento desse volume de exportações ter sido de mais de 165% é um sinal claro do efeito desta aposta na inovação.
Um terceiro dado que é importante é o relativo às linhas de crédito que são financiadas pelo IAPMEI e que são operacionalizadas no terreno pelos Bancos e pelo Sistema Nacional de Garantia Mútua, com o acompanhamento da PME Investimentos. Perto de 180 mil operações enquadradas, mais de 16 mil milhões de euros de crédito associado, mais de 84 mil empresas e de 1 milhão de postos de trabalho envolvidos. Creio que num contexto de crédito, como o que temos vivido desde 2008, estes números devem reter a nossa atenção, até porque mais de 2/3 do valor, flui para PME.
Estamos, neste momento, em fase final do processo de reconhecimento de 20 clusters de competitividade com planos de ação estratégicos muito exigentes para os respetivos setores, e muito virados para a digitalização, bem como para as parcerias internacionais.
Temos já mais de 1000 empresas que recorreram à nossa ferramenta de early warning para diagnosticarem a sua situação quer do ponto de vista operacional, quer do ponto de vista financeiro, bem como para fazerem a comparação do seu posicionamento, numa série de indicadores, com o mercado.
Para 2016, reconhecemos 7119 empresas PME Líder e de 1785 empresas PME Excelência, constituindo bons exemplos de gestão e bons exemplos financeiros. Basta dizer que a autonomia financeira média destas empresas voltou a subir para níveis perto dos 58%.
O IAPMEI recebeu, no final do ano de 2016, a certificação de qualidade para o seu front office de atendimento e licenciamento industrial, o que constitui uma demonstração da preocupação que colocamos no acompanhamento das necessidades efetivas das empresas.
O IAPMEI disponibiliza uma agenda eletrónica para empresas candidatas aos fundos do Portugal 2020. De que se trata e o que visa esta agenda eletrónica?
O IAPMEI tem, no âmbito do Portugal 2020, já mais de 4300 projetos aprovados e em acompanhamento. Ora, este facto, conjugado com uma máxima que aplicamos com frequência, de que o sucesso dos projetos de investimento não está na sua aprovação mas na sua execução, leva a que concentremos uma particular atenção na realização do investimento.
Nesse sentido já tínhamos divulgado manuais de boas práticas para a análise e acompanhamento de projetos. Temos vindo, entretanto a introduzir sucessivas funcionalidades à Consola de Gestão do IAPMEI, para apoio no interface com as empresas, e para apoio às empresas na gestão dos seus processos.
Ao longo de um projeto, há datas e momentos que são relevantes, para comprovação de investimentos, certificação de despesas, datas obrigatórias, datas recomendadas. O que pretendemos com esta nova funcionalidade é alertar, informar e recomendar, de forma contextualizada a cada situação, facilitando a boa gestão do projeto.
O nosso objetivo é minimizar problemas, minimizar incumprimentos, maximizar investimento.
O lançamento desta nova ferramenta é uma medida que se integra no programa Simplex+, e é dedicada às empresas e gestores de projeto com processos de candidatura a decorrer no Portugal 2020, QREN e Comércio Investe. Esta iniciativa surge em que âmbito?
Sim, esta é uma medida que queríamos implementar e que sugerimos no âmbito do SIMPLEX +.
Sabemos bem que a gestão de um projeto no âmbito dos sistemas de incentivos implica um conjunto de requisitos burocráticos, para as empresas mas também para os organismos gestores.
Esta medida enquadra-se no âmbito da estratégia do IAPMEI orientada para uma contínua desburocratização, e para a capacitação empresarial.
Neste momento, cerca de três quartos (74,4%) dos projetos em acompanhamento dos programas de financiamento comunitário Portugal 2020 (PT2020), ou seja, mais de 2.600 projetos, já aderiram à nova ferramenta disponibilizada pelo IAPMEI. O que representam estes valores para o IAPMEI?
Os níveis de adesão mostram claramente tratarem-se de ferramentas bem entendidas e bem vistas pelo mercado. São necessárias, facilitam. Esperamos que sejam fortemente utilizadas. É, também, uma indicação de que o nosso rumo está certo.
O IAPMEI já tinha realizado, desde o quadro comunitário anterior, várias sessões presenciais com empresas, associações e mesmo com entidades que apoiam as empresas, no sentido de apostar decididamente numa gestão de projetos baseada em fatores críticos.
Essas sessões, que continuamos a dinamizar, servem ainda para ajudar a desenhar o modelo de abordagem à Consola de Gestão do IAPMEI, para a qual, como referi, temos vindo e continuaremos a introduzir funcionalidades.
O IAPMEI tem vindo a desenvolver novas funcionalidades de apoio às empresas na gestão dos seus projetos e no cumprimento das obrigações associadas à sua execução. Para além da agenda eletrónica, que outras ferramentas de apoio disponibiliza o IAPMEI aos empresários?
No âmbito da Consola de Gestão, desenvolvemos recentemente uma ferramenta que permite um canal de comunicação mais facilitado com o gestor de projeto. Introduzimos outras facilidades como os assistentes contextuais, ou o reportório de legislação, ou ainda, como referi, os manuais de Boas Práticas.
Iremos, durante o primeiro trimestre, comunicando outras novidades. Como se costuma dizer, o caminho faz-se caminhando, e o IAPMEI tem uma visão muito clara do que pretende disponibilizar os seus clientes.