Início Atualidade “É fundamental sermos Leais e Verdadeiros com as nossas Convicções”

“É fundamental sermos Leais e Verdadeiros com as nossas Convicções”

0
“É fundamental sermos Leais e Verdadeiros com as nossas Convicções”

Formada em Engenharia Química e tendo começado a sua carreira na área da logística, seguida da liderança em Vendas, foi há 13 anos que o destino deixou nas mãos de Ana Cláudia Sá o cargo de Diretora Geral da Bel Portugal – desafio encarado com uma vontade enorme em fazer a diferença. Em 2019 foi convidada a assumir um cargo de Direçao Geral Global no centro do grupo em Paris, e hoje lidera o Cluster Benelux. A Bel é uma empresa líder em vários países, sendo que, para a nossa entrevistada, o sucesso do negócio prende-se com a missão em fazer o bem: pelas pessoas, pelos animais e pelo meio-ambiente. Facto é que ocupar cargos de liderança a todos traz dissabores, resta saber lidar com eles da melhor forma possível e quem o admite é Ana Cláudia Sá: “obstáculos existem em todas as vidas pessoais e profissionais, mas temos de conseguir ter a capacidade e a clareza para ir com eles ou ir contra eles”.

ADN Bel: bondade, inovação e sustentabilidade

O Grupo Bel nasce em França em 1865, tendo sido registada como a simbólica “A Vaca que Ri” 56 anos mais tarde. É hoje em dia uma marca por todos conhecida e, mais do que isso, é adorada. Apesar de todas as outras marcas que o grupo possui, a nossa entrevistada admite que “este é realmente o grande ícone do grupo Bel”. Atualmente é marca líder em vários países, sucesso este que se prende em algumas razões: a porção, uma vez que o famoso triângulo é uma quantidade nutricionalmente equilibrada e que se conserva bastante tempo, o que na época era fundamental uma vez que poucos frigoríficos existiam. Também o humor característico da publicidade feita já na altura ditou muito do mérito que hoje em dia tem, isto porque “o Fundador do grupo era o tipo de pessoa bem disposta que, apesar das vicissitudes da vida, foi resiliente e foi isso que se traduziu no trabalho que ele desenvolveu, inclusive nos cartazes da altura que eram muito divertidos”, revela a nossa interlocutora. Que se desengane quem ainda mantém as suas dúvidas – é indispensável que a inovação faça parte do ADN de qualquer empresa. “A marca acabou por progredir muito fruto da inovação, a fórmula mudou e está cada vez mais natural, sem aditivos”, revela a Diretora Geral. Certo é que esta foi uma marca que rapidamente se expandiu e hoje ainda prima por uma evolução contínua, fruto da forte aposta na renovação, e da missão principal da qual a equipa nunca descura: “o sorriso das crianças, uma alimentação saudável e nutricionalmente equilibrada, a porção certa e o prazer”, afirma orgulhosamente Ana Cláudia Sá. Também a bondade é um fator-chave, ela que não deve estar presente apenas dentro de cada ser humano, mas também no seio de uma empresa que tal como a Bel pretendam trilhar um caminho de sucesso. Segundo a entrevistada, “a bondade é algo muito importante no grupo também, fazer as coisas por bem e para o bem. E transmitir esta mensagem de geração em geração”. Quando há 13 anos Ana Cláudia Sá aceitou caminhar de mãos dadas com o Grupo Bel, a bondade e a positividade já faziam parte do leque de particularidades fundamentais da empresa, e, portanto, o propósito da mesma passou por “dar um salto em direção da sustentabilidade e responsabilidade social”. Determinada a desbravar este percurso rumo à sustentabilidade, foi já sob a liderança da mesma que o grupo evoluiu, e tem vindo a evoluir cada vez mais nesse sentido, o que não podia deixar mais orgulhosa a nossa interlocutora, tal como a própria garante: “fazer parte de um grupo que tem estes valores e que os vive no dia a dia é algo que me dá muito orgulho, especialmente em Portugal”. Assumidamente uma marca amiga do ambiente, a Bel tem uma equipa global e local focada na sustentabilidade onde trabalham a agricultura sustentável. A entrevistada assume que “a utilização do solo, das águas e dos alimentos das vacas são produzidos com práticas sustentáveis, uma adequada gestão do solo, a não utilização de pesticidas mas antes de práticas de agricultura regenerativas, com pastagens com equilíbrio de plantas para que o solo seja protegido tudo com menor impacto ambiental”, são algumas das condutas que levam com muita seriedade nesta luta por um ambiente mais equilibrado, conforme podemos observar com Terra Nostra e as suas vacas Felizes nos Açores. A verdade é que o mundo se encontra em constante mudança e para um grupo como a Bel é fundamental ouvir os consumidores e entender as suas necessidades. E é precisamente por isso que mais recentemente foi lançada uma linha de produtos 100% vegetais, uma vez que “sabemos que há muita procura nesse sentido, e nós como líderes de mercado, temos a obrigação de responder e estar à frente na inovação”, sustenta a Diretora Geral. E como todos bem sabemos, esta é uma luta que nunca termina, principalmente para a Bel, que agora conta com um novo e entusiasmante slogan “Bel: For All. For Good”.

A profissional e mulher que vive pela missão

Sabemos que Ana Cláudia Sá possui já uma vasta experiência profissional e académica, tendo obviamente uma trajetória que hoje lhe confere um cargo de liderança. Entre muitas particularidades que a possam descrever, a líder define-se como ‘missionária’. Afirma que vive pela missão e que adora fazer a diferença. Tal é a veracidade da sua postura que garante que “é fundamental sermos leais e verdadeiros com as nossas convicções. Quando assim é, uma pessoa inspira as outras que também o querem ser”. Acima de uma líder de excelência, está uma mulher de uma generosidade sem igual, porque no fundo o mais importante para Ana Cláudia é saber que está a lutar por um futuro mais risonho, para ela e para quem a rodeia. “Para mim o mais importante enquanto pessoa é fazer a diferença para o futuro das pessoas: os que trabalham comigo, os consumidores, os meus filhos e os jovens em geral”, assegura. A verdade é que os dias difíceis também existem para a nossa interlocutora bem como para toda a sociedade, mas é nesses momentos que devemos encontrar a força de reerguer e aprender “sem nunca perder de vista aquilo que é essencial”. E se o cargo de liderança concede a Ana Cláudia uma felicidade inexplicável, ao mesmo tempo exige uma coragem de outro mundo, uma vez que a igualdade de género continua a ser um tema bastante debatido, sendo que nesta problemática a líder sustenta que “todas as mulheres ainda enfrentam obstáculos pelo simples facto de o serem. Hoje em dia cada vez mais vemos mulheres a dirigir e a evoluir. Já há muito mais respeito pela comunidade feminina nas suas funções, no seu trabalho, e mesmo na vida pessoal. Existe uma grande evolução nesse sentido, mas ainda não é o ideal. O ideal seria que não existissem diferenças nenhumas. Porque ainda existem situações inaceitáveis”. Neste caso em particular e de forma a deixar o seu testemunho, Ana Cláudia confessa que se sentiu várias vezes discriminada ao longo da sua carreira. “Tive que ser muitas vezes melhor na inteligência emocional e intelectual, porque existem preconceitos contra as mulheres que temos de saber lidar de uma forma muito inteligente”, confessa. Certo é que mulheres unidas, são muito mais bem-sucedidas, e é precisamente neste lema que se prende a obrigatoriedade de o género feminino nunca deixar de se apoiar. Nunca foi tão importante estar alerta para o apoio e incentivo das mulheres, apostando na comunicação, de forma a que cada vez mais as mesmas possam ocupar cargos de liderança sem que lhes seja exigido mais do que a outra pessoa do sexo oposto. No século XXI é ainda “exigido à mulher uma capacidade de serviço que é desumana, no sentido de que ainda existe muita falta de compreensão para o facto de que a mulher também é mãe, e tem as suas necessidades pessoais. E que não podem estar disponíveis 100% do tempo, como muitas vezes lhes é exigido. É inaceitável, porque as mulheres deviam poder ter todas as oportunidades sabendo que têm tempo para serem mães e para serem elas mesmas”, defende Ana Cláudia Sá. Segundo a líder, o mundo precisa de entender que “as mulheres devem ajudar-se a serem mulheres e a terem orgulho em sê-lo. Temos que aprender a aceitar que o ser feminino é extremamente rico para as organizações, porque efetivamente as mulheres têm uma maneira de pensar muito holística”. E se muitas vezes um cargo de liderança leva uma pessoa a ser vencida pelo cansaço, no reverso da moeda temos a falta de recursos, que acabam também por ser dos maiores obstáculos ao progresso da carreira. Com Ana Cláudia Sá não foi diferente, uma vez que a mesma se viu muitas vezes obrigada a recuar nas suas ideias. “Deparei-me muitas vezes numa encruzilhada porque tinha objetivos para atingir e não tinha meios para o conseguir. E como contornar esses obstáculos também faz parte da aprendizagem, muitas vezes tive que ir à luta e pedir ajuda”, confessa. Muitos afirmam que é precisamente com estes obstáculos que o ser humano evolui. O importante aqui é ter a resiliência para ir com eles ou ir contra eles, o que para a nossa interlocutora faz todo o sentido ao confessar que “às vezes eu própria tenho que me relembrar de qual é o meu objetivo maior, e muitas vezes tenho de ter a assertividade necessária para saber dizer que não. Mais vale um não hoje e, posteriormente, um grande sim retribuído pela vida, do que ir a todo custo por um caminho que não me pertence”. E sendo Ana Cláudia Sá uma fonte de inspiração e uma motivadora nata para todos os que a rodeiam, os papéis invertem-se quando questionada acerca das suas maiores inspirações, que admite serem: a leitura, a fé e os exercícios de autoconhecimento, o que lhe concerne uma visão muito positiva acerca do mundo e lhe dá uma perspetiva muito mais clara daquilo que é a vida. Em tom de conclusão, para todas as mulheres que, tal como a Diretora Geral da Bel Benelux, desejam trilhar um caminho de sucesso rumo aos seus desejos e objetivos, a mensagem da mesma é só uma: “Sejam muito conscientes do vosso valor, e aprendam a gostar muito de vocês próprias, apesar de todas as dificuldades. E sobretudo em ter a coragem de ir ‘em frente’!”.