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“Espero deixar um legado Transformador e que Seia, seja, uma das Melhores Cidades para se Viver e Trabalhar”

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“Espero deixar um legado Transformador e que Seia, seja, uma das Melhores Cidades para se Viver e Trabalhar”

A Sónia Jerónimo tem um espírito empreendedor, aptidão criativa, habilidades de liderança ousadas e uma paixão por ensinar, aprender e orientar outras pessoas. Após mais de 25 anos de experiência a liderar negócios, quem é hoje enquanto pessoa, mulher e profissional?
Costumo dizer que há coisas que não são negociáveis. Por mais que evoluamos, ganhemos experiência, há pilares que nos definem, seja qual for o nosso papel, seja, de mulher, mãe ou profissional. O que me define, são valores que sustentam as minhas decisões, a minha liderança e quem sou. A integridade, a transparência, a honestidade e o valor do trabalho e da família, são pilares não negociáveis. Sempre guiaram o meu espírito empreendedor, a minha paixão por criar algo novo todos os dias.

Uma das suas grandes missões de vida é transformar negócios e capacitar pessoas e empresas a atingirem o seu potencial, bem como culturas de excelência e ótimos locais de trabalho onde todos possam cultivar o seu talento e prosperar. Soube, desde sempre, que queria impulsionar pessoas a serem a melhor versão de si próprias? O que a fascina nesta atividade?
Definitivamente as pessoas. As organizações apenas prosperam e mantêm-se sustentáveis ao longo da vida se se rodearam de pessoas, que desenvolvam o seu talento e contribuam genuinamente para uma missão, visão e propósito da organização. O ser humano, é imprevisível. Move-se pelo seu propósito, interesses e paixões e é aí que reside o grande desafio para os empreendedores: transformando-as a partir os seus melhores recursos, aptidões, competências e motivações. Para isso, é preciso inteligência emocional, capacidade de escuta, sem julgamentos e uma empatia genuína. É fascinante “desconstruir” pessoas para que elas próprias façam a descoberta dos seus talentos e pontos fortes. Este “descontruir” é ajudá-las a sair da sua zona de conforto. Os resultados, virão por acréscimo e naturalmente e sobretudo com consistência e criando lideranças fortes.

A diversidade, a inclusão e a igualdade são temas que muito dizem à Sónia Jerónimo. O que é que tem vindo a ser feito, enquanto líder, para que sejam, além de temas fundamentais, uma realidade constante nas experiências que cruzam no seu caminho?
Sou a favor de um equilíbrio em qualquer profissão ou cargo, porque esta diversidade de género é realmente profícua. Há um maior leque de opiniões e de ideias, diferentes formas de abordar os problemas, visões e perspetivas mais amplas, e níveis de criatividade que se complementam e isto é que enriquece as empresas e as pessoas. A experiência mais gratificante que tive a este nível, de implementação de políticas a este nível, foi efetivamente uma das empresas que criei no passado ter sido galardoada como uma das 25 melhores empresas para se trabalhar em Portugal durante quatro anos consecutivos desde a sua criação, destacando-se no que respeitava a políticas de inclusão, diversidade e igualdade. Nesta última, e sendo uma tecnológica, cerca de 50% dos colaboradores eram mulheres.

Afirma que o seu propósito, como empreendedora, é retribuir tudo o que aprendeu. Assim, e de forma destemida e resiliente, mudou-se para a cidade de Seia há um ano e meio. Esta mudança partiu de que necessidade?
Sim, sem dúvida. A minha mudança esteve baseada, em duas coisas. Uma, que era procurar um estilo de vida familiar e pessoal, mais calmo e próximo da natureza. O outro, a vontade de me desafiar uma vez mais, e fazer algo que se pensa que apenas as grandes cidades têm recursos para fazer que é: empreender. Fiquei maravilhada com este lado da Serra da Estrela. Seia tem um potencial incrível, quer pelos seus recursos naturais, pela envolvência da Serra, quer pelas suas gentes e tradições, quer pela resiliência que os Senenses vivem diariamente, para fazer o melhor pela sua terra. A qualidade de vida no interior é extraordinária e na realidade não falta nada. Faltam sim, pessoas, que venham fazer a diferença positiva na região.

Que iniciativas estão a ser projetadas para desenvolver o empreendedorismo do interior e elevar o potencial deste território tão rico? De que forma pretende deixar a sua vincada marca?
Estão a ser alavancadas junto da nova presidência da câmara, com o Dr. Luciano Ribeiro e com minha colaboração como embaixadora do projeto, a iniciativa para criação de uma plataforma local para sediar empresas de base tecnológica e não só, no antigo pavilhão CACE- Centro de Apoio à Criação de Empresas. Uma área com mais de 20.000m2, que será remodelada a preparada para receber empresas nacionais e internacionais, nómadas digitais, parceiros e empreendedores locais e internacionais, onde terão um espaço para fazer germinar o seu negócio, ter apoio na sua instalação e serviços de ajuda à incubação de ideias de negócio. Pretende-se atrair para a plataforma parceiros nas áreas de funding, venture capitalists, business angels, headhunting, formação, seleção e recrutamento, para apoiar as empresas e negócios que aqui se instalarem. Nesta plataforma, já há uma empresa internacional de base tecnológica que vai iniciar já a sua operação em Seia, em Março. A previsões é que em dois anos terá cerca de 50 engenheiros a trabalhar aqui, para vários clientes nacionais e internacionais. Vai ser lançado também um programa totalmente inovador para atrair talento internacional para Seia, em que, quem escolher a cidade para viver e trabalhar, terá um programa de pós-graduação com instituição académica conceituada. Como dinâmicas colaterais teremos o mercado de arrendamento e construção, assim como estamos a avaliar a criação de um projeto inovador para a criação de espaços co-housing and co-living, assentes nos princípios da sustentabilidade ambiental e economia circular.

Se pudesse avançar no tempo cinco anos – e observar as iniciativas que imaginou para Seia, realizadas na prática – o que gostaria de concluir?
Em cinco anos, espero que todas estas iniciativas tenham sido implementadas e a funcionar já em ritmo cruzeiro, projetando o concelho de Seia a nível nacional e internacional. Espero deixar um legado transformador e que Seia, seja, uma das melhores cidades para se viver e trabalhar.

A capacidade de encontrar potencial onde muitos não o veem pode tornar-se um processo moroso e complexo. Quão gratificante é, para a Sónia Jerónimo, devolver às pessoas, aos negócios e aos lugares, esperança e luz mesmo em dias mais cinzentos?
Tenho uma máxima que sempre me guiou e que permitiu os meus “saltos de fé”: acreditar primeiro e ver depois. A maioria de nós, faz o contrário, primeiro tenho de ver para depois acreditar. Dei muitos “saltos de fé” ao longo da minha vida, e com todos tive momentos de felicidade e sucesso e outros, foram elementos de grande aprendizagem e que hoje me são muito preciosos. Mas o “salto de fé” mais arrojado, foi efetivamente deixar Lisboa e vir para Seia. E foi, porque, não tenho quaisquer raízes familiares ou outras aqui. Nunca vivi cá e mais, não conhecia ninguém que cá morasse e que no limite me pudesse ajudar a perceber a cidade e como é viver aqui. Visitei muitas vezes a cidade e zonas envolventes, alguns fins de semana e nada mais do que isso. Mas cada vez que cá vinha, sentia-me em “casa” e tinha menos e menos vontade de regressar e fui me apercebendo do potencial de atratividade da região e que era aqui afinal que deveria ser o headquarter da minha missão de vida.

Sendo um exemplo claro de liderança feminina e, tendo consigo uma quota imensa de determinação, que mensagem gostaria de deixar a todas as mulheres que, tal como a Sónia Jerónimo, gostariam de trilhar um caminho de sucesso?
O meu mantra é acreditar em mim, nunca desistir e aprender com os erros. Saber quando parar e desapegar de algo que já não nos serve ou que contribua para o nosso crescimento e aprendizagem. Humildade para escutar os outros, por mais experiência que tenhamos. Acreditar que é possível, que somos capazes, é libertador, porque somos nós que escolhemos os caminhos. Quando não acreditamos em nós, são os outros que vão escolher o nosso caminho. Costumo dizer, se não damos as chaves de nossa casa a qualquer pessoa, porque o haveremos de fazer com a nossa vida?