O Portal da Queixa registou um crescimento no número de reclamações dirigidas pelos consumidores ao setor energético. Entre janeiro e outubro deste ano, a variação foi de mais 6.4%, em relação ao mesmo período do ano passado. O mercado livre absorve mais de 65% das queixas. Cobrança indevida, erros de leitura/faturação e falha de fornecimento são os três principais motivos de reclamação.
De acordo com o alerta de vários especialistas, a escalada do conflito entre Israel – Hamas pode prejudicar ainda mais o abastecimento global de petróleo e gás, já perturbado pela invasão da Rússia à Ucrânia. Em Portugal, é no preço da fatura que se gera o maior descontentamento dos consumidores. Uma insatisfação que, este ano, também se reflete no aumento das reclamações dirigidas ao setor energético, revela uma análise do Portal da Queixa.
Entre os dias 01 de janeiro e 15 de outubro de 2023, os consumidores portugueses apresentaram no Portal da Queixa 4.274 reclamações dirigidas ao setor energético – eletricidade e gás – nas categorias mercado livre, mercado regulado e distribuição.
Os dados indicam que, este ano, houve um crescimento de 6.4% no número de queixas registadas, em comparação com o período homólogo de 2022, onde se observaram 4.017 ocorrências.
Mercado livre lidera queixas e maior subida
Nas categorias analisadas, o mercado livre lidera o volume de reclamações (65.4%), seguido pela distribuição que acolhe 29.2% das queixas e o mercado regulado absorve uma fatia de 5.4%.
Segundo aferiu a análise, em comparação com o período de 2022, foi também no mercado livre que se verificou a maior subida de reclamações: 73.2%. No mercado regulado, o aumento foi de 43.13%, em relação ao ano passado.
Principais motivos de reclamação
A motivar as principais queixas dos consumidores contra o setor energético está a cobrança indevida(21.6%), que se refere a valores que alegadamente foram cobrados de forma incorreta. Já 15% das ocorrências foram motivadas por alegados erros de leitura no contador e consequente faturação. As falhas de fornecimento de energia estão na origem de 14.5% das queixas. O quarto motivo mais apontado está relacionado com os atrasos no ato de ligar ou desligar o serviço contratado (11.2%). Os cortes de energia geraram 6.6% das queixas. Já os reajustes tarifários motivaram 5.2% das ocorrências e as dificuldades no contacto com o apoio ao cliente originaram 4.3% das reclamações geradas este ano.
Recorde-se que, de acordo com a proposta de tarifas para o próximo ano – divulgada há uma semana pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) -, o preço da eletricidade vai sofrer um aumento médio de 1,9% em janeiro de 2024, face aos valores em vigor. Estes preços aplicam-se à tarifa regulada da eletricidade que abrange 947 mil consumidores do mercado regulado. No entanto, a proposta da ERSE estabelece também a evolução das tarifas de acesso ao sistema que são aplicáveis a todos os clientes de eletricidade, incluindo os que estão no mercado livre.