Início Atualidade “O que tornará a Equidade uma Realidade é a Mudança na forma de Pensar”

“O que tornará a Equidade uma Realidade é a Mudança na forma de Pensar”

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“O que tornará a Equidade uma Realidade é a Mudança na forma de Pensar”

No sentido de contextualizar junto do nosso leitor, quem é Juliana Azevedo e que análise perpetua da sua carreira e do seu trajeto desde o início até aos dias de hoje? Que momentos é que acredita terem sido essenciais no seu crescimento?

Aos leitores da Revista Pontos de Vista, Juliana Azevedo é uma jovem advogada que exerceu a sua profissão maioritariamente no setor empresarial, como jurista interna de empresa e que é apaixonada pelo seu ofício. Entretanto, considero como o início da minha carreira o período em que trabalhei num escritório de advocacia e frequentei os Fóruns e Tribunais da cidade de São Paulo, a maior capital do Brasil. Essa experiência foi essencial para a minha formação e trago comigo até hoje as lições aprendidas durante esse início de carreira, especialmente pela necessidade de ser ágil na busca de soluções para questões de baixa e alta complexidade, à época. Após esse início, também considero como momentos essenciais para o meu crescimento profissional a minha transição para a trading do Grupo Odebrecht e as experiências internacionais que o exercício desta função me propiciou, assim como a minha vivência em Curitiba antes, durante e depois do Grupo Odebrecht formalizar o maior acordo de leniência do país.

Neste momento, é responsável Jurídica da Biocom Companhia de Bioenergia de Angola, subsidiária do Grupo Odebrecht, que opera a primeira Unidade Agroindustrial produtora de açúcar, etanol e energia elétrica renovável em Angola. Qual foi e tem sido a motivação para liderar este projeto? Que balanço é possível perpetuar pela sua presença na marca?

Dos países que visitei como advogada da trading, Angola sempre me marcou antes mesmo de eu vir trabalhar para a Biocom, em razão das inúmeras oportunidades que este país africano “em reconstrução” traz para quem quer compartilhar experiências e conhecimento. Isso sem falar da sua história, cultura e conexão com os países lusófonos. E com a Biocom não foi diferente, sendo a minha motivação neste projeto o seu potencial para a geração de riquezas para o país e para o desenvolvimento da Província em que a Unidade Agroindustrial da Biocom está localizada, a Província de Malanje. Para além disso, a Biocom já superou inúmeros desafios e vem crescendo a cada ano. Aqui, temos o costume de dizer que só realmente conhece a Biocom quem visita a referida Unidade, pois o trabalho lá desenvolvido é de facto impactante. Do meu ponto de vista, o balanço positivo que deixarei para a marca é o espírito de servir, o foco na solução de problemas e a orientação para a obtenção de resultados.

É uma personalidade com uma vasta experiência. Basta ver que possui 15 anos de experiência na área jurídica do Grupo Odebrecht, com foco em contencioso para a definição de estratégias e elaboração de defesas nas empresas da Engenharia e Construção, do Brasil e do exterior. Por um período de oito anos foi a responsável pela área jurídica da Odebrecht Serviços de Exportação, a trading do Grupo, que operou a exportação de bens e serviços brasileiros para 18 países na América Latina e em África, liderando os temas jurídicos relacionados ao comércio exterior e a mobilização internacional de trabalhadores entre as diversas empresas do Grupo. Como é que carateriza o seu estilo de liderança e de que forma é que foi moldando a mesma com a sua experiência e vivências?

Reconheço o meu estilo de liderança como “diretiva e assertiva”. Isso porque tenho, em regra, opiniões bem definidas e um caminho já visualizado para a solução de problemas e controvérsias que giram em torno do dia a dia das empresas. Contudo, reconheço também a importância de procurar um equilíbrio ouvindo o ponto de vista das outras pessoas envolvidas neste dia a dia, sejam parceiros, colaboradores, líderes ou liderados. Essa é a maior lição que extraí das minhas vivências e experiências até hoje: saber comunicar e ouvir.

Que análise perpetua da mulher no universo dos negócios e das empresas nos dias que correm? Sente que ainda existe aqui um longo caminho a desbravar para que a equidade seja cada vez mais uma realidade?

Sim. Acredito que esse ainda é e será por um bom tempo um desafio a ser enfrentado pelas empresas. Sinto que já evoluímos bastante, mas que ainda há um grande caminho a percorrer. Na minha opinião, o que tornará a equidade uma realidade é a mudança na forma de pensar, começando pela nossa própria, ou seja, das mulheres que estão no universo dos negócios. A semente precisa de ser plantada por nós, acima de tudo.

Está em Angola e, portanto, será interessante perceber de que forma é que neste país são dadas oportunidades às personalidades femininas. Crê que o país está no bom caminho nesta dinâmica da equidade no que concerne às oportunidades concedidas às Mulheres?

Sim. Creio que, embora aqui também ainda haja um longo caminho a percorrer, existem alguns movimentos organizados incentivando o crescimento das personalidades femininas e com grande potencial. E como exemplo de liderança de personalidades femininas em Angola, gostaria de citar as das mulheres que ocupam atualmente as cadeiras de dois dos principais Ministérios do País, as Doutoras Vera Daves e Silvia Lutucuta. Por esse motivo, incentivo todas as mulheres com quem tenho oportunidade de interagir no sentido de que procurem estudar e capacitar-se, sem perder de vista o papel relevante que as angolanas assumem no âmbito de seus lares.

Que impacto é que acredita que o seu estilo de liderança tem nas equipas que lidera? De que forma é que é essencial ser uma “voz” motivadora, dinâmica e promotora do crescimento e desenvolvimento das pessoas que tem consigo?

Força e confiança, acima de tudo. Por todos os lugares por onde passei procurei fazer com que as minhas equipas fossem capazes de lidar com todas as situações de trabalho, confiando que os caminhos e soluções por eles propostos eram os melhores possíveis. Isso não é fácil, pois exige conhecimento e comprometimento e uma posição mais exigente da minha parte, mas hoje tenho a satisfação de já ter recebido alguns feedbacks positivos de liderados que sinalizaram ter evoluído com essa minha forma de liderar.

Ser mulher, em algum momento da sua vida e carreira, foi impeditivo ou colocou entraves à realização de um objetivo? Se sim, de que forma isso alterou a sua trajetória?

Não. Vejo-me como uma mulher prestigiada neste aspeto.

Na sua opinião, existe uma Liderança Feminina e uma Masculina, ou a Liderança positiva, inclusiva e promotora de valor não tem género?

Acredito mais na liderança positiva, baseada, principalmente, na confiança mútua entre Líder e Liderado. Acho que a inclusão, o crescimento e a geração de valor são reflexos que vêm naturalmente quando isso acontece.

Sendo um exemplo claro de liderança feminina, e tendo consigo uma quota imensa de determinação, que mensagem gostaria de deixar a todas as mulheres, que tal como a Juliana Azevedo, gostariam de trilhar um percurso de sucesso?

Quero deixar a seguinte mensagem: sejam éticas, confiem em vocês mesmas e garantam os resultados nas vossas posições, seja quais forem, e assim não haverá espaço para qualquer questão de diferença de género nas vossas trajetórias profissionais.

A terminar, o que podemos esperar de si e da Biocom de futuro? Quais são os grandes desafios para o vindouro?

No que se refere à Biocom, o que sinceramente espero é o seu crescimento de forma sustentável, superando as dificuldades que o produtor nacional ainda enfrenta actualmente em Angola e com isso gerar cada vez mais empregos, em especial para as mulheres angolanas. Da minha parte, o que espero do futuro é poder fazer a transição de meu programa para um advogado nacional que possua uma liderança positiva, inclusiva e promotora e que venha a aproveitar o trabalho que hoje realizo no Gabinete Jurídico da Biocom, criando ainda mais oportunidades neste setor da empresa.