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CCLBL: Uma ponte entre Portugal e Luxemburgo

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CCLBL: Uma ponte entre Portugal e Luxemburgo

A Câmara de Comércio Luso-Belga-Luxemburguesa (CCLBL) é uma entidade que visa promover as relações comerciais entre os mercados português, belga e luxemburguês. Prestes a celebrar o Dia Nacional do Luxemburgo, qual o balanço que faz das atividades desenvolvidas em parceria com este país?

A CCLBL tem vindo a desenvolver uma série de projetos e parcerias em colaboração que visam reforçar a relação entre ambos os países. É o caso da Câmara de Comércio do Luxemburgo (CCLU), com a qual a Câmara mantem um contacto próximo, colabora e apoia na organização de eventos (e.g. webinar realizado em parceria com a CCLU e Embaixadas dos respetivos países com o objetivo de introduzir o mercado Português a empresas Luxemburguesas e vice-versa, introduzindo ainda a missão económica que se realizaria mais tarde e a qual a CCLBL de igual modo apoiou). Um outro contributo que não pode deixar de ser mencionado é o da AICEP. Esta instituição desempenha um papel fundamental no desenvolvimento e aprofundamento nas relações económicas, trazendo investimento para Portugal e alavancando projetos portugueses no exterior nos países onde está presente, tendo tido um contributo importante na organização e sucesso da Missão Económica do Luxemburgo a Portugal. Ademais, a CCLBL organizou ainda atividades com os seus membros de origem Luxemburguesa, com o intuito de dar a conhecer o mercado Luxemburguês de uma forma generalizada ou dependendo do evento, com foco num setor mais específico. Dito isto, acreditamos que a CCLBL tem contribuído ativamente para apoiar os seus membros a alcançarem os seus objetivos nos dois mercados e simultaneamente para o desenvolvimento das relações bilaterais.

É legítimo afirmar, aos dias de hoje, que cada vez mais as relações entre Portugal e o Luxemburgo têm vindo a fortalecer-se? Qual o papel da CCLBL neste propósito?

Sem dúvida que nos últimos anos as relações entre os dois países se têm vindo a fortalecer. Isto deve-se a um grande esforço, compromisso e interesse de diversas instituições quer em Portugal quer no Luxemburgo. A CCLBL tem como missão dar a conhecer o mercado Português a empresas Luxemburguesas interessadas em investir e/ou expandir em Portugal e vice-versa. Isto torna-se ainda mais relevante quando se percebe que Portugal e Luxemburgo têm um elevado nível de atividade e interesse em diversos setores em comum como é o caso da indústria espacial, indústria da saúde, economia digital ou mesmo em tópicos como a sustentabilidade e economia circular, entre outros. Para além dos mais, uma tendência crescente visível em ambos os países é a forte aposta na inovação e investimento em Startups, tendo estes já recebido reconhecimento internacional identificando-os como referência nas áreas de inovação, tecnologia e ecossistema ideal para startups. Nesse sentido, a Câmara procura estabelecer ligações entre empreendedores, permitindo assim uma partilha de conhecimentos, experiências e know-how procurando igualmente em simultâneo informar de oportunidades interessantes que surjam nas diferentes áreas relevantes aos nossos membros.

É de conhecimento geral o quanto o Luxemburgo é um país com estabilidade económica e social. Assim, em que medida esta “segurança” contribui para as relações com Portugal e Bélgica?

Historicamente, a Bélgica e o Luxemburgo partilham uma longa tradição de relações económicas, sociais e culturais, o que por si só contribui para uma relação boa e estável entre Portugal e os dois países. Acreditamos ser igualmente correto afirmar que os três países partilham muitas características a nível social e cultural o que vem reforçar a relação entre ambos. No que diz respeito ao fator económico, essa conhecida estabilidade do Luxemburgo traduz-se num contributo para a confiança e credibilidade na realização de investimentos e negócios entre as partes envolvidas. Finalmente, é também necessário reforçar que os três países mencionados beneficiam de uma estabilidade social contribuindo ativamente para a concretização do objetivo Europeu.

Sabemos que o Grão-Duque visitou Portugal recentemente. Em que medida este foi e é um instrumento chave para alavancar as relações bilaterais entre Portugal e Luxemburgo? 

A visita do Grão-Duque, que decorreu em paralelo da missão económica, foi de elevada importância para alavancar as relações bilaterais entre Portugal e Luxemburgo pois permitiu esclarecer a ambos os países a realidade e características dos seus mercados, com especial enfoque no real potencial já existentes neles. Esse conhecimento irá certamente resultar num maior interesse e abertura para negócios futuros. Durante a visita, foram abordados diversos temas que são prioridade em ambos os países, nomeadamente a importância da digitalização, ‘green transition’, ‘sustainable finance’, entre muitos outros o que veio reforçar a ideia de que uma maior colaboração e cooperação entre estes países não só faz todo o sentido, mas também antevê que sejam bem-sucedidas. Finalmente, esta visita permitiu colocar frente a frente empresas e indivíduos relevantes e com interesses em comum, criando laços e parcerias para o futuro.

Podemos considerar que o caminho, no que diz respeito a estas relações, é ainda longo? Porquê?

É impossível negar que apesar da comunidade Portuguesa ser bastante expressiva no Luxemburgo, existe ainda uma vasta lista de oportunidades a serem exploradas no que diz respeito às relações económicas entre ambos os países. Nosso ponto de vista, o potencial das relações bilaterais não ter sido ainda explorado a fundo pode-se dever a uma falta de conhecimento profundo sobre as indústrias de cada país e como estas se podem complementar e apoiar mutuamente ou mesmo devido a uma certa falta de atenção não intencional dos mercados como aposta relevante ao crescimento e sucesso a nível de exportações de parte a parte. Contudo, é de igual modo necessário salientar que nos últimos anos os esforços que visam o aumento e melhoramento das mesmas são notáveis por parte de instituições pertencentes a ambas as partes. Assim sendo, se por um lado se pode afirmar que efetivamente existe um longo percurso para otimizar a relações bilaterais, é preciso ter em conta que por outro os primeiros passos já foram dados e que a caminhada se encontra já em marcha determinada e focada em ter sucesso. A Missão Económica realizada no mês passado é sem dúvida um exemplo claro disto, tendo isto dado um contributo inestimável no reforço das relações bilaterais destes países.

Numa altura marcada por vários acontecimentos importantes e que à CCLBL tanto dizem respeito, o que podemos esperar da mesma? Qual é, agora e no futuro, o desiderato?

Um dos principais objetivos da Câmara é de captar o interesse de empresas Luxemburguesas no mercado Português, procurando de igual modo atrair um maior investimento por parte das mesmas no país. Para isso, um dos primeiros passos que a CCLBL tem vindo a desenvolver é a o de aumentar a representatividade de indivíduos e empresas Luxemburguesas nos seus quadros de administração e desse modo assegurar um equilíbrio e conhecimento da realidade dos três países representados pela Câmara. Tal como já mencionado neste artigo, a Missão Económica do Luxemburgo a Portugal teve uma grande importância e a Câmara está empenhada em dar continuidade às relações iniciadas durante a mesma. Nesse sentido, procuramos manter contacto com os diferentes empreendedores e empresas que expressaram vontade em conhecer mais sobre o país e as oportunidades neste disponíveis. Para além disso, a CCLBL irá dar continuidade ao projeto de expandir o número de membros cuja origem seja o Luxemburgo com o intuito de reforçar a interação e dinamização entre a comunidade de membros, consequentemente contribuindo para o desenvolvimento não apenas das relações bilaterais Portugal-Luxemburgo, mas contribuindo inevitavelmente também para as relações Bélgica-Luxemburgo-Portugal. Finalmente, a CCLBL tem como compromisso dar continuidade à já existente relação de proximidade com a Embaixada do Luxemburgo em Portugal que desempenha igualmente um papel crucial em todos os eventos e intervenções entre ambos os países, permitindo ainda à Câmara uma maior proximidade e interação com empreendedores Luxemburgueses.

Assim, quais os principais desafios a ultrapassar neste “trabalho conjunto” entre os dois países?

Um dos principais desafios que será necessário ultrapassar é o de gerar uma melhor perceção da realidade e as oportunidades em cada mercado. Formular uma estratégia que permita dar a conhecer concretamente a realidade económica de Portugal a Luxemburgo e vice-versa e apresentar as oportunidades de investimento e negócio às empresas e indivíduos relevantes será certamente um desafio que requer empenho de ambas as partes. Um outro desafio a ter em conta não é exclusivo apenas de Portugal, Luxemburgo ou Bélgica, mas sim de todo o mundo: fatores externos e geopolíticos, tendo sido estes colocados em grande evidência nos últimos anos.