Joana Resende é Broker e Arquiteta. O que a define enquanto mulher e profissional?
São condições indissociáveis. A profissional define-me enquanto mulher, e a profissional que sou, só o consigo ser por ser mulher.
Na minha atividade, enquanto líder de uma empresa que conta com 65 pessoas penso que o facto de ser mulher ajuda muito na forma de lidar diariamente com todas elas. Faz diferença o lado maternal com que se diz o bom dia, ou como se dá o abraço ou o sorriso, como se lida com os conflitos ou com a competição.
Como mulher, a vida profissional intensa interfere muito. Sou casada e mãe de duas filhas pequenas (seis e quatro anos). Da mesma forma intensa com que vivo o trabalho, quero viver a vida familiar. E para isso, os períodos de descanso são escassos. Durmo muito pouco, descanso muito pouco, mas a vivacidade e alegria delas valem tudo.
O seu percurso profissional está muito ligado à Engenharia, Arquitetura, Construção e Imobiliária, estou correta penso. Enquanto profissional o que a fascina mais nestas áreas?
Desde criança que soube sempre que queria ser Arquiteta. O meu pai é Engenheiro civil, o meu avô paterno trabalhou na área, e por isso sempre me fascinou o desenho, a construção da habitação para as pessoas, a organização das cidades. Mais tarde, quando fui para a Faculdade de Arquitetura (FAUP), vivi o curso com muita intensidade. Foram seis anos de imensa aprendizagem, onde me apaixonei essencialmente pelas questões da História e do Património. Sempre achei que a minha vida profissional passaria pela carreira académica, mas foi por um caminho completamente diferente.
Após dez anos dedicados exclusivamente à Arquitetura, eu e o meu marido (que é meu sócio) decidimos adicionar a Mediação Imobiliária aos nossos serviços. E foi quando me rendi… apaixonei-me por esta atividade de uma forma muito intensa. Realizou-me pessoal e profissionalmente, e tenho a certeza que é essencialmente por fazer aquilo que me dá mais prazer: lidar com pessoas.
Quais são os seus maiores desafios a nível pessoal e profissional?
A nível profissional os maiores desafios são os maiores prazeres também: as pessoas. Criar uma equipa, motivar e mimar essa equipa dia-a-dia, gerir os seus inevitáveis conflitos, e lutar diariamente por uma filosofia de entreajuda, de coesão. A nível pessoal é conciliar o turbilhão da minha vida profissional com o meu papel de mãe. Tento ser uma mãe presente e participativa na vida das minhas filhas, e trabalhando mais de 12 horas por dia, muitas vezes ao fim de semana também, não é fácil. Mas tenho conseguido (com muitas noites mal dormidas), e isso é muito gratificante.
Que competências tem vindo a acrescentar à sua “bagagem” com estes anos de experiência?
Ganhei muitas competências técnicas durantes os anos que estive dedicada à Arquitetura e à Construção. Mas como empresária, confesso que cresci mais nestes quatro anos na mediação imobiliária. No início da atividade foram momentos de grandes desafios económicos, e ao longo destes anos muitos tenho crescido e aprendido muito ao trabalhar com muitas pessoas. Eu não sei dar-me em metade, ou aos poucos. E isso causou-me algumas desilusões. Aprendi por isso que nem todas as pessoas são iguais, mas que não é por isso que vou deixar de ser quem sou e de me dar desta forma. É o dar-me por completo que me identifica e que me trouxe até aqui. Posso ter-me magoado, mas levantou-me mais ainda. Trabalho para as pessoas, e elas seguem-me por isso. Ser mulher e empresária na Century 21 Arquitetos e na ART3 Arquitetos representa quem eu sou. Identifica-me. Abri a empresa aos 26 anos, e hoje com praticamente 40, não sei existir sem ela.
Onde quer chegar? Como quer chegar? Ao que ainda lhe falta chegar?
Estou neste momento com um propósito na minha empresa que é a de dotar das ferramentas, da formação e do Know-how necessário para se afirmar como a melhor empresa de Mediação Imobiliária para se trabalhar no Norte do país. Para isso, faço questão de oferecer à minha equipa a melhor formação e a mais especializada, as ferramentas mais vanguardistas e mais atualizadas do mercado, e aquilo que o mercado internacional nos vai ditando como sendo o futuro da atividade. Quero mudar a vida de quem trabalha comigo. Quero que sejam tão felizes a trabalhar como eu, e que possam realizar os seus sonhos. A médio prazo, gostava de poder contribuir para a maturação da atividade imobiliária nacional. Gostava de saber que caminhamos para uma realidade mais próxima a países como o Canadá ou os Estados Unidos, e gostava de participar e de ter voz ativa nesse processo.
Que mensagem gostaria de deixar às mulheres que têm medo de arriscar no seu próprio negócio?
Não é o nosso sexo que nos define. É a nossa personalidade, a nossa tenacidade e sagacidade. Se temos um objetivo de vida, um sonho e uma carreira a cumprir, é rodear-nos das pessoas certas, ouvir os conselhos de quem sabe, aprender tudo o quem se pode aprender sobre esse negócio, e avançar. A partir daí, nunca pensar que o nosso trabalho está feito. Nunca está. É um investimento e uma aprendizagem constante.
No Dia Internacional da Mulher que mensagem deixa a Joana ao público feminino?
Não há nada de impossível nas nossas vontades. Desde que haja amor e tenacidade nas nossas ações, podemos ir onde quisermos.