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“Quando privilegiamos o Sono estamos a contribuir para o nosso bem-estar Psicológico”

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“Quando privilegiamos o Sono estamos a contribuir para o nosso bem-estar Psicológico”

A Clínica Teresa Rebelo Pinto – Psicologia & Sono, fundada em maio de 2021, – e sendo, portanto, uma pioneira na área da psicologia do sono – dispõe de uma equipa multidisciplinar de psicólogos, médicos e outros profissionais que atuam na área do sono e do bem-estar psicológico. É uma marca que investe na promoção da Saúde Mental e da qualidade do Sono, com uma abordagem holística que integra valências de natureza clínica, formativa, educativa e comunitária. Isto porque, “a psicologia está ligada à Medicina do Sono há muito tempo, mas enquanto área de especialidade autónoma está ainda a crescer. A criação deste projeto parte da necessidade de criarmos um núcleo com uma equipa especializada, que ajude a tornar a psicologia do sono uma área central no apoio às pessoas que têm problemas de sono e que não seja vista apenas como um ramo dentro da medicina do sono. Ambas as áreas são absolutamente complementares, não há eficácia no tratamento dos problemas do sono com uma abordagem exclusivamente psicológica, nem com uma abordagem exclusivamente médica, portanto temos este objetivo enquanto clínica: ajudar a fazer crescer a psicologia do sono enquanto área de intervenção especializada, sempre em articulação com outras áreas”, inicia a fundadora Teresa Rebelo Pinto.
A pandemia que a sociedade atravessa há dois anos, trouxe o dever, a cada pessoa, de se olhar como um todo, e muito tem vindo a mudar o paradigma da Saúde Mental e a preocupação com a mesma. A sensibilização e o trabalho preventivo nesta área são alguns dos focos da Clínica, cujo trabalho se desenvolve em diversos contextos. A abordagem destes profissionais é realizada em diferentes atividades, mantendo uma atitude personalizada. Isto é, cada caso é um caso. Segundo a interlocutora, as ações da sua equipa podem incluir “a componente clínica, projetos na comunidade, projetos educativos ou atividades formativas, tanto para profissionais como para empresas que queiram melhorar as condições ligadas a estas áreas”. Neste sentido, “este ano fizemos uma campanha de sensibilização de rua, – com vários anúncios e mensagens – com o intuito de chamar a atenção para os riscos que a sociedade corre quando não valoriza o sono, nomeadamente o risco de acidentes. A nossa campanha alertava precisamente para a necessidade que existe em fazer rastreios do sono que são muito importantes, mesmo sem uma queixa muito grave. Há vários problemas do sono, cujos sintomas não são facilmente detetados pela própria pessoa, mas sim por quem a rodeia”, sustenta, acrescentando que “dormir, não é de todo uma perda de tempo porque quando privilegiamos o sono estamos a contribuir para o nosso bem-estar psicológico”.
A boa notícia é que, por serem uma equipa pioneira nesta temática, os resultados de todo o trabalho que tem vindo a ser realizado são em tudo positivos – o que enche de orgulho Teresa Rebelo Pinto. “Hoje ouço relatos que há dez anos não ouvia. Neste último ano, o balanco que faço é que hoje em dia recebo pessoas que já me dizem que os seus médicos as recomendam a ir a uma consulta de psicologia do sono, que é algo que não acontecia antes. Nós trabalhamos com todas as perturbações de sono, desde o bruxismo, à apneia, às insónias, entre outros. É importante saber que existem aspetos psicológicos essenciais em cada uma das doenças do sono”, confidencia.

A arte de saber desligar

Os efeitos negativos da privação de sono estão bem documentados, incluindo o profundo impacto na saúde mental e no bem-estar psicológico, e é, portanto, fundamental saber quando é a hora de “desligar”. Certo é que inevitavelmente perpetua-se uma ligação entre estes três fatores, que se complementam entre si. Segundo Teresa Rebelo Pinto, “estão perfeitamente interligados, de tal forma que uma das coisas que os liga é por vezes a desvalorização que as pessoas fazem dessas áreas. Há uma tendência para deixar para o fim das prioridades as questões ligadas ao sono e à saúde mental. Muitas vezes há um estigma, a ideia de que os problemas de sono e de saúde mental com o tempo acabam por passar, ou que é normal dormir mal ou ter ansiedade, e de facto, o que procuramos transmitir é exatamente o inverso. Porque um problema de sono ou saúde mental, quando não é identificado e tratado precocemente tem tendência para agravar com consequências bastante sérias na vida das pessoas”.
Sendo cada vez mais evidente que a falta da qualidade do sono influencia a saúde mental da sociedade, é importante deixar a ressalva de que quando não se dorme e descansa em condições, existe um risco acrescido de desenvolver problemas de psicopatologia, nomeadamente a tendência para problemas de ansiedade, depressão e instabilidade emocional. “As pessoas ficam mais reativas, impulsivas e menos empáticas, o que representa consequências bastante graves do ponto de vista do relacionamento interpessoal, do ambiente nas famílias e nos próprios locais de trabalho. Portanto, tem muito impacto na saúde mental e nas relações com os outros, porque as pessoas quando dormem bem vivem e relacionam-se melhor”, sustenta a entrevistada.
A verdade é que, apesar deste ser um tema cada vez mais debatido, ainda não se presta a devida atenção às questões da Saúde Mental, e é, portanto, urgente alterar esta visão, uma vez que “temos que ter consciência de que o sono é um pilar da saúde mental a par da nutrição e do exercício físico, não se pode pensar em investir nessas áreas sem investir no sono e na saúde mental. Tenho sentido que as pessoas falam cada vez mais sobre o assunto, mas nem sempre têm uma consciência real do que significa a pessoa fazer um investimento na sua saúde mental, portanto ainda estamos numa fase muito inicial. É muito relevante começarmos a dar espaço aos aspetos que sabemos que são importantes para mantermos a saúde mental nos nossos trabalhos, nas nossas famílias e perder o estigma de assumir quando precisamos de tempo para nós, de ajustar os nossos horários ou o ritmo de trabalho, quando desligamos os telefones à noite e não termos vergonha de assumir”, argumenta a Psicóloga e Somnologista.

Mudança de paradigma

É perfeitamente legítimo afirmar-se que para uma melhoria significativa na qualidade do sono, é essencial que algumas lacunas ainda presentes na sociedade sejam colmatadas. Mas de que forma se pode alterar esta realidade? Teresa Rebelo Pinto acredita que deve fazer-se, essencialmente, uma intervenção precoce, porque “em Portugal as pessoas esperam pelo desespero para pedir ajuda”.
“Há outro aspeto que está relacionado com os horários. O horário nobre na televisão portuguesa é tardíssimo. Os adolescentes entram na escola muito cedo. Portanto há aqui algumas alterações que poderíamos fazer, como também é o caso da rotação adequada de horários nos trabalhos por turnos. Outra alteração necessária passa por introduzir o sono nos currículos escolares. Precisamente para que desde cedo as crianças percebam que dormir é um tempo em que tudo acontece dentro do nosso corpo e em particular, dentro do nosso cérebro”, garante.
E porque ter saúde é muito mais do que não ter doenças, é fundamental identificar precocemente sinais de alerta nas diferentes vertentes. Para isso, a equipa da Clínica especializada em sono e saúde mental, oferece dois tipos de check-up que permitem avaliar e fazer recomendações específicas nestas áreas às quais nem sempre se presta a devida atenção. “Esta nossa metodologia inovadora consiste numa avaliação clínica aprofundada sobre todos os aspetos que podem estar a interferir na qualidade do sono. Através dessa avaliação que inclui também escalas de avaliação específicas, um especialista em sono elabora um relatório estruturado em diferentes áreas e focado nos fatores protetores e fatores de risco para o sono. Assim, no final podemos mostrar às pessoas quais são os aspetos que estão bem e quais os que precisam de intervenção e que tipo de intervenção é mais adequada para o seu caso. No Check-up bem-estar psicológico, o objetivo é avaliar tudo o que pode estar a comprometer a qualidade de vida, a realização profissional ou projeto de vida, ou seja, todas as áreas que podem ajudar a pessoa a sentir-se com maior bem-estar psicológico. Esta é uma forma muito interessante de introduzir a intervenção precoce e de diminuir o estigma, ou seja, não é necessário existir uma queixa especial para realizar um check-up sono ou um check-up bem-estar psicológico”, assegura a fundadora.

Saúde Mental e Qualidade do Sono como prioridade em Portugal

Apesar de este ser ainda um caminho longo a percorrer no nosso país, esta é a Clínica que mostra oportunidades únicas de acelerar este processo. Se para Teresa Rebelo Pinto a velha máxima de que “o barato sai caro” faz todo o sentido, significa que as pessoas têm, ainda, alguma relutância em fazer um investimento na sua Saúde Mental e na Qualidade do Sono. A mesma afirma que “se alguém com queixas de sono não sabe quem deve consultar, a psicologia do sono ocupa-se disso, ajuda a identificar o percurso terapêutico mais indicado para cada pessoa e a fazer a ligação entre as diferentes especialidades envolvidas, se houver necessidade de recorrer a mais do que uma”.
Em tom de alerta à sociedade e para que este seja um tema com um futuro muito mais debatido, a Psicóloga e Somnologista finaliza acrescentando que “as pessoas não devem ignorar os sinais. O que eu desejo é poder contribuir para que as pessoas daqui a uns anos não tenham dúvidas sobre o que é ter um problema ligado ao sono e à saúde mental. Se as pessoas ignorarem os sinais, o que vai acontecer é que vão precisar de um sinal mais grave para poder olhar para estas questões”.