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StonebyPORTUGAL SUMMIT – O que dizem os oradores

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StonebyPORTUGAL SUMMIT – O que dizem os oradores

João Dias, Board Member AICEP
“Este é o sétimo setor exportador a nível mundial, e o terceiro europeu, com uma evolução positiva das exportações, a tendência é claramente de crescimento contínuo. A inovação tem sido um movimento muito inteligente deste setor. Associar-se ao design, a grandes arquitetos e artistas, para criar obras de referência”.

Guta Moura Guedes, Chairwoman ExperimentaDesign
“Para mim, a matéria-prima prioritária é a criatividade e a cultura em constante transformação. É encantador promover esta cultura magnífica da Pedra em Portugal e no estrangeiro, que se reflete positiva no panorama transnacional e presente nos mais variados eventos em qualquer parte do mundo”.

Carlos Cardoso, Vice-Presidente CIP
“A crise energética é uma crise que estava anunciada, e além disso, é uma crise em que cada um per si não tem capacidade de interferir na mesma crise. Portanto, tem que ser algo feito em conjunto, e é para isso que a CIP tem desenvolvido várias medidas e tem lutado para sensibilizar o governo no papel do ministro do ambiente e transição energética, de que isto é um problema transversal e afeta todos os setores”.

João Pereira, CEO Master Vantagem
“Além de toda a crise, há um fator que é tremendamente determinante, que é o facto de que o mercado e a forma como ele está estruturado veio agora mostrar que tem uma fraqueza. Não faz sentido que uma tecnologia não renovável esteja a ditar o preço das outras todas. Um dos problemas que está a originar estas divergências é a dependência que Portugal ainda tem (bem como o resto da europa), mas por outro lado, o planeamento que é necessário fazer”.

Nuno Santos, General Manager Ibero Logística e Trânsitos
“Tem sido notória a evolução formidável quer a nível da industrialização quer a nível da parte tecnológica, da exposição e valorização das marcas de todos estes arquitetos que criam valorização da Pedra em Portugal. Temos que ter presente que cada vez mais, ter uma palavra de decisão no transporte é fundamental”.

Manuel Rocha, Vogal Assimagra
“O dia a dia deste setor é feito de coisas menos belas, que não se veem, e que faz com que as empresas tenham que lutar muito para combater as adversidades que se lhe vão colocando. O aumento dos preços da energia é um problema que se coloca hoje com um peso enorme, mas já havia antes alguma discriminação negativa quando comparado com outros setores em outros países. Apesar de todas as adversidades este setor tem crescido e tem sido capaz de ultrapassar e mitigar muitos dos problemas que se colocam no caminho”.

Nuno Moreira, Diretor Stanton Chase
“Existem dentro deste setor duas grandes dimensões: aquilo que podemos fazer e aquilo que não conseguimos fazer por circunstâncias exteriores. Estas circunstâncias exteriores são graves, porque nós somos o 4º país com a população mais envelhecida, mas por outro lado, cada vez mais a população ativa diminui e é difícil contrariar isto. No entanto, há algo que efetivamente conseguimos fazer que é valorizarmos e formarmos as nossas pessoas”.

Diogo Bhovan, CEO CRON
“Muito se tem falado acerca de inovação, é-nos apresentada como a solução milagrosa e associado a ela estão conceitos como indústria 4.0”, “transformação digital”, mas é importante perceber qual a diferença entre estes termos. Inovação, tipicamente é caracterizada como uma novidade ou uma melhoria que vai gerar valor para as pessoas ou organizações. Mas as pessoas pensam que inovação é tecnologia… Não é, nem precisa de ser. A inovação é apenas resolver um problema antigo com uma solução nova. Atualmente em Portugal, a maturidade das empresas ao nível da indústria 4.0, é muito baixa. O que está a falhar? Numa abordagem com algumas empresas da indústria da Pedra, tentei perceber quais as dificuldades para a transformação digital e elas são: não ter uma estratégia definida para a indústria 4.0; necessidade de consolidar a 3ª revolução industrial antes de se pensar na 4ª; desconhecimento de como captar novos recursos humanos ou capacitar os existentes para as novas tecnologias; falta de recursos financeiros para investimento em iniciativas de longo prazo; e uma grande dificuldade em perceber quais os benefícios e os impactos que a inovação e transformação digital podem trazer”.

Marta Peres, Executive Manager Cluster Mineral Resources
“Uma empresa que já trabalhe com indústria 4.0 e acompanhe a transformação digital, já tem mais receitas e já tem mais redução de custos. Para uma empresa, o que mais importa, em primeiro são as pessoas, mas para poder dar atenção as pessoas e aos mercados é preciso ter receitas e reduzir custos. Se reduzirmos custos e aumentarmos receitas e ainda oferecer ao mercado um produto melhor, estamos a ser mais competitivos. Este setor desde 2004 está a fazer o caminho da automação, as pessoas não estão habituadas a que este seja um setor moderno e sexy, mas a verdade é que somos, e esse movimento está a acontecer desde 2004. O nosso setor já está ao nível da indústria 4.0 e da digitalização”.

Pedro Amaral, Vice-Presidente IST/StoneCiti
“Numa escala relativa, a diferença entre uma empresa automatizada depende de onde estamos na fileira. Hoje o setor da Pedra Natural, tem vários exemplos de empresas e fábricas, a caminharem com um roadmap muito estruturado, e isto significa que as que se atrasaram mais está afastada do caminho desta revolução? Não. Pelo contrário, estas empresas mais afastadas, até podem dispor neste momento da experiência das outras. Todos os erros e os investimentos falhados, resultam em tecnologias e soluções muito mais otimizadas. É evidente que na última década, deram-se passos evolutivos muito grandes, portanto diria que para que todas as empresas se tornam automatizadas, é preciso definir uma estratégia, e também investimento, que é fundamental”.

Pedro Cilínio, Diretor IAPMEI
“O desenvolvimento de novas tecnologias tem sido muito importante para o setor. Não creio que faça sentido uma empresa procurar ter todas as competências da indústria 4.0 porque é impossível”.

António Henrique Almeida, Business Developer INESCTEC
“A transformação digital nas organizações tem de se focar em perceber como é que uma organização vai acrescentar valor. Quando olhamos para o leque de tecnologias da indústria 4.0 nenhuma foca em pessoas, o que é um erro. Porque as pessoas são os agentes mais ágeis do sistema de produção. Há uma falha no nosso sistema que podemos corrigir que tem que ver com o processo de treino avançado das pessoas. Falta formação avançada em indústria 4.0, as pessoas não têm que ser expert em inteligência artificial, mas precisam de saber as bases e perceber que problemas podem resolver com ela”.

Victor Francisco, Project Manager CTCV
“Conseguimos nos dois últimos anos funcionar em teletrabalho porque as redes funcionaram bem. Nenhum de nós pode falar sobre transformação digital, se não existir conetividade. A questão da conetividade é um problema. O nosso território, continua a ter muitas zonas onde não existe cobertura de internet e essas empresas irão diretamente do 3G para o 5G. A disponibilização de bibliotecas digitais antecipa também aquilo que será no futuro a obrigatoriedade do mercado. Existem ferramentas muito boas de avaliação da maturidade digital. Tudo começa pela definição de uma estratégia, que pode ser de longo prazo. Sabemos que estão para chegar apoios substanciais para esta área da digitalização, mas tem que se ter uma estratégia definida”.

Marisa Almeida, Responsável da Unidade Ambiental CTCV
“A população efetivamente tem aumentado e quando comparamos o crescimento da população com o crescimento da economia verificamos que a economia cresceu cerca de quarenta vezes mais”.

Nelson Cristo, Director, International Affairs & Project Manager ASSIMAGRA
“Os principais constrangimentos no acesso ao recurso são a grande procura da indústria extrativa, chega-se a um esgotamento muito rápido das áreas licenciadas, constrangimento também ao nível da capacidade investimento das empresas, elevados impactos ambientais, falta de articulação entre exploradores e as entidades gestoras do território e falta de colaboração interempresarial”.

Luís Martins, Presidente Cluster Mineral Resources
“As atividades que permitem aproveitar e abastecer a sociedade como é o caso das pedreiras e minas, não podem ser deslocalizadas, portanto isto é uma questão muito importante no que diz respeito ao acesso ao território. O setor da Pedra Natural é o setor que em Portugal melhor retrata o que é a evolução de uma cadeia de valor mineral, numa altura em que infelizmente a guerra nos mostrou o quão importante é termos na Europa cadeias de valor minerais e de recursos que nos permitem um abastecimento estratégico e autónomo à mesma. A Pedra Natural é o melhor exemplo que temos disso, em termos de recursos naturais no nosso país. Há 25 anos limitávamos-nos a exportar blocos e chapas, mas neste momento, produzimos produtos finais dos melhores do mundo. Este setor permitiu a Portugal aproximar-se de um valor de exportação perto dos 500 milhões de euros. Tudo isto não seria possível se a indústria não tivesse acesso ao território e este acesso ao território é fundamental na nossa qualidade de vida”.

Mário Machado Leite, Vogal LNEG
“O LNEG como principal entidade nacional produtora de conhecimento geológico tem um papel fundamental nas políticas e planos de licenciamento e tudo o que respeita aos recursos geológicos, e neste caso aos recursos minerais. De facto, o setor da Rocha Natural tem uma grande proximidade ao LNEG e o LNEG tem uma grande proximidade a este setor, desde as instituições passadas da qual hoje o LNEG é o atual “herdeiro” de toda essa cooperação institucional que tem ajudado a constituir este cenário que todos vivemos. Foi feita no ano passado uma revisão geral de toda a cartografia geológica dos recursos corporizada em oito mapas que cobrem o país inteiro e também foram revisitadas todas as áreas que estavam consignadas em potencialidades de recursos não metálicos. Hoje, qualquer pessoa pode através do telemóvel entrar em LNEG Geoportal e nesse site, existem dois pontos importantes: o visualizador de mapas, onde se tem acesso a toda a cartografia do LNEG; e ainda tem uma aplicação que pode ser descarregada com a vantagem de que a partir dela os mapas do LNEG ficam todos acessíveis ao GPS dos telemóveis”.

Paula Dinis, Engenheira de Minas DGEG
“Deve-se planear e gerir de forma integrada os recursos geológicos, é importante ter medidas concretas inseridas nos eixos do sistema natural e sistema económico. Os Planos Diretores Municipais são o nível em que a DGEG mais participa e vê resultados ou não relativamente à questão da ocupação do território e à compatibilização da atividade do setor dos recursos geológicos. Devemos salvaguardar áreas onde sabemos que existe potencial para a ocorrência de recursos minerais mesmo que naquele momento não estejam a ser aproveitados e explorados”.

Miguel Goulão, Presidente ASSIMAGRA
“Sendo este o primeiro encontro da Pedra Natural não posso deixar de fazer uma referência àqueles que no passado contribuíram para aquilo que hoje é o setor. Hoje este setor é grande porque muitas mulheres e homens fizeram muitos sacrifícios ao longo da sua vida, para nos ajudarem a estar aqui hoje”.

Margarida Sousa, Managing Partner Dimpomar
“O nosso setor, da Pedra Natural, tem um fascínio muito próprio e tem um potencial como produto, gigante. Ideias não faltam, nem nunca vão faltar, seja por via de produtos que trazem uma construção mais sustentável, seja pela lógica da beleza e do design, seja pelas novas geometrias e habilidades tecnológicas associadas à transformação da pedra, seja por produtos focados nesta lógica da economia circular, seja porque nós somos humanos e se já fizemos tudo isto, de certeza que ideias não vão faltar. Há três problemas que gostava de ver ultrapassados: o primeiro a nível da formação, o das análises laboratoriais, e também a unificação ou distribuição mais clara da função e papel de cada entidade no setor, seja a nível de empresas, seja a nível das associações e das entidades”.

Filipe Sobral, Administrador Polimagra
“Há boas perspetivas no que diz respeito ao granito. Os mercados estão cada vez mais a procurar granitos, e temos sentido isso. Temos vários problemas, nomeadamente a falta de matérias primas, que tem vindo a aumentar cada vez mais. Há muitas empresas que se têm preocupado muito na transformação e têm-se esquecido das matérias primas. Em relação ao futuro, sou otimista. A estabilidade para as empresas e indústrias é o mais importante, tanto a nível de estabilidade política, governamental e fiscal. Porque as empresas sem estabilidade não conseguem fazer projeções”.

Filipe Miguel, CEO Marfilpe
“A pedra é muito importante e esta aposta na tecnologia ajuda a não estagnar. Quem tiver acesso aos recursos num futuro próximo tem sempre uma possibilidade diferente de concorrer a nível mundial. Acredito que num futuro próximo, se tivermos uma indústria limpa, mais facilmente captamos pessoas para trabalhar, porque se as pessoas tiverem a ideia de que a indústria da pedra é aquela indústria que tem lama e que se faz muita força, não será possível. Hoje as pedreiras estão cada vez mais bem organizadas e têm tecnologia”.

Luciano Santos, CEO Pedra de Toque
“O futuro passará muito pelo desenvolvimento do digital em todos os processos. Há outro processo muito importante também que é a comercialização. A parte do marketing digital merece também um trabalho exaustivo. O nosso setor deve cada vez mais investir nesta área, é por aí que vamos mostrar ao mundo o que é a Pedra Portuguesa, uma das melhores reservas a nível mundial. O nosso setor tem uma imagem muito complicada, temos sido sempre associados à poluição, e é muito importante que se saiba que há muitos materiais de construção que toda a gente conhece, que são muito mais poluentes do que a própria Pedra Natural”.

Ricardo Filipe, CEO Filstone
“A Filstone tem vindo a desenvolver um conjunto de esforços para dar um futuro ao setor em Portugal, e efetivamente temos que deixar os tabus para trás. Não nos podemos esquecer nunca de que o setor extrativo há 30 anos era um setor escravo, com muito trabalho braçal. Sei que temos um futuro brilhante se soubermos aproveitar aquilo que aqui estamos a fazer. Espero que este seja o primeiro de muitos eventos pra que o Governo possa entender a nossa importância, e para que possamos efetivamente ter futuro e ultrapassar esta questão no acesso ao território”.

Paulo Diniz, Administrador Mármores Galrão
“Hoje em dia, o mundo muda a um ritmo alucinante, mas eu imagino que se continue a utilizar Pedra Natural, portanto além dos projetos, imagino que passe a haver uma componente de venda online que vai ser importante. As novas gerações não consomem do mesmo modo que os mais velhos. Vamos ter que continuar a investir em tecnologia e em formação porque vamos precisar de pessoal especializado para saber operar essa tecnologia”.

Mauro Gonçalves, CEO ASG
“Acho que o futuro passa pelos jovens, e como jovem tenho que defender a minha geração. Infelizmente estamos a criar indivíduos que são academicamente muito bons, mas não conseguimos criar futuros empresários. Quem são os futuros empresários da Pedra? São os herdeiros e descendentes. Acho que o futuro tem que passar por essa educação e qualificação. Por outro lado, tem que se desmitificar a atratividade do setor. Isto é, o setor da Pedra ainda hoje é olhado de forma pouco bonita, mas todos juntos vamos criar uma marca à volta do nosso setor e torná-lo mais forte”.