“Num Centro de Formação como o CENFIM o ‘cliente’ são as Empresas”

CENFIM | José Novais da Fonseca, Diretor do Departamento de Gestão de Projetos desde 2011

1056

Como analisa o caminho do CENFIM no que diz respeito à formação? O que é que, na sua perspetiva, urge aprimorar atualmente?
Responder a esta questão sugere que se comece por distinguir a Formação Profissional, enquanto instrumento para a qualificação, do que é o ensino regular. Preparar as pessoas para a vida ativa, dotando-as de competências e atitudes é muito diferente de prover conhecimentos de modo mais abstrato. E estas distintas abordagens definem-se logo na missão das organizações de ensino. Numa escola, o ‘cliente’ é o estudante e esse contrato termina assim que a sua estadia académica cessa também. Num Centro de Formação como o CENFIM o ‘cliente’ são as empresas, que fundam o mercado de trabalho, o beneficiário é o formando, e o contrato de formação só é plenamente sucedido depois da integração do formando no mundo do trabalho. Aqui, o processo formativo, sendo o centro da nossa ação, toma um papel instrumental, tudo o que ensinamos visa o alcance das necessárias qualificações para a integração e o sucesso profissional dos nossos formandos.
Esta visão, distinta da visão ‘escolar’, obriga-nos a olhar para fora. Não é possível cumprir o desiderato da qualificação profissional, se não conhecermos profundamente o mercado de competências onde a mesma se irá inserir. Para simplificar diria que ao desafio pedagógico se têm sempre somado os desafios de natureza técnica. Num sector industrial (a metalomecânica) com forte matriz tecnológica é fundamental que o Staff do CENFIM domine as suas capacidades técnicas (o saber-fazer) para depois as poder partilhar através dos processos de geração de conhecimento.

Sabemos que o mundo de hoje é veloz, com inovações constantes. Assim, de que forma o CENFIM tem inovado os seus processos e metodologias de formação?
Os Projetos, enquanto espaços de gestão de trabalho onde são assumidos compromissos de recursos e de calendários de execução, adequam-se aos picos de mudança e têm sido um instrumento importante, na medida em que nos deslocam das nossas zonas de rotina para um território mais fértil de ideias e oportunidades. Desde 1989 que o CENFIM tem desenvolvido e participado em projetos técnicos e pedagógicos, internos e com entidades externas, na maioria dos casos, internacionais, e que hoje ultrapassam mais de uma centena. Alguns determinantes para um salto significativo dos nossos processos técnicos e pedagógicos.
Poderia evocar um vastíssimo número de projetos de inovação que temos pela frente, mas optarei pelo domínio da Educação Digital. Esta tem de ser considerada como mais que um mero slogan ou a aquisição massiva de equipamentos e infraestruturas digitais. Em primeiro lugar, consideramos que ela deve começar pela nossa própria transição digital. A mudança faz-se sempre de dentro para fora. Isto implicará fortes desafios, ao nível do alargamento das nossas competências, mas também com projetos de desenvolvimento que visarão implantar e integrar novas tecnologias, como a cibernética ao nível dos nossos contextos oficinais, o desenvolvimento de recursos digitais interativos e a inclusão de soluções de realidade aumentada e de inteligência artificial para apoio à aprendizagem, ou a continuação no investimento nas tecnologias emergentes, ao nível da maquinação CNC, da robótica colaborativa ou da fabricação aditiva, para trazer apenas alguns exemplos.