Por Analita Alves dos Santos
Jorge Luis Borges disse uma vez: «Sempre imaginei que o paraíso seria uma espécie de biblioteca». Borges sabia; os livros são uma fonte infindável de conhecimento que nos conduzem a paraísos inimagináveis.
Vivemos num mundo onde a leitura não é valorizada. As pessoas parecem estar mais interessadas em mensagens instantâneas ou vídeos virais do que em se encontrarem nas páginas de um livro. Ao ler, abraçamos ideias e pensamentos que de outra forma permaneceriam ocultos. Crescemos. Somos mais.
A leitura pode ser uma fonte de consolo em tempos difíceis. «Os verdadeiros paraísos são os paraísos que se perderam.», escreveu Marcel Proust. Quando nos sentimos perdidos ou desanimados, os livros podem oferecer-nos um refúgio, consolo, esperança.
Mas os livros não são apenas fontes de entretenimento ou lenitivo. São ferramentas essenciais para nos ajudar a entender o mundo. «A leitura é para a mente o que o exercício é para o corpo». O corpo precisa de treino, a mente precisa da literatura. Ao ler livros que abordam temas como política, economia e sociedade, tornarmo-nos cidadãos mais conscientes, envolvidos. Permanecemos despertos.
Nem todos os livros são fáceis. Como disse André Maurois, «a leitura de um bom livro é um diálogo incessante, em que o livro fala e a alma responde». Um diálogo que dói. Parar, olhar para dentro é corrosivo. Ler pode exigir muito, mas é um esforço meritório. Poderá essa voz interior ser desconfortável? Talvez. Mas o crescimento é definitivamente maior. De outra forma, a vida fica pela rama.
E desengane-se. Os livros não são apenas para quem tem tempo livre. São para todos e em todas as fases da vida. Há sempre tempo para repousar os olhos nas páginas. Há sempre algo novo para aprender e descobrir.
O que é um livro? Muito mais do que um objeto. É porta, fonte de prazer, consolo, um instrumento para nos tornar mais conscientes. É desafio para a mente. Para a alma.
Nunca é tarde para começar a ler, descobrir o mundo maravilhoso que os livros têm para oferecer.
Deixo-lhe seis sugestões de livros de escritores portugueses já folheados no clube de leitura «Encontros Literários O Prazer da Escrita» de que tenho a curadoria (procure-nos no Facebook e junte-se a nós; é gratuito e sempre será).
Eis, seis livros com vozes distintas e temáticas diferentes que adorará ler
Apneia, de Tânia Ganho — A história de uma mãe que luta pelo filho, até às últimas consequências. Um livro quase obrigatório.
Cadernos da Água, de João Reis — Mais do que uma distopia este livro poderá ser uma extensão do real. A história de um planeta terra onde a falta de água alterou a vida de todos. Espero que seja sempre apenas um excelente livro de ficção especulativa.
À Procura da Manhã Clara, de Ana Cristina Silva — O retrato da filha do último diretor da Pide, que abandonou tudo pela revolução cubana, na escrita envolvente de Ana Cristina Silva.
O Cardeal, de Nuno Nepomuceno — Passado entre Cambridge e a Cidade do Vaticano, inspirado em crimes reais, este thriller envolve-nos numa espiral psicológica perturbadora.
O Aliado Improvável, de Daniel Pinto — Uma história de espionagem, amor e traição. A missão que mudou o rumo da Segunda Guerra pelo olhar do jovem escritor Daniel Pinto, uma nova promessa da ficção portuguesa.
Pés na Terra, de Raquel Ochoa — Um livro que reúne as memórias de viagens aos cinco continentes pela premiada escritora Raquel Ochoa. Com «Pés na Terra» olhamos para o mundo contemporâneo como algo incrivelmente belo, mas também cheio de desigualdades e contradições.
«Ler é sonhar pela mão de outrem.» Fernando Pessoa