A Geocontrole conta com uma história de quase cinco décadas. Enquanto CEO da marca, como analisa a evolução da mesma ao longo dos tempos até ser, hoje, uma das principais empresas no panorama geotécnico em Portugal e uma referência incontornável no setor?
Ao longo destas quase cinco décadas temos tido a capacidade de perpetuarmos o legado mantendo os princípios, valores e a cultura da nossa constituição. Primamos pela inovação tecnológica, pelo rigor e qualidade no que fazemos, abrangendo todas as áreas da geotecnia, dando resposta a vários níveis e nas várias fases de realização de uma determinada obra. A inovação, o rigor e a capacidade de resposta tem-nos diferenciado das demais e este tem sido o nosso principal fator de sucesso. O crescimento da nossa empresa tem sido sustentável e progressivo. Com o processo de internacionalização, em 2009 conseguimos manter os níveis de crescimento que em Portugal não eram exequíveis.
Face à constante evolução das necessidades do mercado geotécnico e as mudanças tecnológicas ao longo do tempo, quais foram os momentos-chave em que a Geocontrole adaptou as suas estratégias para manter um crescimento sustentado e equilibrado? De que forma, essas mudanças contribuíram para se manter na vanguarda do setor?
Talvez tenha havido um momento certo para atuarmos, nomeadamente quando em “boa hora” decidimos internacionalizar a empresa. Deparamo-nos com algumas dificuldades e contratempos (já trabalhámos em 14 países) mas foi exatamente por via da internacionalização que conseguimos crescer. Aqui contribuiu muito a política financeira rigorosa que mantemos até aos dias de hoje e só assim foi possível ultrapassar com sucesso as dificuldades com que nos fomos deparando em alguns países onde atuámos. Hoje centramos a nossa operação em dois países para além de Portugal, no Brasil e em Moçambique.
Procurámos sempre estar na linha da frente da inovação tecnológica, procurando soluções que permitam dar resposta adequada às necessidades dos nossos clientes, mas acho que a nossa capacidade de adaptação a novas realidades e a novos mercados é que nos diferenciou.
Além disso, a Geocontrole tem um forte compromisso com a qualidade. Em que medida este ênfase se tornou uma parte fundamental da cultura organizacional da empresa ao longo dos anos? Como CEO, qual é a sua visão sobre o papel contínuo da qualidade e da inovação na garantia da empresa no futuro?
Curiosamente, a minha carreira profissional na Geocontrole começou nesta área. Implementámos um Sistema de Gestão posicionando-nos numa estratégia de visão de futuro e de persecução dos nossos objetivos sempre com rigor, competência e reconhecimento da nossa capacidade de trabalho. Temos de procurar sempre soluções que nos tornem cada vez melhores. Recentemente acrescentámos à qualidade também a forte preocupação com a segurança dos nossos colaboradores e com o meio ambiente. Se não o fizermos, estaremos a comprometer o nosso futuro e das próximas gerações. Este reconhecimento é extremamente importante para nós porque significa que estamos no caminho certo. As nossas unidades de Portugal e Brasil têm feito uma aposta fortíssima e temos investido para alcançar os objetivos desenvolvendo todas as nossas atividades com o nível de segurança e salvaguardando o meio ambiente onde operamos.
A Geocontrole oferece uma ampla gama de serviços, desde consultoria geotécnica até controlo de qualidade de materiais. Tendo em conta esta diversificação ao longo dos anos, quais diria que são as áreas de crescimento que vê como prioritárias para a empresa no futuro?
As principais áreas de crescimento são sem dúvida as soluções que vão de encontro às políticas de ESG. É através desta vertente que nos iremos diferenciar e potenciar o nosso crescimento.
Como líder da Geocontrole, a sua presença como Mulher no universo corporativo é inspiradora. Como observa o impacto da sua liderança feminina na marca ao longo dos anos?
Tenho-me dedicado nos últimos 15 anos à gestão na área financeira do grupo Geocontrole. Os princípios de atuação não são muito diferentes daqueles que sempre existiram na empresa, tivemos de nos adaptar às diferentes realidades que atuamos. Julgo que o mais relevante nesta liderança é a cooperação, a empatia e ser capaz de superar os desafios, caraterísticas marcadamente femininas.
Sabemos que a questão da igualdade de género é importante em todos os setores, inclusive no geotécnico. Como rosto principal da Geocontrole, que medidas implementou para promover a igualdade de oportunidades e garantir um ambiente de trabalho inclusivo?
A atividade geotécnica é maioritariamente desenvolvida por homens, porque é uma atividade bastante exigente fisicamente, no entanto temos vindo a desenvolver, conjuntamente com parceiros internacionais, uma nova metodologia que irá romper totalmente com este paradigma, promovendo assim igualdade para todos. Consideramos fundamental a diversidade e a igualdade trazendo também para esta atividade, vista como maioritariamente uma atividade para os homens, a oportunidade de incluir.
O Dia Internacional da Mulher, celebrado a 8 de março, é uma efeméride que destaca a luta histórica das Mulheres por direitos de igualdade em todo o mundo. Como líder empresarial e Mulher, qual é a importância desta data?
Acho muito importante assinalar esta data, mas ainda temos um longo trabalho a fazer. Ainda existem países no mundo, cada vez menos é verdade, onde as mulheres ainda não conquistaram o direito à igualdade, onde a cultura desses países não permite às mulheres o acesso à educação, por exemplo. Em Portugal fizemos muitas conquistas, mas ainda existe uma diferenciação no seio empresarial. Eu não senti essa diferenciação, por ser mulher e exercer este cargo, mas todos sabemos de alguns casos onde, por ser mulher, as oportunidades não são iguais. As mulheres em posição de liderança geram um impacto real na estrutura das organizações, trazem uma perspetiva mais humana, criativa e inclusiva.